A banda U2 fez um show no domingo (28) em Belfast, na Irlanda. Em um dado momento da apresentação, um de seus personagens mais antigos, o MacPhisto, surge fazer críticas políticas. O personagem de Bono existe desde a década de 90 e, em outros tempos, já criticou George W. Bush. Desta vez, foi a vez de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de Rodrigo Duterte, das Filipinas, e do recém-eleito no Brasil, Jair Bolsonaro.
“O que vocês estão olhando, Belfast? Vocês nunca viram um político antes?”, pergunta o personagem durante o show.
“Os demônios de MacPhisto estão tomando o poder ao redor do globo. Meu tipo de pessoa, como Donald, fazendo a América odiar de novo. Meu bonitão filipino, Rodrigo Duterte.”
“Mesmo hoje, nesse dia de eleição. Duzentos milhões de pessoas prestes a ter seu carnaval transformado numa parada militar por um homem chamado Capitão Bossa Nova. Bolsonaro, não esqueçam o nome. Muitos nomes, mas apenas um rosto. O meu.”
https://youtu.be/ktk3hzjvOCE
“Mac” vem de McDonalds, uma representação do capitalismo feita pela banda. “Phisto” vem de Mefistófiles, o demônio que faz o pacto com Fausto, da obra do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe. Fausto é um dos personagens mais complexos e conhecidos da literatura, que desiludido com o seu tempo, aceita o acordo com Mefistófiles.
O G1 confirmou a veracidade do vídeo com o autor, que estava presente no show na Irlanda. A autencidade também foi confirmada pela jornalista Fernanda D’Elboux Bottini. Ela trabalha para o site especializado “ATU2” e assistiu ao show no Brasil, por transmissão de sua rede de fãs.
“A gente transmite todos os shows simultaneamente, com ajuda da nossa rede de fãs da banda. E ontem eu estava escutando o show ao vivo. E eu escutei o discurso que ele fez na hora”, disse.
“MacPhisto fez muitas críticas no início do ano com o Trump, mas nunca tinha falado nada no Brasil até agora”.
O baixista o U2, Adam Charles Clayton, é casado com a advogada brasileira Mariana Teixeira De Carvalho. O empresário da banda, Guy Oseary, se casou recentemente com a modelo paranaense Michelle Alves.
Roger Waters
Nos últimos shows pelo Brasil, Roger Waters, ex-integrante da banda Pink Floyde, também se manifestou politicamente contra Jair Bolsonaro.
Na sexta-feira (26), um dia antes do show de Waters em Curitiba, a Justiça Eleitoral do Paraná mandou advertir as produções de grandes eventos sobre a restrição de manifestações político-partidárias em Curitiba a partir das 22h de sábado por causa da legislação eleitoral brasileira.
A decisão, assinada pelo juiz eleitoral Douglas Peres, foi baseada em um pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE) que citou especificamente o show do ex-Pink Floyd.
No pedido, o MPE pediu que todos os envolvidos no show, além do próprio Waters, fossem notificados sobre a proibição de exibir “dístico, hashtag ou qualquer outra conduta que configure propaganda de apoio ou de repúdio”.
Na decisão em que acata o pedido do MPE, o juiz explicou que, conforme a legislação eleitoral brasileira, qualquer manifestação eleitoral é permitida até as 22h do dia que antecede o pleito.
A coligação de Jair Bolsonaro (PSL) entrou com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a inelegibilidade de Fernando Haddad (PT), com argumento de propaganda irregular em favor do petista durante shows de Roger Waters, ex-integrante da banda Pink Floyd, no Brasil.
Segundo a ação, o cantor realizou um “gigantesco show” em São Paulo, no qual veiculou no telão a mensagem “#ELE NÃO”, que se tornou “instrumento de campanha negativa contra o candidato Jair Bolsonaro”. Além disso, diz que houve manifestações políticas em shows em Brasília e Minas Gerais.
A ação pede que Haddad e a candidata a vice, Manuela D’Ávila (PCdoB), sejam declarados inelegíveis por oito anos. Neste domingo (29), o ministro Jorge Mussi, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou que os produtores do show de Roger Waters, ex-integrante da banda Pink Floyd, no Brasil, apresentem suas defesas.