Por volta das 15h15 desta terça-feira (22) o céu estava encoberto por nuvens que sinalizavam a chegada de chuvas em poucos minutos em Riachão do Jacuípe, quando der repente ventos fortes destelharam um compartimento da fábrica Rui Barbosa, que atua na confecção de componentes para calçados que fica ás margens da BA 120, próximo ao acesso urbano. A cobertura de zinco do depósito de óleo, foi lançado por 40 metros, passando sobre uma área verde, por cima da cerca, atravessou a pista da BA 120 e caiu entre o acostamento e a cerca de proteção da área de terra localizada logo à frente.
Além da cobertura, um imenso portão de ferro caiu para dentro da parte interna da fábrica. Mas o dano maior aconteceu no escritório da diretoria que mais parecia que havia sofrido com terremoto, destruiu o fôrro do teto e equipementos eletrônicos . O incidente foi muito rápido e causou interrupção de energia elétrica.
Pelo menos 60 funcionários estavam na fábrica no momento, apesar do susto ninguém ficou ferido. O gerente da empresa Osmar Garcia ao verificar a grande proporção de destruição liberou a turma para ir verificar suas casas, pois bem próximo a fábrica uma casa havia sido parcialmente destelhada, derrubou um outdoor e quase dividiu ao meio uma árvore da especie algaroba localizada em um terreno baldio entre as instalações da indústria e as casas residenciais, foi partido ao meio. Nesta mesma área estava fixado um outdoor, que veio ao chão.
Os ventos arrancaram por completo o telhado “ ele veio por baixo e suspendeu todo telhado e nós aqui na portaria vimos tudo e ficamos assombrados”, relator o segurança Celestino Barbosa, 28 anos. Ainda em estado de choque, o gerente, gaúcho natural do município de Campo Bom-RS, disse ao CN que foi tudo muito rápido. Ele e a auxiliar Suzana Cavalcante estava no escritório quando tudo começou e tiveram que sair correndo, pois toda estrutura do forro da área onde funciona o escritório, começou a cair. “Parecia uma cortina se abrindo”, contou Suzana.
Osmar disse que desceu a escada de acesso ao térreo onde fica a maioria dos funcionários, quando ouviu um grande barulho que assustou a todos. “quando fui vê, tinha sido uma grande porta de acesso a área de produção e a parte do fundo, que havia caído. Pelo peso da porta, se tem uma idéia da força do vento”, relatou.
“A porta foi arremessada sob o solo e por sorte não havia nenhum colega próximo no momento, pois já havíamos percebido o forte barulho do vento”, contou um dos funcionários que se identificou como “Bel”.
O vento aconteceu de forma localizada, atingindo apenas o galpão da fábrica e as residências localizadas no lado esquerdo, sendo que a Indústria SICOR, que fica vizinha, nada sofreu e permaneceu trabalhando normalmente.
O que pode ter ocorrido – De acordo com técnicos que o CN manteve contato, o que pode ter ocorrido na tarde de terça-feira em Riachão do Jacuípe, foram redemoinhos, ou seja, ventos em espiral formados pela convecção do ar, em dias quentes, sem ventos e de muito sol.
Ocorrem quando o solo se aquece em determinado ponto, transferindo esse calor à porção de ar que está parada logo acima dele. Quando atinge uma determinada temperatura, esse ar sofre rápida elevação, subindo em espiral e cria um mini centro de baixa pressão. Devido ao princípio da conservação do momento angular esse redemoinho ganha velocidade e acaba levantando a poeira do solo, fazendo com que um funil de ‘sujeira’ seja visível. Ele pode apresentar desde alguns centímetros até muitos metros de altura.
Frequentemente esse fenômeno é confundido com um tornado, porém vale salientar que, ao contrário dos tornados, os redemoinhos de poeira somente se formam em dias sem nuvens, sob muito sol e calor e baixa umidade do ar. Além disso, a velocidade dos ventos desse fenômeno raramente ultrapassa os 100 km/h, podendo causar apenas pequenos estragos, tais como destelhamentos leves. No caso da fábrica, apenas o telhado da casa de óleo foi arremessado ao solo.