O Hospital Amir Passos, administrado pela Santa Casa de Misericórdia, não pôde mais receber pacientes depois das 12h de sexta-feira (03) e foi interditado para reformas emergenciais, após receber uma equipe da 12ª DIRES, que, segundo informações, constatou a necessidade de adequação para melhorar as condições sanitárias e de infraestrutura.
Ninguém ligada à diretoria da Santa Casa ou da equipe médica do Hospital foi encontrada pelo CN para falar sobre o assunto. Por volta das 23h de sexta-feira, apenas um vigilante se encontrava no Hospital e resumiu apenas em afirmar que a unidade já começou a ser reformada e precisou transferir os pacientes para o Hospital Regional.
Por telefone, o CN conversou com uma pessoa que disse está por dentro do assunto e apenas pediu para não divulgar sua identidade. A pessoa contou que há trinta dias uma equipe de fiscais da 12ª DIRES esteve no Hospital e constatou algumas irregularidades no atendimento, a exemplo da prestação de serviços de raios-X , laboratório 24 horas e na infraestrutura, exigiu reforma do centro cirúrgico e equipamentos que protejam os pacientes da infecção hospitalar. Ao retornar na sexta-feira, realizou nova inspeção e foi verificado que as solicitações não foram atendidadas, então decidiram pela interdição.
Uma extensa lista de ações de melhorias foi entregue a diretoria, tais como, retirada de azulejos, mudanças no setor hidraúlico, e melhor higienização.
A pessoa que prestou essas informações, garantiu também que tinha presenciado uma conversa entre os diretores e os mesmos demonstravam preocupação com as circunstâncias do problema, porém, decidiram apenas em fechar a unidade sem mesmo saberem o que fazer, pois os recursos recebidos dos convênios, em especial o SUS, são insuficientes para comprimirem as exigências da SESAB. “Foi por este motivo que eles não tinham começado das reformas”, explicou. O problema fica ainda maior, pois além da interdição da unidade perde tambem o convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS).
Construído pelo então prefeito (falecido) Walter Ramos Guimarães, no final da década de 70, a unidade hospitalar começou a funcionar na gestão seguinte do ex-prefeito Hamilton Rios. Mesmo construído com recursos da Prefeitura, o Hospital passou a ser conveniado de uma Santa Casa, entidade filantrópica sem fins lucrativos, fato que não agradou a oposição política da época.
Quando Diovando Carneiro Cunha (falecido) venceu a eleição em 1992 e ao tomar posse no ano seguinte, houve uma polêmica, a nova administração ingressava uma ação na tentativa de requerer o Hospital para ficar aos cuidados da Prefeitura, ficando o mesmo fechado por dois dias e sua área externa foi ocupada por máquinas da Prefeitura que lembrava o almoxarifado. Na ocasião, voltou a funcionar por decisão judicial.
Movimento intenso no Hospital Regional – Com o fechamento do Hospital Almir Passos, todo foco de atendimento na área emergencial de saúde foi direcionado para o Hospital Regional. Pego de surpresa, com a mesma equipe de médicos e enfermeiras de plantão, o atendimento na tarde e inicio da noite, quase que triplicou em relação um dia de sexta-feira normal.
Deisiele Silva do Carmo, 19 anos, residente do Bairro Sonho Meu, foi um das que “perdeu” a viagem, como ela mesma contou. Ao levar uma prima em processo de parto para o Hospital Almir Passos e ao chegar lá foi informada da situação, sendo obrigada a seguir para o Regional, onde a Rosineide Conceição da Silva, 24 anos, deu a luz ao quinto filho.
Até há 00h, foram seis partos normais, segundo a enfermeira Nete, que demonstrava cansaço enquanto falava com a equipe do CN. Também foram muitos os atendimentos com pessoas queixando de dores, vômitos, pequenos acidentes, chegando a formar filas na área de atendimento emergencial.
A preocupação agora da diretoria do Regional é a movimentação do fim de semana, quando aumenta os serviçoes de emergência.
Aguardem mais informações sobre o fechamento do Hospital Almir Passos a qualquer momento.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas