Wellington Menezes, de 23 anos, abriu fogo na Escola Municipal Tasso da Silveira. Ele foi alvejado por um sargento da PM e, segundo a polícia, cometeu suicídio após os crimes.
Estas foram às informações do Jornal Nacional da Rede Globo de quinta-feira (07), que foi apresentado do bairro do Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Fátima Bernardes falou, ao vivo, do local da tragédia que provocou choque no Brasil e no mundo.
Baseado na edição do JN, a equipe do CN resume toda história da tragédia que ocorreu na Escola Tasso da Silveira, cenário de imagens de horror. A área de acesso a unidade escolar foi isolada e moradores da região não podiam se aproximar. As salas invadidas pelo assassino foram lacradas logo depois da saída dos peritos.
Alguns moradores chegaram a falar da importância da permanência de guardas municipais na porta da escola. Mas, certamente, ninguém poderia imaginar o que iria acontecer dentro do prédio. Nunca uma escola brasileira tinha sido cenário de um ataque dessa proporção.
A reportagem de Hélter Duarte reuniu depoimentos de testemunhas e imagens captadas por telefones celulares e por uma câmera de vigilância da escola.
Eram aproximadamente 8h, quando Wellington Menezes, de 23 anos, chegou à Escola e não teve dificuldade para entrar. “O autor estava com um projeto de entrevistas de ex-alunos fazendo palestras”, explicou a chefe de Polícia Civil do RJ, Martha Rocha. A primeira parada do atirador foi em uma sala de leitura. Wellington pediu o histórico escolar dele a uma funcionária, que cuidava de outra tarefa e não pôde atendê-lo.
O assassino, que carregava uma bolsa, deixou então a sala de leitura e entrou na primeira sala de aula de uma turma da oitava série. Sacou duas armas da bolsa e começou a atirar nos alunos de maneira indiscriminada. A polícia não sabe dizer ainda quantos tiros foram disparados neste primeiro momento.
Wellington entrou em uma segunda sala de aula, em frente à primeira. Mais uma vez, disparou várias vezes contra os alunos. No momento em que recarregava a munição da arma, algumas crianças conseguiram escapar da sala.
Alunos de outras turmas custaram a entender o que se passava. “Pensamos que era bombinha porque teve uma época que jogavam bombinha na escola. Pensamos que era brincadeira, fomos ver o que era a turma do lado começou a sair um monte de gente baleada, sangrando muito. Todo mundo parou em estado de choque. Um garoto estava se arrastando e morreu no meu pé”, contou Bruna Vitória, de 14 anos.
Do lado de fora, um homem ouviu o que pareciam ser tiros e ligou a câmera do celular. O vídeo que ele gravou foi postado no site Youtube. Ele registrou também a chegada dos policiais.
Em poucos segundos, os alunos começam a deixar o prédio. Algumas crianças feridas aguardavam socorro do lado de fora da escola. A menina Jade estava no colégio, no primeiro andar. “Aí ele chegou falando assim: ‘Vou matar vocês’. Eu escutava muitos tiros e um monte de crianças gritando”, lembrou. Ela contou que ao tentar fugir do assassino, só pegou a caneta que usava na aula de ciências. “Quando eu ia subir para o segundo, aí eu fui lá e falei assim: “Meu Deus o que será que vai acontecer comigo?’, eu falei para minha amiga. A gente subiu e nisso ele ia atirando no pé das crianças para não subirem e mandando as crianças virarem para a parede que ia atirar nela. E as crianças falavam: ‘Não atira em mim, por favor, por favor, moço’. Ele ia lá e atirava na cabeça das crianças. Tinham muitas crianças mortas e também uma cachoeira, muito sangue, crianças agonizando na escada. A gente subiu e tinha uma menina caída na escada. Eu dei a mão para ela e a gente foi subindo, mas ela não estava ferida. Aí nisso, estava eu e meus colegas, a gente subiu, entramos na sala e ele estava carregando a arma. Nisso que ele estava carregando a arma, eu corri mais rápido, entrei na sala. O professor trancou a porta, botou cadeira mesa, estante, o armário, caderno, tudo… Mandou todo mundo abaixar, ele abaixou também. E vários alunos também estavam desmaiados na sala de sala. Acontecendo um monte de coisa, gritavam. E o professor falava ‘Não gritem, não gritem, silêncio’. Eu agachei e fiquei desenhando uma casa na minha mão, com a única coisa que eu consegui pegar”, relatou Jade.
A polícia vasculhava o prédio e não demorou a encontrar Wellington em um corredor. O assassino disparou contra os dois PMs e fugiu. Em uma escada que dá acesso ao segundo andar, ele foi alvejado pelo sargento Márcio Alves.
“Seguimos aqui para a escola. Quando eu cheguei, já estavam ocorrendo os tiros. E, no segundo andar, eu encontrei o meliante saindo de uma sala. Ele apontou a arma em minha direção, foi baleado, caiu na escada e cometeu um suicídio logo após”, descreveu.
O cinegrafista amador continuava gravando imagens do lado de fora e registrou o que pareciam ser tiros. Crianças continuavam esperando atendimento. O autor do vídeo conseguiu entrar no colégio. Uma mãe gritava em desespero.
Pamela, de 13 anos, contou que os alunos se esconderam no auditório no último andar. “A gente entrou no auditório e ficou quieto. Sentados no chão. Trancou a porta. Botaram as mesas e os armários”.
A escola foi interditada logo depois do socorro a alunos e funcionários. Peritos passaram o dia todo lá dentro colhendo informações para a investigação. Logo na entrada há câmeras do circuito interno de TV e o computador com as imagens já está com a polícia.
Mesmo os policiais mais experientes, deixam a escola impressionados. Eles dizem que o cenário é de guerra, com carteiras espalhadas pelo chão. Há muito sangue nos corredores.
Nas imagens do circuito interno de TV, Wellington aparece no corredor recarregando o revólver e entrando na sala de aula. Depois, carrega a arma mais uma vez e volta para a sala onde estava. Em outra sequência, o primeiro policial militar aparece com um fuzil na mão. Atrás deles, outros dois PMs dão cobertura. O policial entra na sala e ajuda os alunos a escapar.
O secretário de Saúde do estado, Sérgio Côrtes, ficou chocado com a situação das crianças: “Tiros que são fatais: face, tórax e abdômen. Nós temos diversas crianças que tiverem tiro na face. É uma violência totalmente desmedida”, declarou.
O menino Mateus Coelho ainda tenta entender como escapou do massacre. “Ele procurava as pessoas, mirava na cabeça e atirava. Matando meus colegas e eu pedindo a Deus para ele não me matar. Na hora que ele estava recarregando a arma, apavorando, quando ele voltava eu falava toda hora. Ai na segunda vez ele falou: ‘Fica tranquilo, gordinho, que não vou fazer nada contigo não’. Ele falou assim mesmo”, contou.
Um morador da área entrou no prédio logo após o ataque e gravou imagens. Em meio ao tumulto, pais, professores e policiais militares ajudavam a retirar os alunos. Muitos deles estavam feridos. Na confusão, é possível ver o corpo do atirador, Wellington Menezes de Oliveira, morto na escada.
Da redação CN com informações do JN / fotos: Terra