A vaquejada do Parque José Lourenço, no povoado de Serra Branca, 12 km da sede – Santaluz, movimentou os municípios dos territórios do sisal e do Jacuípe no final de semana. As corridas começaram no sábado (05) a tarde e terminou nas primeiras horas desta segunda-feira (07). A 3ª versão da vaquejada, que teve início em 2009, reuniu mais de 10 mil pessoas nesse período. Foram realizadas 200 inscrições e distribuídos 15 mil reais em prêmios nas categorias profissionais e amadores.
Muitos vaqueiros foram prestigiar a competição, que apesar de regionalizar nos dois territórios, registrou a presença de corredores dos estados de Pernambuco e Ceará.
Organizada pela família Lourenço, tendo a frente o pecuarista Natanael Dantas da Silva, 38 anos, conhecido por Natal, o evento foi coroado de êxito, com muita gente, forró animado, gado excelente, pista cortada e molhada para dar mais conforto aos cavalos e aos vaqueiros no momento de enfrentar a força do boi na faixa, “mas tudo correu bem e foi um grande sucesso”, relatou o responsável para “juntar” o gado, Pedro Lourenço, “Pedrinho”. Segundo ele, foram utilizados 350 bois.
Na noite de domingo, último dia de festa, o público presente, surpreendeu até os organizadores do evento, que de forma bastante profissional, planejada e eficaz trabalharam para atender, com muito conforto, todos aqueles que passaram pela festa, principalmente para assistir ao show de Canindé.
Experiência de Natal – “A gente precisa ir para a vaquejada dos amigos, para eles virem na nossa”, assim falou Natal ao CN sobre um ponto importante do sucesso das festas de vaquejadas. Ele, que começou correndo nos parques da região em 1994, depois ajudou na organização das festas do Parque Francisco César e Pindobeira, este último, do seu irmão Gilson Lourenço, fazia dupla com o dentista Cleito Nunes e depois com o empresário Rossi César. Admite que não seja profissional na derrubada dos bois, porém tem se destacado neste esporte, inclusive exibindo com satisfação os inúmeros troféus que já ganhou entre os melhores e mostra um que ele considera especial e que ganhou em 1985 como o melhor entre os amadores, ao lado de Rossi César, na disputada daquele ano no Parque Maria do Carmo em Serrinha.
Para Natal, o cavalo é 80% responsável pelo êxito do sucesso dos corredores nas vaquejadas e o recomendável é da raça Quarto de Milha, pois são animais extremamente difundidos no Brasil eles têm uma característica bem reconhecida de serem animais dóceis e muito inteligentes que por sua vez os torna fácil de domar, mas deve ser ensinado sempre com a máxima cautela, pois se for ensinada alguma coisa errada eles tem a mesma facilidade de aprender.
Com satisfação, ele mostrou ao CN um Potro Quarto de Milha, de apenas um ano sete meses, “seu companheiro de vaquejada”. Este animal custou R$ 10 mil e atende ao seu chamado pelo nome Príncipe. “Um cavalo realmente bom de vaquejada chega a custar R$ 300 mil”, complementou Natal. Ainda de acordo com o organizador, não é possível realizar uma competição como esta, sem a participação dos doadores de gado, peça fundamental na grandeza do evento.
Se depender de Natal, haverá sempre vaquejada e novos vaqueiros. Um exemplo disto é o incentivo que vem dando ao filho José Lourenço Neto, sete anos, para que continue gostando do esporte e seja sue herdeiro nesta atividade. Neto, durante os dias da festa desfilou em um cavalo que recebeu de presente do pai e ainda “fez” que ajudou prender o gado.
“Ele traz o mesmo nome do meu pai, que tanto tenho saudade. Ele faleceu há 16 anos e ao colocar seu nome no Parque, quero que todos se lembrem dele, todas as vezes que o nome do Parque for citado”, finalizou o pecuarista.
Quem visita será visitado – Este “ditado” popular é verdadeiro no mundo da vaquejada. Gabriel Carneiro, residente em Retirolândia, esteve na festa em gratidão à visita do grupo de Natal há quinze dias. Ele é o responsável pelo Parque Gildo Cedraz, na divisa entre Valente e Retirolândia. De acordo com Gabriel, o custo é alto para participar das vaquejadas, porém, compensa. “Chegamos aqui no sábado à tarde. Montamos nossa estrutura com redes, colchões, arrumação de cozinha, enfim, montamos uma casa”, contou.
Acompanhado do vaqueiro Gildinei Cruz de Jesus, Carneiro disse que gasta R$ 600 numa festa desta proporção. O vaqueiro interfere a conversa e confirma que os próximos oito finais de semana já estão comprometidos com vaquejadas. “Se Deus permitir, nós vamos a todas”, afirmoOutro exemplo desta fidelidade em retribuir as visitas, foi da equipe do delegado de Jacobina, Eduardo Brito (de preto), do Parque JC. Eles já mantêm uma estrutura de empresa, com vaqueiros que treinam diariamente, caminhão adotado, inclusive com um motorista próprio, que viaja na frente e os proprietários da estrutura, chegam depois. Também de Jacobina, estiveram presentes representantes do Parque Ângelo Pereira. A próxima festa será sábado (12) e domingo (13), na cidade de Capim Grosso e os organizadores estão oferecendo R$ 25 mil de prêmios e contrataram boas opções musicais. Eles comemoraram ao conhecer a equipe do CN, pois acessam diariamente e fizeram questão de pousar para foto.
Apoio da família – Para onde andasse nos dois dias de festa no Parque José Lourenço, tinha alguém da família de Natal colaborando com evento. A equipe do CN foi recepcionada por sua esposa Márcia Oliveira, pelas filhas gêmeas, Natasha e Natália, que se juntaram a outros membros da família para uma foto oficial, onde externava a alegria de todos.
Regulamento da competição – O palco do evento foi uma pista de 150 metros de cumprimento por 30 metros de largura demarca-se uma faixa aonde os bois deverão ser derrubados. Dentro deste limite era válido o ponto, somente quando o boi, ao cair, mostrar as quatro patas e levantar-se dentro das faixas de classificação. O boi será julgado de pé; deitado, somente caso não tenha condições de levantar-se. Participou desta competição uma dupla de vaqueiros que teve direito a inscrição do animal designado para puxar, estando o esteira, permitido a participar de duas provas. Segundo o veterano vaqueiro José Arnaldo, 52 anos, de Ponto Novo, o boi que ficar da pá para frente, em cima da faixa receberá nota zero de imediato. A disputa do Campeão dos Campeões foi feita na ordem decrescente, ou seja, da última colocação para a primeira.
Ele também explicou como acontece a soma dos pontos. A Vaquejada que começou no sábado com a seleção ou classificação das duplas de vaqueiros, cada dupla enfrenta três bois. O primeiro boi vale em 8pontos, o segundo 9pontos e o terceiro 10 pontos. Isso Totaliza 27 pontos. No Domingo repetiu, só que o numero de pontos são diferentes. O primeiro vale11, o segundo12 e o terceiro13. Com isso somam 36 pontos, somado com os pontos anteriores (27 pontos) é igual a 63 pontos. Os 20 melhores colocados concorrem para ver quem é o campeão.
Na arquibancada montada no lado direito, os amantes do esporte observam ao longo dos 150 metros da pista, que começa com 12m e termina com 42m de largura, as duplas que tem de derrubar o boi entre as duas linhas ou faixas que tem 10m entre uma e outra. (Cada dupla tem o vaqueiro de esteira, ou seja, aquele que ajuda o puxador, ajeitando e alinhado o boi na pista e, o puxado, aquele que puxa o boi pelo rabo e derruba entre as linhas). Se o puxador derrubar o boi entre as faixas então “Valeu boi” e a dupla ganha seu respectivo ponto.
José Arnaldo lembra que o “Boi saído é boi corrido”. Expressão muito comum entre os locutores de vaquejada. Traduzindo diz que, a partir daquele momento, uma vez solto, o boi tem todas as condições de ser convertido em pontos. Exceto se durante o percurso ele virar sua cabeça em direção ao ponto de partida ou acontecer um acidente com o cavalo.
O puxador, após a saída do boi, aguarda a passagem de sua calda pelo “bate – esteira”, que está naquela posição para alinhar a corrida e conferir a queda no meio das faixas, fazendo valer o boi.
A disputa de prêmios acontece entre os mais pontuados, com um boi para cada, em sistema de eliminação. O vaqueiro que não estiver presente na hora de sua chamada, fica para o “rabo da gata”, ou seja, corre no último bloco, após todas as chamadas, os seus bois perdidos, consecutivamente.
Ao lado da pista, a vibração foi total com muito forró e nos intervalo, um DJ animou o camarote.
Até o fechamanto desta edição não tinhamos os nomes dos vencedores.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas