Herói, carrasco, vilão, amarelão. Quando um jogador entra em campo para disputar um clássico, ele está sujeito a terminar a partida com um desses rótulos. Neste domingo, 30, às 16h, em mais um Ba-Vi decisivo, dois jogadores surgem como fortes candidatos à protagonista no Barradão. Não por desejo pessoal, mas pela necessidade que o duelo em si impõe.
Do lado tricolor, o atacante Souza é ‘o cara’. Apesar de contestado por grande parte da torcida, é o artilheiro do Bahia no torneio (4 gols) em que os tricolores sonham com o fim de um jejum de dez anos sem títulos.
O grandalhão Souza é a aposta porque o triunfo rubro-negro em Pituaçu (1 a 0) no último domingo força o Bahia a vencer por dois gols de diferença hoje. Tarefa complicada, como os números comprovam.
Entre os anos de 2000 e 2010, os rivais decidiram o Estadual cinco vezes, sempre com o Vitória na vantagem de dois empates para levar a taça. Coincidência ou não, em todas o Leão se deu bem. “O tabu está aí para ser superado. Nosso intuito é esse”, afirmou Souza.
O número 9, por sinal, diz não estar nem um pouco preocupado com a responsabilidade atribuída a ele. “Sei da minha importância e quero ajudar. Mas preciso que a bola chegue em mim. Se chegar, deixa que eu resolvo”, garantiu o carioca.
El Paredón – Do lado rubro-negro, cabe ao goleiro Viáfara, mais do que nunca, fazer jus ao apelido de El Paredón. Situação que não parece ser tão árdua. Em 13 jogos pelo Baianão, o colombiano sofreu apenas 11 gols. De quebra, ainda marcou duas vezes. Em seu discurso, o arqueiro evitou falar sobre um teórico favoritismo do Vitória. “Quem vence? Não sei. Minha missão é não sofrer gols”, disse, bastante comedido.
Por sinal, o gringo passa longe de polêmicas. Comportamento bem diferente daquele Viáfara do segundo clássico do ano, dia 20 de fevereiro. Na ocasião, ofendeu o árbitro Jaílson Macedo Freitas, após o duelo vencido pelo tricolor por 2 a 0, em Pituaçu. Resultado: quatro jogos de suspensão, punição imposta pelo Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia.
“Já passei por muita coisa, não quero ser alvo de polêmica mais não, mesmo que muitas pessoas tentem isso. Quero evitar expor ainda mais minha filha e mulher . É duro chegar em casa e minha filha perguntar porquê estão me xingando na rua”, explica. Aos 32 anos, Viáfara pode erguer seu terceiro título baiano, projeção jamais esperada pelo goleiro, que chegou ao Vitória em 2008, ano em que o clube voltou a disputar a Primeira Divisão nacional.
Ao recordar a trajetória, o goleiro lembra que, no início, a desconfiança da torcida era grande. “Quando eu cheguei aqui, eu era um desconhecido. Havia feito poucos jogos pelo Atlético-PR. Fui conquistando meu espaço no dia a dia”, relembrou. Caminho idêntico ao que o atacante Souza quer traçar. Para tanto, espera se consagrar no clássico de hoje. “Domingo (hoje) será o meu dia. Tenho fé nisso”, destacou.
Vitória x Bahia
Vitória – Viáfara; Nino Paraíba, Alisson, Léo Fortunato e Eduardo; Uelliton, Esdras, Mineiro e Geovanni; Elkeson e Nikão. Técnico: Antônio Lopes.
Bahia – Oma; Jeancarlos, Danny Morais, Titi e Ávine; Marcone, Ramon, Camacho e Lulinha (T. Moreno); Maranhão e Souza. Técnico: René Simões.
Local: Estádio Manoel Barradas, (Barradão), às 16h.
Árbitro: Wilson Luiz Seneme (São Paulo).
Assistentes: Roberto Braatz (Paraná) e Emerson Augusto de Carvalho (São Paulo).
Fonte: A Tarde