O corpo de um homem de identidade ignorada, aparentando 25 anos, encontrado por volta das 07h30 de sexta-feira, 31 de dezembro, no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador e que se encontrava no Instituto Médico Legal (IML) sem identificação, foi reconhecido na tarde deste sábado (15). Trata-se do coiteense Cristiano Souza Fonseca, 24 anos. Wellington Moreira Fonseca, irmão da vítima, fez o reconhecimento e relatou que o mesmo estava desaparecido desde o dia 29 de dezembro, depois de deixar o Centro de Recuperação Arca de Deus, mantido por uma Igreja Evangélica, na cidade de Simões Filho.
De acordo com informações da Centel (Central de Telecomunicações da Polícia Civil e Militar), a vítima foi morta a tiros e foi encontrada na Rua Tiro Segura, no km 30. Em nota a imprensa, a polícia informou que não há mais detalhes sobre o caso e as investigações estão sendo feitas através da Delegacia de Simões Filho.
Tristeza tomou conta da família – Familiares reunidos na casa de Francisco Tarcisio da Fonseca, pai da vítima, localizada na Travessa Cirilo Ramos, Bairro dos Barreiros, na cidade de Conceição do Coité, lamentavam a morte de Cristiano e contaram ao CN o esforço que fizeram para sua recuperação e a alegria de que vinham tendo com a visível melhora.
Segundo Francisco Fonseca, o filho era viciado em crack desde menor e por diversas vezes já havia sido internado, começando por Coité, depois esteve em uma casa de recuperação em Feira de Santana, onde ficou poucos dias e por último foi encaminhado ao Centro Arca de Deus, em Simões Filho. “Foi a segunda vez que ele esteve internado. Primeiro ficou três meses e depois de um tempo afastado, voltou por vontade própria e já estava lá há seis meses”, contou.
De acordo com a irmã Gisele Souza Fonseca, a situação de Cristiano era muito crítica e antes de ser internado desta última vez, ele foi encontrado na cidade de Serrinha e pediu para ser encaminhado a uma casa de recuperação, pois estava vendo alucinações. “Não faltou esforço de nossa família, pois a gente queria ver ele bem, pois gostávamos muito dele”, desabafou.
A família quer saber o que aconteceu – Além da dor pela morte do irmão, Gisele mostrou um torpedo enviado por ele para seu celular no dia 29 de dezembro, ás 19h36, pedindo que ela ligasse para o Centro, pois estava necessitando dos documentos de antecedentes criminais e da carteira de trabalho, pois havia conseguido um emprego. Gisele contou que neste mesmo dia ele teria conversado com outro irmão, Wellington Moreira.
Com o problema da pane da telefonia, a família só veio da conta do seu desaparecimento na primeira semana do ano, quando foram visitar e ficaram sabendo que ele tinha saido do Centro. Ela falou ao CN que o caso tem que ser esclarecido, pois a direção da Casa de Recuperação, falou que o interno tinha saído no dia 29 e retornou no dia 01 de janeiro para buscar seus pertences. O que tem deixado a família em dúvida e garantem que vão à busca de explicação para o caso, é o fato do corpo de Cristiano ter dado entrada no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues no dia 31.
Os efeitos do crack no organismo – Forma menos pura da cocaína, o crack tem um poder infinitamente maior de gerar dependência, pois a fumaça chega ao cérebro com velocidade e potência extremas. Ao prazer intenso e efêmero, segue-se a urgência da repetição. Além de se tornarem alvo de doenças pulmonares e circulatórias que podem levar à morte, os usuários se expõem à violência e a situações de perigo que também podem matá-lo.
Intoxicação pelo metal – O usuário aquece a lata de refrigerante para inalar o crack. Além do vapor da droga, ele aspira o alumínio, que se desprende com facilidade da lata aquecida. O metal se espalha pela corrente sanguínea e provoca danos ao cérebro, aos pulmões, rins e ossos.
Fome e sono – O organismo passa a funcionar em função da droga. O dependente quase não come ou dorme. Ocorre um processo rápido de emagrecimento. Os casos de desnutrição são comuns. A dependência também se reflete em ausência de hábitos básicos de higiene e cuidados com a aparência.
Pulmões – A fumaça do crack gera lesão nos pulmões, levando a disfunções. Como já há um processo de emagrecimento, os dependentes ficam vulneráveis a doenças como pneumonia e tuberculose. Também há evidências de que o crack causa problemas respiratórios agudos, incluindo tosse, falta de ar e dores fortes no peito
Coração – A liberação de dopamina faz o usuário de crack ficar mais agitado, o que leva a aumento da presença de adrenalina no organismo. A consequência é o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Problemas cardiovasculares, como infarto, podem ocorrer
Ossos e músculos- O uso crônico da droga pode levar à degeneração irreversível dos músculos esqueléticos, chamada rabdomiólise.
Por:Valdemí de Assis / foto: Raimundo Mascarenhas