Quem passa pelo contorno do acesso a cidade de Araci com BR 116/Norte nos dias que antecipou ou mesmo no período de 23 á 26 de junho, percebeu que o “cangaço”, havia ocupado a cidade e logo no portal, uma réplica do chapéu de cangaceiro e as imagens dos seus principais personagens, Lampião e Maria Bonita, indicavam que ali estava instalado o “Arraiá do Cangaço”. Toda margem da BR 116, a rua de acesso ao centro e toda Praça da Conceição, foi ornamentada com iluminações coloridas e uma riqueza de detalhes, tudo nos seus devidos lugares, de forma que as pessoas sentissem com se estivessem verdadeiramente numa vila e na época que Virgulino Ferreira da Silva, “Lampião”, aquele que ameaçou invadir a cidade e só não aconteceu, segundo conta os historiadores locais, pelo fato de ter Nossa Senhora da Conceição como padroeira.
A festa – Por determinação da prefeita Maria Edneide Torre Silva Pinho (DEM), “Nenca”, foram contratadas 31 grupos de forrozeiros, que se revezaram entre o palco principal e coreto, que simbolizava uma praça de uma pequena cidade, porém, na autorização, a chefe do executivo determinou que elas tocassem apenas o tradicional forró pé de serra.
No primeiro dia subiram ao Coreto Cláudia Braund; Play Boys, Cobeu & Forró, Grupo Sabiá, Novo Estyllus, Amor na Rede e no palco principal Garota Sarada, Êta Nóis, Luciano Macedo e Xote Moleque.
Toda equipe de governo foi mobilizada para o êxito do evento, que reuniu por noite mais de dez mil pessoas. Foi montado um esquema especial para segurança onde envolveu as polícias Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal, que atuaram no circuito e nos bairros periféricos. Todas as noites, a Secretaria de Saúde disponibilizava uma equipe formada por um médico, um enfermeiro e uma ambulância e na manhã do dia seguinte, eram realizadas a limpeza da cidade.
Mesmo sendo oficialmente abertos os festejos na noite de sexta-feira (24), na tarde de quinta-feira (23), o bloco do Arraiá do Raso desfilou por ruas da cidade e encerrou com um forró na AABB. O ato se repetiu no final da tarde de sexta-feira, (24), com o Arrastão do Avisa.com. Estas duas atividades foram organizadas por particulares e transformadas em festas de camisas.
Outra marca dos festejos juninos, a Quadrilha Chico Doce, do Clube dos Amigos, se apresentou na sexta-feira a noite e chamou atenção, arrancando aplausos do público que assistiu ao espetáculo com coreografias que defendiam a preservação do meio ambiente e a mensagem da musica Asa Branca, de Luiz Gonzaga como tema.
Segundo o secretário de administração e desenvolvimento econômico do município, Adilson Silva Pinho, “Dicinho”, o tema do “Arraiá do Raso”, ou seja, o Cangaço foi uma ideia da prefeita, “inclusive a ornamentação, que faz questão de cuidar pessoalmente e para concretização desta beleza, Nenca conta com o apoio de toda equipe”, falou.
Segundo Dicinho, tudo é organizado para que as pessoas se sintam bem e os nordestinos são privilegiados, pois tem duas datas de confraternização: São João e Natal. “E nestes períodos a prefeita tem se preocupado e prepara a cidade para viver com emoção esses momentos”, lembrou. Segundo o secretário, tem gente que mora em São Paulo e passa todo ano se preparando para vir para o São João de Araci, “trocando o frio de lá, pelo daqui”.
Ao pousar para foto na praça montada pela Prefeitura, o secretário, ao lado da esposa Mônica Andrade Pinho e da filha Carolina, 03 anos, disse ao CN que Lampião contribuiu para o bom momento que vive o município: “Há muitos anos chegou à notícia que Lampião ia invadir a fazenda Riacho do Pereira, pertencente ao avô da prefeita e com este boato, ele fugiu e veio fixar residência aqui em Araci, trazendo com ele, o pai de Nenca. E assim, ela nasceu aqui e exerce o seu segundo mandato de prefeita com realizações que estão modificando a vida o povo”, brincou.
A prefeita festejou o sucesso do São João na sede e garantiu que, com a mesma alegria, irá encerrar o ciclo das festas juninas com a realização do São Pedro de Tapuio no próximo final de semana. “Aqui em Araci, começamos com a festa de Pedralta no final de maio, depois o Santo Antônio do Rufino, finalizando com o São João na sede e o São Pedro do Tapuio”, contou.
Nenca comemorou o resultado econômico promovido pela festa, onde todos os hotéis tiveram suas capacidades máximas esgotadas e muitas casas foram alugadas por turistas, que vieram vivenciar uma verdadeira festa junina, a base do licor, bolo de milho, fogueira e o frio provocado pela natureza e esquentado pelo forró autêntico do pé de serra.
Com a fisionomia esbanjando alegria, a prefeita falou sobre a vila cinematográfica montada em frente à sede da Prefeitura e ao falar do “Arraiá do Cangaço”, o que vem a mente é um lugar pacato localizado no nordeste onde o sertanejo esquece suas angustias na alegria de cada amanhecer e no vermelho do sol poente e com essa filosofia sertaneja, montamos a nossa vila que intitula os festejos juninos do município mostrando a tranquilidade da roça e os manejos culturais do homem do campo neste período tão festivo.
Com muita criatividade, o povoado, típico do nordeste, montado no inicio da Praça da Conceição, apresenta o estilo rústico e caracteriza as vilas por onde passavam dos cangaceiros que exploravam o nordeste e queriam ficar por alguns dias e muitos deles permaneciam até morrer.
Foi montada uma praça com areia onde foram construídas umas dez casas de taipa, dentre elas uma bodega. Foi feita também uma réplica da igreja, ficado um cruzeiro e ao lado um carro de boi que simbolizava a rusticidade da comunidade. Peças antigas, a exemplo do pilão, chapéus de palha, um velho banco de madeira e outros aparatos nordestinos ficaram expostos. Para completar o sentido do ambiente rural na vila do cangaço, foi construída uma maquete de uma cacimba e uma pequena roça onde são cultivados feijão, mandioca, milho e outras culturas do nordeste. Esta arrumação chamou atenção dos turistas, que faziam questão de registrar com a tradicional fotográfica, mesmo que neste mundo moderno, de forma digital.
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Reportagem Valdemi de Assis. Com informações do portalfolha.com / Foto: Raimundo Mascarenhas.