Diferentemente dos 500 mil trabalhadores que saíram às ruas de Chicago, nos Estados Unidos, no dia 1º de Maio de 1886, exigindo a redução da jornada para oito horas de trabalho, resultando na ação policial que reprimiu a manifestação, dispersando a concentração, depois de ferir e matar dezenas de operários.
Neste domingo,1, cerca de cinco mil trabalhadores e trabalhadoras rurais residentes no município de Riachão do Jacuípe, se reuniram em frente ao Sindicato e receberam a benção do diácono Cláudio em seguida participaram de uma caminhada, que saiu da Rua 14 de Agosto, onde fica a sede do Sindicato da classe, passando pela Eliel Martins, JJ Seabra, Aurélio Rodrigues Mascarenhas, até a Praça da Matriz, agradecendo as conquistas e tornando público suas reivindicações. Este ano, o Sindicato reivindicou a reabertura e reforma do Ginásio de Esporte e a utilização do prédio público, onde funcionou o posto da Secretaria da Fazenda, hoje totalmente abandonada. Eles pediram que o governo usasse o espaço com a EBDA ou ADAB, que funcionam em casas alugadas.
O líder sindical Thedomiro Paulo usou o microfone para lamentar que um ano ja se passou quando foi entregue documentos reividicando a restauração da ponte sobre o Rio Sacrariu que está correndo risco de desmoronar a anos e segundo ele houve muita promessa e nenhum resultado de trabalho da recuperação. ” Desta vez não vou entregar na mão de prefeito, vou deixar os documentos com Cláudio Bastos presidente da FETAG para ele mesmo fazer o encaminhamento para ver se esse projeto vai em frente”, disse o diretor e em seguida passou os documentos para Bastos para que ele entregasse a qualquer deputado que quisesse “botar os projetos pra frente”
Todo este apelo de Theodomiro foi acompanhado pelo deputado federal Daniel Almeida, que ao fazer uso da palavra disse que viajou recentemente com Wagner para Juazeiro e ele disse que a prioridade do governador é concluir as obras que estão paralisadas, disse também que o chefe do executivo estadual não assinará nenhuma nova obra sem que antes conclua as que estão em andamento.
O deputado “comprou a briga” para a reforma do ginásio de esportes, pois ficou sabendo que fazia parte das reivindicações e prometeu manter contato com Raimundo Nonato ( Bôbô) presidente da SUDESB e filiado ao seu partido PCdoB garantindo a reforma ” e se nosso amigo Bôbô não tiver disponibilidade de recursos existe as emendas parlamentares e eu posso colocar dentro desse orçamento para recuperar o ginásio. Almeida reforçou que a sua afinidade com o ministro Orlando Silva (do Esporte) e este assunto será levado ao seu ministério. O custo da obra fica entre R$ 120 e R$ 150 mil.
Foram muitas reividicações feitas pelo sindicato, entre elas está também o aproveirtamento da sede da antiga secretaria da fazenda abandonada há anos e tomada pelo mato em pleno centro da cidade. Segundo Renivaldo Miranda (Reninho) “como pode algo de propriedade do governo se acabando e orgãos como EBDA e ADAB em prédios alugados?”Questionou.
As reivindicações aconteciam no alto do trio elétrico na presença de representantes políticos de todas a frentes. Estiveram no mesmo ambiente todos os pré candidatos a prefeito em 2012 acompanhados de correligionários.
Um momento raro em Riachão e de modo especial na festa promovida pelo sindicato foi a presença de político em cima do trio, neste domingo subiu o deputado estadual Paulo Azi (DEM) federal Daniel Almeida (PCdoB) prefeito Lauro Falcão (Laurinho) e Tânia Matos derrotada em 2008 e que deve sair candidata mais uma vez a prefeitura do município. Tânia, foi bastante aplaudida quando subiu ao trio e o mesmo público que aplaudiu a viúva de Valfredo Matos, vaiou o prefeito Laurinho em seu discurso, e as vaias pararam com o pedido da mesma.
O prefeito Lauro Falcão teve a paciência de ouvir as críticas e reivindicações e até vaias, mas ao se pronunciar justificou os problemas que são alvos de criticas no município, mas disse que está seguro que os projetos do matadouro, lacticínio, ponte do Ponto Novo e agência da Caixa tudo vai acontecer. Laurinho pediu ao locutor Valdemí de Assis para ler o diário oficial da união de 07 de janeiro 2011 dando conta que já esta encaminhado a restauração da ponte que anteriormente foi debatida por Thedomiro cujos documentos foram entregues ao presidente da FETAG.
Segundo o prefeito não tem mais nada fazer a não ser esperar o momento da liberação dos recursos através do Ministério da Integração Nacional. ” Enquanto isso vamos mobilizar nossos engenheiros, os orgãos de meio ambiente para ver a possibilidade de abrir um desvio para isolar a ponte até que seja recuperada.
Atentos no meio do povão, estavam Raimundo da Caixa e Zé Filho, possiveis nomes a sucessão da prefeitura municipal. O deputado Tom Araújo também se fez presente e cumprimentou os trabalhadores.
O presidente da FETAG foi o último a usar da palavra e disse que não ira faltar luta por parte da entidade para que os projetos sejam encaminhados. Pediu a união de todos e convocou os trabalhadores para participarem do Grito da Terra Bahia e Grito da Terra Brasil em Brasília para que unidos possa fortalecer a luta.
As reivindicações também foram expostas em cartazes sobre tudo o pedido da restauração da Ponte do Rio Sacrariu e conclusão da estrada Riachão / Serra Preta.
Vestida com uma fantasia em forma de árvore estava a senhora Anália Ferreira de Souza, 63 anos, natural de Riachão. Segundo ela foi as ruas protestar contra a decisão do prefeito em cortar arvores do município, com destaque para a algaroba em frente a câmara municipal, que segundo ela quando comecei me entender como gente, já via aquela árvore ali e não aceitei a forma como a prefeitura fez, usar a moto serra para derrubar e causar esse grande mal ao meio ambiente” disse indignada.
A aposentada disse que precisa se tomar uma atitude urgente, ela vem fazendo sua parte e todos os meios legais ela já foi para tentar combater essa forma criminosa que seus netos e de toda a população irão sofrer as consequências.
Exemplo de superação – Manoel dos Santos, 56 anos, morador da Fazenda Malhada não reivindicou, nem protestou nada, ele só se divertiu. Ao som do trio elétrico era só alegria. Mas que felicidade era aquela, naquele homem mutilado dos dois braços? Eu, Raimundo Mascarenhas resolveu entrevistá-lo e ele falou do sofrimento que viveu ao longo dos anos. Um fato curioso é que ele perdeu parte do braço direito quando faltava dois meses para completar 16 anos, trabalhando no motor de sisal. passado quase duas décadas ele soltava fogos de artifícios que explodiu em sua mão.
Conta que ficou um homem praticamente inútil, tudo dependia das pessoas até para fazer a barba esperava a boa vontade de alguém, ” até que um dia resolvi tentar fazer minha barba sozinho, adaptei um aparelho a um elástico e deu certo, hoje faço barba em cinco minutos e assim passei a usar outros objetos como garfo e faca e trabalho no campo como qualquer outro homem” contou.
Manoel disse que é católico e costuma ir a missa dominical e com referência a festa não vai em nenhuma, somente a festa do sindicato. Não venho pra rua no são João, na virada de ano, no natal em nada só no dia do trabalho a que eu mais gosto” contou.
O movimento dos trabalhadores vem crescendo a cada ano, segundo o assessor sindical conhecido por Biloskinha da Bahia, a “festa do sindicato”, como é chamada começou em 1982, com reuniões festivas dentro da sede da entidade. Com passar dos anos, passou a ser na frente do prédio e 1996, começaram a realizar caminhada, sendo feita diversas paradas para apresentação de reivindicações, em especial, em frente dos prédios públicos.
Com visível crescimento, há cinco anos, começou a ser animada por trio elétrico e, pela dificuldade de acesso nas ruas dos bairros, o trajeto foi resumido, percorrendo apenas um quilometro, até a Igreja Matriz, onde aconteceu a concentração.
No percurso, os trabalhadores exaltaram as bandeiras e ferramentas de trabalho, cantaram músicas da luta campesina. As faixas mostraram a indignação contra os problemas que estão enfrentando e também agradeceram as conquistas.
Concentração – Na Praça da Matriz, foi montada uma estrutura para realização da Feira da Agricultura familiar e um palco, onde os trabalhadores apresentaram suas culturas populares, a exemplo do samba de roda, cantiga de reis e de roda. Populares aproveitaram o movimento e mais de 87 barracas para venda de lanches, bebidas, água, pipoca e até almoço, foram montadas na local.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas