Uma morte cercada de mistérios, se tomarem como base as declarações do delegado Jorge Umbelino, de familiares e vizinhos, e de um detento que dividia a mesma cela, cujas declarações estão totalmente opostas, no que diz respeito à morte de Sidney de Santana Rocha, 26 anos, morador de São Domingos – Bahia.
Relatos preliminares segundo o delegado Jorge Umbelino, em entrevista coletiva a imprensa durante a manhã, dão conta que por volta das 02h30 da madrugada de hoje, 5, chegou ao seu conhecimento e que ainda estaria ouvido testemunhas, que o Sidney estaria muito agressivo em via pública, causando perturbação no centro da cidade, desafiando os guardas e até apedrejou o carro de propriedade do guarda municipal José Roberto Matias, 57 anos.
Os membros da guarda municipal solicitaram apoio da delegacia, no sentido de prender Sidney, conseguiram detê-lo e entregue ao policial civil Marcelo Silva Souza, que teria deixado o mesmo algemado na cela para não agredir o outro preso, e diante do seu estado de perturbação, passou a se debater contra a grade e ao amanhecer, o companheiro de cela teria chamado Marcelo e contado que o preso estaria passando mal, Marcelo então o levou para o hospital municipal e de lá transferido para Valente, a 12 km.
A transferência para Valente, segundo a Rádio Valente FM, foi por falta de médico naquele momento, mas a vítima veio a óbito no trajeto, e ao chegar ao Hospital José Mota o médico plantonista só confirmou a morte.
O delegado Umbelino disse que Marcelo agiu dentro da lei, mas que, ainda está apurando o caso. “O que for preciso irá ser feito para descobrir a causa da morte de Sidney, solicitamos do DPT exames de alcoolemia, toxicológico e outros necessários para apurar a causa da morte”, disse o delegado durante coletiva. Ele adiantou que a vítima era usuária de drogas, cumpriu quatro anos de prisão em Guarulhos – São Paulo por tráfico e estava a oito meses em São Domingos.
O guarda municipal José Roberto disse que estava na companhia do colega Salvador Gonçalves, e que Sidney bateu com uma pedra no capô do seu carro e antes de ser detido teria dito que quem mandava na rua era ele, Matias disse que não viu a vitima ser espancada, pois, depois de detido entregou a Marcelo por volta das 03h, que o levou para a cela da delegacia. Nossa equipe não encontrou Marcelo para falar sobre o assunto.
Versão do preso que dividia a cela – O alagoano Marcelo Elias da Silva Santos, 25 anos, (não fomos informados o motivo de sua prisão) estava na cela no momento que o agente Marcelo chegou com Sidney, ele, também na presença da imprensa e do delegado, aparentando está embriagado, disse que não viu espancamento, “eu estava dormindo e só acordei com o rapaz se batendo na grade e se contorcendo pelo chão e pedido que eu levantasse ele. Eu não vi apanhando, eu vi mesmo foi ele pedindo água e para eu levantar ele, pediu pra eu tirar as algemas dele, falou que não estava enxergando nada, e quando vi o cara agonizando chamei o agente ele prestou socorro”, afirmou o detento.
Desespero da mãe – A dona de casa Alaide de Santana Rocha, mãe de Sidney, estava inconformada e pedindo justiça pela morte do único filho homem, de uma família de nove. Ela chorando bastante contou que viu seu filho sendo agredido pelo policial Marcelo e outros dois que não identificou pelo nome. “Eu sair lá fora e vi, eles batendo e pedir para não fazer isso com meu filho, mas eles não paravam, puxava meu filho pelos braços no calcamento e foram chutando ele”, contou a mãe.
Questionada se sabia do envolvimento do filho com drogas, ela disse que nunca viu usando, mas confirmou que o filho cumpriu pena, acusado no envolvimento com o tráfico em São Paulo, e que nem sequer um empurrão levou, mas aqui ele foi espancado e seu apelo não foi atendido.
A mãe disse que levou o café para Sidney por volta das 08h, não viu o filho, mas segundo ela, um carcereiro teria dito que ele estava bem, ela deixou o café e foi para o trabalho, horas depois tomou conhecimento do estado de saúde do filho.
Varias pessoas disseram ter visto o rapaz sendo espancado – Uma vizinha da delegacia deu entrevista a Radio Valente FM afirmando que ouviu a vítima gritando e pedindo, não entendeu bem se “Marcelo não me mate não, ou Marcelo não me bate não”, e ouviu muito barulho característico de alguém batendo. Outro homem que não se identificou, mas disse que se preciso for vai testemunhar, disse ter visto o momento ainda próximo à residência da vítima, quando o rapaz algemado recebeu um violento soco e caiu, depois recebeu chutes quando estava no chão. Uma mulher contou na residência da mãe de Sidney que Marcelo estava muito revoltado e que aquela não era a primeira vez que o agente havia espancado uma pessoa.
Muita gente em frente ao Hospital de São Domingos dizia que a vítima tinha envolvimento com drogas e fazendo uso se tornava agressivo, mas repudiaram a forma como ele foi morto.
Por: Raimundo Mascarenhas texto e fotos * colaborou com fotos André Franco – Noticias do Sisal