De acordo com informações do deputado estadual Tom Araújo (DEM), os vintes municípios localizados na região do sisal, além dos integrantes da região de Jacobina e Campo Formoso, estão mobilizados para participarem nesta quinta-feira (12), da reunião da Comissão da Agricultura, que será realizada no Centro Cultural Ana Rios, na cidade de Conceição do Coité, começando ás 09hs.
O democrata considera a reunião de muita importância, pois a produção de sisal, que no passado alavancou o crescimento de inúmeras cidades do interior, vem enfrentando um duro processo de decadência e crise sem precedentes. “A falta de investimentos em novas tecnologias para a extração da fibra, aliada à estagnação na renovação da mão-de-obra, são as principais causas da drástica redução das exportações num setor em que a Bahia detém nada mais nada menos do que 92% do mercado nacional”, afirmou.
Segundo o parlamentar, para se ter uma ideia do quanto o cenário é trágico para a economia do estado e do país, em 1970 o Brasil produzia 210 mil toneladas de fibra de sisal e produtos acabados, a exemplo de tapetes e sacos. Em 1980, o número caiu para 177 mil toneladas. Em 1990, a produção foi de 150 mil. E, em 2010, alcançou o patamar de 66,2 mil. “Estes são dados relativos à exportação, visto que mais de 90% do que é produzido no país embarca para países como a China e EUA, os maiores mercados de consumo do mundo”, falou.
De acordo com o deputado, a tendência, se nada for feito para incentivar o setor, é que a crise se agrave ainda mais, prejudicando cerca de 500 mil pessoas que ainda sobrevivem do sisal no entorno de toda área plantada no país. “Vale lembrar que estamos falando de pequenos e médios produtores, que são responsáveis por praticamente a totalidade do que é plantado e extraído na Bahia e no Brasil”.
Ele disse também, que além da queda na produção, resultado do alto custo da extração nos campos de sisal, a crise e a falta de atratividade tem remanejado muita gente do sisal para outras culturas ou setores econômicos em crescimento, a exemplo da construção civil. “Hoje, a média da faixa etária dos produtores e dos que trabalham na extração da fibra de sisal gira em torno de 45 anos. Os mais jovens perderam o interesse em extrair a fibra. Estima-se que 70% das pessoas que trabalhavam com o sisal tenham abandonado a cultura nos últimos dez anos”, falou.
Para ele, isso se deve ao fato de que a máquina utilizada para extrair a fibra é a mesma há 60 anos. Ele lembrou também que países que produzem menos, a exemplo da China e México, já contam com máquinas automatizadas e mais seguras e um dos desafios da Secretaria de Ciência e Tecnologia da Bahia é incentivar o aperfeiçoamento tecnológico para a produção em escala de máquinas mais modernas. “Isso é tão ou mais importante quanto pesquisas que garantam o aproveitamento de 100% da folha do sisal. Hoje, as fibras representam apenas 5% da planta, que pode ser utilizada até para a fabricação de inseticidas”, destacou o democrata. Ele confirmou que o secretário Paulo Câmera, estará presente no evento.
Além do titular pela pasta de Ciência e Tecnologia, confirmaram as presenças representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais (Sindifibras), além de produtores e exportadores.
“Como deputado estadual representante da” região sisaleira, vou propor que o governo do estado firme parcerias internacionais para buscar o aperfeiçoamento tecnológico para extração da fibra de sisal, o que é fundamental para o crescimento da produção e a renovação da mão-de-obra”, garantiu.
Ele salientou que uma das soluções pode ser a abertura de uma concorrência internacional para a compra de máquinas automatizadas por parte do governo. “Vou lutar ainda pela criação de linhas de financiamento, pois o sisal nunca recebeu a atenção dispensada por outras culturas, a exemplo do cacau. Não podemos deixar o sisal morrer. Se isso acontecer, toda a região sisaleira sofrerá um duro golpe com catastróficos efeitos econômicos para todo o estado. O desafio é garantir que a Bahia volte a produzir sisal como no passado pujante, promovendo o crescimento sustentável e viabilizando que os homens mais simples do campo possam permanecer em suas terras e depender cada vez menos do assistencialismo governamental”, finalizou.
Da redação, com informações do Bahia Noticias.