Foi sepultado ás 11h da manhã desta terça-feira (21), no cemitério de Conceição do Coité, o corpo do engenheiro químico e diretor administrativo da Associação de Farmácias e Drogarias do Nordeste (ASSOFARNE – Rede Boafarma), Albérico Pinto Lopes, 60 anos.
Ele (dest.) que na juventude era conhecido por Dedé em Conceição do Coité, morava em Salvador ha mais de 40 anos. Assim que concluiu o curso de engenharia química, foi trabalhar em uma empresa no Pólo Petroquímico de Camaçari, depois conseguiu um trabalho em São Paulo e ao retornar para Bahia, entrou no ramo de farmácias, foi quando ajudou a formar a rede Boafarma. Ele era irmão do empresário Roberto Pinto Lopes.
O diretor, pouco vinha a Coité e da última vez, depois de seis anos ausente, passou o final de semana dos dias 11 e 12 de dezembro visitando diversas casas de parentes e esteve nesta mesma clinica do sobrinho onde foi velado parabenizando pela estrutura. “Ele era sério, alegre, trabalhador e no sábado foi a minha casa, olhou vários álbuns com fotos da nossa família, lembrou dos seus pais ao vê alguns móveis que pertenciam a eles e hoje estão comigo. ” Tenho a consiência tranquila que nem tudo que a imprensa fala negativamente dele é verdade.
Ele será inesquecível e não entendemos com fez isto, pois era uma pessoa boa”, falou ao CN a irmã de criação e prima de primeiro grau, Eurenice Lopes do Carmo.
O fato – Albérico, cometeu suicídio, após assassinar o presidente da associação, Waldir Mattos Régis, de 71 anos. Os crimes aconteceram às 10h da manhã de segunda-feira (20) na sede da entidade, localizada na Rua das Acácias, Caminho das Árvores, Bairro da Pituba. Waldir Mattos Régis chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Como aconteceu o crime – Quando a polícia chegou à sede da rede Boa Farma, a porta de acesso a sala do presidente estava trancada por dentro e de fora, ouvia-se um gemido, foi quando os policiais arrombaram e deram de cara com os dois ensanguentados. Waldir agonizava sob a mesa de trabalho com uma perfuração na cabeça e imediatamente uma guarnição da polícia prestou socorro levando para o HGE. Já Alberto, estava sentado numa cadeira, coma a cabeça virada para o lado direito, a boca sangrando e o braço direito estendido em direção á arma caída ao lado.
Antes de entrar na sala do presidente, Albérico brincou com a copeira, tomou um cafezinho e perguntou onde Waldir (foto) estava. Sabendo da divergência entre os dois, ela disse que não sabia e aproveitou de um descuido de Alberto, foi até um colega e pediu que avisasse que ele queria falar com o presidente. “Não conseguir interfonar e quando demos conta, só ouvimos os disparos e sentimos um forte cheiro de pólvora e a moça que era entrevistada saindo aos prantos e dizendo que mataram Walmir”, contou um funcionário da entidade que não quis se identificar. A arma utilizada no crime foi um revólver calibre 38, com numeração raspada.
De acordo com o delegado plantonista da 16ª Delegacia da Pituba, André Carneiro, por volta das 10 horas do dia do crime, Albérico foi até a sala do presidente e matou com três tiros o presidente, Waldir Mattos Régis e depois, o acusado teria se suicidado.
Ainda segundo a polícia, a principal testemunha é uma pessoa que estava sendo entrevistada pelo presidente e assistiu toda a violência, mas nada sofreu, apesar de estar sentada na frente da vítima. Outras pessoas afirmaram terem ouvido uma voz de mulher pedindo para que a discussão parasse. De acordo com Carlos Brandi, vizinho da sede da empresa, uma mulher teria gritado, antes dos disparos: “faz isso não”.
Os funcionários da empresa, após ouvirem os tiros, correram para a sala do presidente e se depararam com a trágica cena. Waldir ainda foi socorrido pelos militares da 13ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas morreu antes dos primeiros socorros. Albérico teve morte instantânea.
A polícia também já sabe que, há pelo menos seis meses, existia uma desavença entre os dois. “Pelo que parece, Albérico não estaria sendo apoiado pelo Waldir para as próximas eleições”, disse o delegado Carneiro. Há informações de que Albérico teria sido dono de uma rede de farmácias, mas perdeu o patrimônio. Teria conseguido voltar ao meio com 5% em uma farmácia na cidade, e pretendia disputar as eleições marcadas para os dias 23, 24 e 25 de janeiro próximo.
Eleição pode ser a causa do crime – Funcionários da rede, que conta com 116 farmácias na cidade, disseram que Albérico e Waldir discordavam sobre a eleição da nova diretoria da rede. Segundo Milton Mutti, assessor do presidente, este foi o motivo da tragédia. “Agora mesmo, ia ter eleição, para presidir de novo a rede. Ele foi impossibilitado de ser candidato por ser inadimplente, por não ter farmácia. Então ele (Albérico) ficou sem poder competir. E a loucura dele foi justamente essa. Ele dizia que se não podia o outro também não iria ser nunca”, afirmou.
Na tarde de segunda-feira, o Focus preto, placa JSE-2078, do presidente da rede, continuava na garagem da empresa. “Os funcionários deixaram o local assim que o corpo de Albérico foi removido para o Instituto Médico Legal”, informou uma vizinha, dizendo-se ainda chocada com o crime registrado pela manhã.
A polícia apreendeu na empresa a arma do crime, o laptop da vítima, além de uma CPU de computador onde estariam imagens do assassino chegando ao local. Waldir Régis era proprietário das farmácias Asa Branca no bairro do Campo Grande, e Rebote, na Avenida Paulo VI, na Pituba. Participou da vida pública em Salvador entre os anos de 1989/1993, como vice-prefeito de Fernando José, e durante dois meses foi reitor da Faculdade Dois de Julho.
Segundo ex-alunos, sua curta administração gerou, inclusive, uma mobilização de estudantes. A vítima foi ainda superintendente do Banco do Nordeste do Brasil, onde se aposentou.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas