Com quatro indicações ao Prêmio Braskem de Teatro 2008, incluindo Melhor Espetáculo, Atire a Primeira Pedra, direção de Luiz Marfuz (Policarpo Quaresma, será realizado em Coité dia 25 de janeiro as 20 horas no Centro Cultural. O valor do ingresso é de R$ 4,00.
A montagem, que evoca elementos do Kitsch e da música brega, através do melodrama rodrigueano dos contos de “A vida como ela é…”, recebeu também indicações para direção musical e trilha sonora – Luciano Salvador Bahia -, cenografia – Rodrigo Frota – e revelação de atriz – Milena Flick.
Ótica feminina
O texto tem adaptação de Cleise Mendes e Fernando Santana e prioriza a ótica feminina no universo rodrigueano, que remonta a uma época marcada pela lei patriarcal. O espetáculo apresenta, em sete cenas, mulheres que explodem seus desejos reprimidos e fazem valer sua vontade, vivendo o ônus e o bônus destas escolhas.
Para Marfuz, a concepção do espetáculo Atire a Primeira Pedra “opta pelo relevo da presença forte do trabalho do ator baiano e, especialmente, reflete sobre uma parte do universo feminino brasileiro.” Para isto, o elenco brinca com convenções do teatro e do cotidiano, troca de papéis, arma e desarma situações, mistura cópia e original – para trazer o lado tragicômico da classe média brasileira, configurando-se como um musical kitsch. O diretor aposta nesta identificação do público com o espetáculo e acrescenta que Nelson Rodrigues “conhece a alma do brasileiro como ninguém. Aquilo que nenhum de nós confessaria ao padre ou ao psicanalista, ele põe na boca das personagens, que estão sempre em carne viva”.
O espetáculo conta com a participação de Miguel Carvalho, no figurino, Rodrigo Frota, na criação do cenário, Marilza Oliveira na coreografia, Fernanda Paquelet na iluminação, Roberto Laplane na maquiagem, Iami Rebouças, na preparação vocal, Tânia Soares na preparação corporal, direção musical de Luciano Salvador Bahia e preparação de canto de Marcelo Jardim.
Repercussão
Atire a Primeira Pedra estreou em novembro de 2008, em temporada relâmpago no Teatro Martim Gonçalves, e teve um público surpreendente (2.180 espectadores para um teatro de 196 lugares, em apenas uma semana), três sessões extras e repercussão crítica, além de 4 indicações ao Braskem. De lá para cá, já esteve em vários teatros da cidade, alcançando um público de mais de 5 mil pessoas em quase 70 apresentações. Em 2009, além de cinco temporadas em Salvador, o espetáculo se apresentou no Festival de Petrolina Aldeia do Velho Chico.
Para a crítica teatral Eduarda Uzeda o espetáculo “mostra uma nova faceta da obra de Nelson Rodrigues (poucas vezes explorado na comédia) trazendo à cena intérpretes que representam personagens hilários, que acentuam as obsessões do autor”. Acrescenta, ainda, que “o diretor demonstra talento e criatividade de encenador ao optar pelo humor escancarado e pela música e estética brega para tratar do universo do dramaturgo”.
Já para Jacques de Beauvoir “a montagem atualiza o brega e o kitsch, ingredientes que as pessoas fazem questão de abominar, mas que na verdade, adoram. A “brincadeira” mostrada no palco está isenta de preconceitos, rodeios, sem máscaras. Como o diabo gosta e nós também. O elenco (que sabe o que está fazendo) brinca de tragédia grega (coro), teatro de revista, melodrama, humorístico de TV. Tudo compactuado com a equipe entrosada e que sabe dá o tom para um bom espetáculo.”
Da: redação