Queimadas
Dois assuntos relacionados ao setor de educação movimentaram os meios políticos em Queimadas nesta semana, em especial as comunidades deEspanta Gado e Riacho da Onça, os maiores distritos do município. A equipe do CN foi até estas comunidades “vê de perto para contar de certo”, conforme o dito popular.
Polêmica I – Distrito de Espanta Gado
Espanta Gado, comunidade localizada a 48 km da sede do município, o assunto gira em torno da declaração do presidente da Câmara de Vereadores, Renato Borges Varjão Filho (PRP), “Renatinho”, na sessão do dia 02 de março, quando apresentou a denúncia dos moradores do referido distrito, através do professor Israel de Oliveira Lima, presidente da APLB/Sindicato, que trata da depredação de dois estabelecimentos escolares, segundo ele, com a permissão do prefeito Paulo Sérgio Brandão (PSDB).
A equipe do CN procurou o vereador Valmir Pinheiro Barreto (PSDB) e o presidente da APLB/Sindicato, Israel de Oliveira para acompanhar até os prédios escolares citados na denúncia e na oportunidade tentar encontrar as pessoas que teriam se beneficiado com o material retirado das construções. Foi encontrado apenas o vereador, pois o professor, segundo uma senhora que atendeu nossa equipe, disse que trabalhava na sua residência, e ele tinha viajado para Senhor do Bonfim e o telefone celular encontrava-se na caixa de mensagem. Deixamos nossos contatos com a senhora pedindo que ela transmitisse o recado para que ele e nos ligasse para falar do que motivou a fazer a denuncia, mas até o fechamento desta matéria não recebemos nenhuma ligação.
O vereador Valmir Pinheiro disse que a denúncia do professor Israel, não tinha fundamento e que ele não havia autorizado ninguém a pegar material nos prédios que estão abandonados ha mais de doze anos, nem tão pouco o prefeito Sérgio Brandão,. “Estes prédios estão sem atividades e foram abandonados pelas gestões anteriores. Aqui na região do Espanta Gado não há uma escola na zona rural funcionando, pois foram nucleadas e todos os alunos estudam na sede do distrito”, afirmou. Em Espanta Gado os alunos cursam até a 8ª série e o segundo grau é extensão do CESAQ.
Barreto apresentou a equipe do CN duas declarações, uma delas assinada por Cida Márcia Matos de Souza, residente na Fazenda Fonte das Pedras, onde afirma que foi ameaçada de cadeia e processo pelo vereador Lázaro José dos Santos Silva (PV) e pelo professor Israel, se não afirmasse que tinha sido o prefeito Serginho e o vereador Valmir que havia doado o material da Escola Manoel Rosa da Silva. “A verdade é que nós, juntamente com alguns vizinhos, que nos ajudou, pegamos o material por necessidade”, concluiu a declaração datada de 02 de março de 2011.
Para o vereador Valmir, isto é desespero da oposição, pois o recurso especial interposto por Dr. Edvaldo Caíres contra o acórdão do referido Tribunal que resultou na cassação do seu diploma, foi negado pela segunda vez através de decisão proferida por um único ministro, Hamilton Carvalhido, relator do processo no Tribunal Superior Eleitoral, que entendeu procedente a acusação de prática de captação ilícita de votos, comprovada nos autos do processo original, “eles ficam buscando formas de desgastar o prefeito Serginho”, falou.
Barreto concluiu a conversa com o CN, afirmando que o município sinaliza grandes avanços e citou o exemplo da eleição direta para os diretores e vice das escolas municipais e a reforma de todas elas que estão em atividade.
A outra declaração foi escrita manualmente pela agricultora Elisandra Nunes, 28 anos, residente na Fazenda Barra do Riacho. Localizada pela equipe do CN, ela também negou que tivesse pedido ao prefeito ou ao vereador para pegar o resto de telhas e ripas de madeiras que restavam no telhado da Fazenda Saco do Capim, ás margens da estrada que liga Espanta Gado á BR 407. Segundo ela, o prédio estava abandonado ha mais de doze anos e quando chegou para morar na região já encontrou todo depenado, “só tinha o resto de telha e aquelas madeiras”, afirmou Elisandra, apontando com o dedo para o telhado da casa.
Ela disse que morava em uma casa muito pequena e com o nascimento do filho Kaike Nunes da Silva, 3 anos, conseguiu ampliar a frente, e depois, com a chegada do outro filho, José Rodolfo Nunes da Silva, 1 ano, construiu mais um pouco, sempre utilizando o dinheiro do auxilio maternidade. “Como faltou um pouco de telha e madeira, sabendo que o tempo estava acabando aquela que estava no prédio, fui lá e peguei. Fui por minha conta, ninguém mandou. Não pedi a ninguém”, externou a agricultora demonstrando revolta por tudo que estava acontecendo.
Ainda de acordo com a dona de casa, o material foi pego em 08 de agosto de 2010 e no dia 02 de março de 2011, foi pressionada pelo vereador Lázaro José e pelo professor Israel a dizer que tinha recebido ordem do gestor público para fazer esta ação. “Eles chegaram aqui, acompanhado por dois rapazes, tiraram fotos, ficaram falando porque eu tinha pegado este material. Não nego não, fiquei muito zangada e eu estou até disposta a devolver tudo. Se o vereador Lázaro e o professor quiserem vim buscar, pode vim e botar no prédio outra vez”, concluiu a agricultora que é natural da região dos Tanques e foi morar na região depois que se casou com José Nunes da Silva, 28 anos. O prédio escolar João Ferreira dos Santos, está no centro de um pasto na fazenda, pertencente a um fazendeiro de pré-nome Joaquim.
A Escola Manoel Rosa da Silva, localizada na Fazenda Vargem Seca, fica numa encruzilhada de acesso a Fazenda Pindobeira/Baraúna/Espanta Gado. O prédio escolar esta localizado em uma área de terra cercada com dez fios de arames e dentro de um pasto de capim, aparentando mais de dez anos de abandono. A idéia de quem vê, é que o proprietário da terra ao verificar o abandono do prédio pelo poder público, modificou a rota da cerca, deixando-a no interior da fazenda.
O que pensam os vereadores Paulo e Litinho de Riacho da Onça a respeito do episódio dos prédios escolares
Para os vereadores Paulino Ferreira da Silva (PRB), “Paulo do Riacho” e Eleilton Alves de Oliveira (PR), “Litinho”, o problema dos prédios escolares abandonados é muito sério e necessita urgentemente de uma solução. Apesar de pertencerem a bancadas diferentes, ambos moram e tem suas bases políticas na região do distrito de Riacho da Onça. Segundo eles, só nesta região são mais de dez nesta situação.
Para Paulo Ferreira, o número de escola esta excedente em relação ao número de alunos. “Hoje as famílias estão menores em relação ao passado. Meu pai teve oito filhos e eu só tenho um. Além do mais, os alunos concentrados em grandes escolas, com mais recursos humanos, pedagógica e informatizada, claro que o aproveitamento é bem melhor”, afirmou.
Segundo o parlamentar, um exemplo desta melhoria, e ele fez questão de mostrar ao CN, é o Colégio Municipal Domingo Badaró (CMDB), fundado em 1988 e recentemente reformado pelo prefeito Sérgio Brandão. A escola recebeu uma nova pintura, trocou o portão do acesso principal, foram construídas coberturas na entrada e rampa para deficiente. As telhas foram trocadas por telhas de cerâmicas, trocou toda madeira e foi totalmente retalhada, tudo, segundo Paulo Ferreira, com recursos da Prefeitura. “Hoje os alunos estão migrando para os povoados”, disse.
O Vereador Litinho concorda com o colega e contou o caso da Fazenda Jitirana, aonde tem um prédio abandonado e os moradores queriam transformar em uma Casa de Farinha Comunitária e a proposta foi apresentada ao poder executivo através de indicação, porém não obteve respostas. “Lá no Umbuzeiro Grande funciona uma Igreja”, lembrou. “Este assunto tem que ser debatido na Câmara, pois é dinheiro público e nós estamos aqui para fiscalizar e zelar bem do povo”, concluiu Litinho. Sobre o Colégio Municipal Domingos Badaró, ele não quis se manifestar, pois ainda não tinha visitado o estabelecimento escolar depois da reforma.
Tanto Litinho quanto Paulo, dizem está de acordo a doação de prédios antigos a abandonado para aproveitamento de associações para casa de farinha,igreja, ou qualquer outra utilização, mas que seja dentro da forma da lei, passando pela câmara a tendo a aprovação. Paulo citou uma escola de Pedrolândia que hoje funciona uma casa de farinha, não teve doação, mas nem por isso iria denunciar, pois segundo ele está beneficiando a população.
Segundo o prefeito Sérgio Brandão, estas denúncias realmente é coisa de desesperado e de quem não avança na vida. “Eu tenho a consciência tranqüila. Não fiz nenhum tipo de doação. Os prédios não foram abandonados na minha gestão e ao assumir o município, a maioria deles já estava “depenada”. O que estou fazendo é cuidar daqueles que estão sendo utilizados. Pintamos e reformamos naquilo que era necessário, todos eles. sem exerção”, finalizou Brandão.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas
Queimadas: polêmica da “carta aberta” e reforma de escola em Riacho da Onça