A gota que faltava para transbordar
(Carta de Desfiliação do Partido Verde)
Durante 15 anos fui filiado ao PT por acreditar em sua principal bandeira focada na ética. Durante este período venci (graças ao apoio de muitas pessoas de bem) todas as eleições que disputei, exercendo os mandatos de vereador, deputado estadual e duas vezes federal. Saí do partido em Setembro de 2009 depois de ser julgado e punido por não abrir mão de princípios e do direito de defender a vida e lutar contra o aborto. Ingressei no Partido Verde motivado pelo movimento Marina Silva, apresentando-me como candidato a Governador da Bahia.
Em 2010, fizemos o bom combate. Com apenas 1 minuto na TV, sozinhos, sem dinheiro, realizamos uma campanha paupérrima do ponto de vista material, mas riquíssima do ponto de vista espiritual. Em Salvador, 115 mil pessoas (9% do eleitorado) votaram neste projeto. Um resultado belíssimo quando comparado com os 10% de Geddel ou os 14% de Paulo Souto.
Encerrada a campanha, participei de várias reuniões com lideranças políticas que filiadas ou não, deram o melhor de si para o fortalecimento do PV, que depois de 25 anos, pela primeira vez disputou uma eleição majoritária. O ponto comum destas reuniões foi uma dura critica à direção partidária pela falta de transparência na prestação de contas e pela ausência de fóruns democráticos onde os filiados possam influir no rumo das decisões políticas.
Há dois meses a direção estadual do PV tentou atrair João Henrique, um dos piores prefeitos da história de Salvador, que se recusou a atender o pleito da criação de uma nova secretaria. Agora se repete o movimento no sentido inverso, ou seja, João Henrique tenta sua filiação através de uma intervenção nacional intermediada pelo deputado federal Zequinha Sarney. Esta é a gota que faltava para transbordar. Os interesses que conduzem estes dois movimentos são tudo, menos os interesses da população de Salvador, que vive um caos administrativo e político.
Não resta, portanto outro caminho senão minha desfiliação do PV, junto com um grupo de pessoas, que só vêem sentido permanecer num partido que seja referência para quem ainda não perdeu a esperança de ver um dia a política sendo exercida com ética. Para quem não desiste de sonhar e lutar pelo resgate da educação pública de qualidade. Para quem jamais desanima enquanto não puder viver num mundo de paz e de justiça, num mundo com oportunidades iguais para todos.
Luiz Bassuma