Hospital Estadual da Criança: quem ou quê regula quem ou quê ?
Na semana passada meu filho teve forte quadro de dengue. Internado no Hospital Pediátrico Sobaby, em Feira de Santana, BA, apresentou epistache, derrame pleural, abrupta baixa de plaquetas (chegou a 27.000), febre de quase 40º., vômitos, desidratação e demais complicações oriundas. Além do atendimento de praxe, necessitou de bolsas de plaquetas, monitoramento por eletrodos, raios-x, soro, etc. Ainda assim, e com todo o apoio e a atenção da equipe do referido Hospital, no sábado passado (19/03/2011) buscou-se sua transferência para uma Unidade de Saúde com recursos de UTI, dentre outros. Após várias tentativas, por parte do Hospital e pela família, meu filho continuou internado no mesmo local. Entretanto, caso infeliz e absurdo operou-se a partir do HEC (Hospital Estadual da Criança).
Após mais de 4 horas de tentativas finalmente o HEC negou sua internação, alegando ausência de vagas. O pior ainda estava por vir. Como toda família em situação de desespero, procuramos contatos com a Diretoria Médica do HEC e mesmo com amigos ligados a autoridades políticas de Feira de Santana. No afã da crítica e triste situação em que se encontrava meu filho, essas pessoas sugeriram que fôssemos ao HEC, afinal, trata-se de um dos maiores hospitais pediátricos do Brasil e referência regional para crianças, particularmente em casos de dengue grave: ao menos era o que supúnhamos, haja visto a imensa propaganda acerca do mesmo e as inferências aludidas por pessoas que nele trabalham. Qual não foi nosso espanto quando chegamos (eu e um irmão) ao HEC e a primeira pergunta que me fizeram (antes de um simples boa noite !) foi “qual é o plano (de saúde) da criança?”. Informando que se tratava do Planserv, esperamos mais de 25 minutos até sermos atendidos (sic) por duas pessoas, uma delas a Sra. Suane, que se apresentou, após minha solicitação, como médica. A mesma disse q já tinha o Relatório do meu filho desde “a manhã” e que tinha acabado de falar com a Sra. Edilma, Diretora do HEC, informando que nada poderia fazer pelo mesmo. Maior susto foi quando a mesma médica indagou: “por que a Sobaby quer se livrar de sue filho?” Daí passou a discorrer sobre o fato dela ter estudado medicina no mesmo local do médico requerente, que ela era médica em qualquer lugar, e, pasmem, dentre outras idiossincrasias e absurdos, disse que ele deveria ir para Salvador ! Após ei ter dito que levaria essas perguntas e observações à Sobaby e à imprensa a mesma me pediu o Relatório (o mesmo que antes alegava ter em posse desde a manhã do mesmo dia !). As questões que me faço, como pai e cidadão, são:
a) Por que o HEC precisa saber do Plano de Saúde de uma criança?
b) Qual é, afinal, a capacidade de atendimento do HEC?
c) O que é preciso para ser atendido no HEC (além de 6 dias de dengue com o quadro descrito acima)?
d) Por que eu deveria levar meu filho a Salvador?
e) Como uma médica pode aludir que outro profissional (e Hospital) quer se livrar de uma criança?
f) Por que mais de 4 horas para finalmente negar um atendimento?
g) Onde ficam os Direitos da Criança frente ao ECA e ao SUS?
Felizmente meu filho, apesar da negligência e ação absurda e irresponsável do HEC, e da qualidade dos profissionais da Sobaby (sem contar as orações e sua própria capacidade de reação), ficou bom e teve alta após 6 dias de internamento. Mas ficam o protesto, a tristeza, a indignação e o aviltamento feito e sentidos por toda a família, amigos e colegas da criança. Por isso essa Carta Aberta á sociedade, que também segue para os profissionais de imprensa, alguns deputados estaduais, Ministério Público, Conselho Tutelar, Conselho Estadual dos Direitos da Criança, CREMEB, HEC, Secretaria Estadual e Municipal de Saúde, dentre outros.
De tudo isso cabe a pergunta: afinal, quem ou quê está regulando quem ou quê?
Atenciosamente,
Márcio Fróes da Motta Mascarenhas