O som de instrumentos percussivos e muitos sorrisos deram o tom de descontração. Foi em ritmo de festa que os 400 alunos do Centro de Educação Científica do Semi-Árido, no município de Serrinha, a 173 quilômetros da capital baiana, retornaram ás salas de aula nesta quarta-feira (9).
Aos 11 anos, Cássio dos Santos é um deles. Arriscando as primeiras batidas de pandeiro, o garoto quer aprender a tocar o instrumento sem deixar de lado o sonho de ser engenheiro.
No Centro, o estudante vai poder conciliar música e ciência, dando continuidade ao aprendizado já adquirido. “Quero aprender mais sobre o circuito de bombeamento automático de ar e construir, também, meu próprio instrumento”, disse o menino.
Trabalho qualificado – Assim como Cássio, os estudantes têm entre 11 e 18 anos e participam das oficinas científicas no turno oposto da escola regular. Este ano, as novidades são os equipamentos recém-adquiridos, como telescópios, microscópios, balanças, serra circular, compressor de ar e máquina de solda elétrica. Tudo isso para dinamizar ainda mais as aulas, que acontecem de segunda a quinta-feira.
“Sempre construímos os equipamentos, os quais chamamos de engenhocas, para aprender detalhadamente seu funcionamento. A chegada dos instrumentos vai permitir um trabalho mais qualificado, melhorando o aprendizado”, afirmou o professor de Ciência e Tecnologia, Leanderson Oliveira.
Os equipamentos serão utilizados a partir da segunda semana de aula, quando os alunos já estarão aptos para o manuseio após os ensinamentos de segurança prática. “Ensinamos o passo a passo seguro, cada um recebe equipamentos de proteção individual e as aulas são ministradas sempre por dois professores em sala. A segurança é total”, observou Leanderson.
Para além da prática, outra novidade é o planejamento pedagógico que, em 2011, será aprimorado com aulas mais dinâmicas. Depois de um ano de funcionamento, o plano de aulas do primeiro Centro de Educação Científica da Bahia e o terceiro do país foi feito de maneira integrada com os outros centros já existentes, localizados também no Nordeste, no estado do Rio Grande do Norte.
Para isso, a equipe de 12 profissionais, dos quais oito são professores e os demais auxiliares pedagógicos, viajaram ao Rio Grande do Norte, onde permaneceram entre os dias 20 de janeiro e 04 de fevereiro, no Instituto Internacional de Neurociências de Natal, Edmond e Lily Safra (IINN-ELS).
“Nesse período, trocamos experiências com as equipes dos outros dois centros, que já atuam há quatro anos e, por isso, tem muito que nos ensinar. Refletimos sobre nossa prática e aprimoramos os projetos de aulas e oficinas práticas”, explicou a coordenadora do Centro baiano, Joseane Souza.
Motivação – Idealizado para promover o pensamento crítico e a formação cidadã, por meio da ciência, o Centro de Educação Científica do Semi-Árido, em Serrinha, já colhe resultados positivos em um ano de funcionamento. Apenas 12 alunos (3% do total) abandonaram os cursos, sendo imediatamente substituídos por novos estudantes. A motivação é geral e visível.
Nele, os alunos participam de oficinas e laboratórios de Ciência e Tecnologia, Ciência e Meio Ambiente, Ciência e Robótica e Ciência e Arte. Inaugurado em junho de 2010, o Centro atende alunos da rede pública de ensino (200 no turno da manhã e 200 no turno da tarde) do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.
“A maioria dos nossos estudantes é de famílias de baixa renda e encontram aqui a oportunidade de serem sujeitos do conhecimento, aprendendo na prática que a ciência não é algo inatingível, tampouco complicado”, comentou o professor de Ciência e Arte, André Sacramento. “A partir da cultura local e do cotidiano, ensinamos a ciência para que possa ser aplicada no dia a dia dos nossos alunos”, completou.
O centro foi concebido nos moldes do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (RN) Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), para promover a inclusão social e intelectual por meio de conceitos e práticas da ciência moderna. Trata-se da primeira unidade de formação científica destinada a jovens da Bahia, e leva a chancela do médico paulista Miguel Nicolelis, um dos mais renomados cientistas da atualidade.
A instalação do centro está em sintonia com a meta estadual de interiorizar as ações de Ciência e Tecnologia. Por isso, a iniciativa foi viabilizada pela parceria entre o Governo da Bahia e a Associação Alberto Santos Dumont de Apoio à Pesquisa (ASSDAP), gestora da unidade.
Fonte: Agecom