Suspeito de está exercendo ilegalmente a profissão de médico, Elvio Silvio Rocha da Silva, 36 anos, natural de Jaguaquara, conseguiu fugir dos agentes da polícia civil no final da tarde de sábado (26), em Retirolândia. Ele foi reconhecido pelo chefe do Serviço de Investigação da Delegacia de Rio Real, Jailson Avelino Silva Mota, que estava de folga do serviço e foi passar o final de semana com um irmão, que é lotado na Delegacia daquela cidade. “Quando vi, ele estava na sala de espera do Hospital Santo Antonio, com uma roupa verde da unidade e ao passar em frente o reconheci. Levei a informação para a Delegada, doutora Rosângela, que prontamente autorizou os colegas daqui averiguar o que ele estava fazendo lá e ao constatar que se passava por médico, determinou a prisão em fragrante. Eu acompanhei os colegas ao hospital e quando chegamos lá, infelizmente ele já tinha fugido”, contou Avelino ao CN. Pela experiência, ele acredita que o Elvio Silvio lhe viu e por ter reconhecido acabou fugido.
Agente já conhecia – O agente Avelino contou ao CN que conhece bem o homem que vinha se passando por médico em Retirolândia há quase um mês. Ele mora na Praça Monsenhor Florisvaldo, na cidade de Rio Real e é seu vizinho. Ele disse também que existe um queixa na delegacia daquela cidade, datada de 17/06/2010, pela mesma prática criminosa. Elvio se fazia passar por Eduardo Crispiniano O. Santos Júnior e usava o CREMEB 14.835. “Dr. Eduardo é um conceituado médico em nossa cidade, Diretor do Hospital Municipal Maria Amélia Menezes, Psiquiatra, é diretor CAPS e não sabe que seu nome estava sendo usado”, relatou.
Elvio já trabalhou no Hospital que é dirigido pelo Eduardo Crispiniano, como técnico em enfermagem, e o policial imagina que ele teve acesso ao documento e utilizou para ser contratado, “porém o caso foi entregue a delegada Rosângela que irá continuar as investigações”, finalizou.
Preso em Lagarto
Elvio Silvio Rocha chegou a prestar atendimento no Hospital N. S. da Conceição na cidade de Lagarto e foi preso em flagrante no dia 17 de maio de 2010. Ele chegou a trabalhar pouco mais de 15 dias na unidade hospitalar como clínico geral. Neste caso ele usou o registro profissional do médico acunputurista Orlando Costa Tavares.
A farsa começou a ser descoberta no Estado de Sergipe quando Elvio decidiu fazer compras na cidade usando o nome do médico verdadeiro. Ele tentou comprar um carro, e como procedimento comum, a concessionária ligou para números de familiares para confirmar endereços, entre outras coisas.
O pai do médico Orlando Jacilando Tavares, recebeu a ligação e desconfiou de imediato do crime e resolveu ele mesmo averiguar. Saiu de sua residência em Aracaju e foi à Lagarto. Se passando de paciente foi ao Hospital e pediu uma consulta com o então seu “filho” Dr. Orlando. Foi atendido e chegou a dialogar com o falsário, onde perguntou o nome do pai dele, no qual ele respondeu que seria um “Aderbal”. Ao sair do hospital, Jacilando foi direto para a delegacia regional e prestou queixa e os policiais de prontidão foram até o hospital e prenderam em flagrante.
Além de Lagarto, há suspeita que ele tenha trabalhado nas cidades sergipanas de Riachão e Poço Verde. Na Bahia, ele confessou a polícia que “trabalhou” em Rio Real e Alagoinhas. A polícia já sabe que Elvio cursou dois anos de faculdade de medicina, mas não chegou a concluir.
Comportamento estranho – Sem explicação, o médico saiu do Hospital e foi visto por um motorista da ambulância, no seu veículo, um Celta Vermelho, em alta velocidade, sentido Conceição do Coité. Pouco tempo depois de sair do Hospital, ele ligou para uma enfermeira e disse que seu filho estava passando mal e que estaria indo urgentemente a cidade de São Paulo. “Ele tinha um comportamento estranho mesmo. Ele só estacionava o carro na frente e os outros médicos estacionam na parte de trás. No dia do apagão, ele botou um colchão no chão e dormiu na área de atendimento, alegando calor”, contou um dos vigilantes, que pediu para não ser identificado. Em tom de ironia, ele disse que um dos seus colegas teve um problema no braço e ele deu um atestado de dez dias. “Era um homem generoso”, sorriu.
A equipe do CN, apesar do contato com o secretário de Saúde, Cláudio Inocêncio e da tentativa, sem êxito, com um servidor público de pré-nome Alberi, que trabalha no Hospital Santo Antonio, não conseguiu saber quais os procedimentos para contratação de médicos no município.
Secretario de saúde agiu rápido – O secretário de saúde do município, Claudio Inocêncio não quis falar sobre o assunto, apenas disse ao CN que buscasse as informações com a polícia. Inocêncio agiu rápido no sentido de providenciar um médico para o plantão e ás 19h já havia uma profissional atendendo as emergências. Assim que nova plantonista começou atender, chegou com fortes dores no pescoço o aposentado Rafael Tito da Silva, 78 anos, residente na Comunidade do Tanque Novo. Segundo uma neta, que expôs uma receita assinada pelo falso médico, seu avô chegou ás 11h e foi atendido por Elvio, que manteve em observação até ás 15h, depois que medicou diazepam e aplicou três injeções. “Quando chegamos em casa, o quadro dele não melhorou e nós voltamos aqui para o Hospital”, contou. Neste sábado, segundo informações da polícia, ele chegou a fazer um parto.
Por: Valdemí de Assis /com informações site do Bareta / foto Raimundo Mascarenhas