Provocada pelo deputado Joseildo Ramos (PT), a Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa reuniu empresários e parlamentares, nesta quarta-feira (5), para debater a situação da silvicultura no estado. Representantes da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) foram convidados pela comissão para esclarecer algumas informações sobre a expansão do plantio de eucalipto em território baiano. A reunião durou cerca de duas horas e contou com a participação do secretário estadual de Meio Ambiente, Eugênio Splengler, do diretor da ABAF, Leonardo Genofre e de representantes da sociedade civil. “ Vemos sempre com bons olhos uma regulamentação que proporcione um ambiente positivo de negócios”, disse Genofre.
Idealizador do encontro, Joseildo demonstrou preocupação com o avanço desordenado da atividade, principalmente no território do Litoral Norte/Agreste Baiano e destacou o diálogo como importante aliado na construção de uma saída. “As empresas precisam melhorar o diálogo com os municípios e com a sociedade. Se não for assim, o nível de tensão vai ficar insuportável”, alertou. Segundo o deputado, a ausência de um marco regulatório provoca uma ocupação desordenada dos monocultivos, sem considerar as vocações do solo.
De acordo com dados da associação, a Bahia possui 13,3% da plantação de eucalipto do território brasileiro e mais 700 mil hectares de área protegida por florestas plantadas. Segundo Genofre, as exportações baianas de celulose representam U$ 1,6 bilhão, com a Europa como principal mercado consumidor. “São 30 mil postos de trabalho e R$ 39 milhões recolhidos em impostos estaduais”, afirmou. Ao demonstrar os dados, Genofre disse temer que uma regulamentação provoque o declínio da atividade no estado e que o licenciamento ambiental já cumpria essa função. Apesar de ressaltar a importância da cadeia econômica do setor, o secretário estadual de Meio Ambiente Eugênio Splengler, refutou a afirmação. “ Não podemos demonizar esse tipo de cultivo. É uma atividade econômica necessária, mas como qualquer outra atividade, precisa de regras para seu desenvolvimento”, ressaltou.
Splengler defendeu a verticalização da produção de celulose e ampliação da cadeia produtiva para além da exportação da matéria-prima e alertou para um possível estrangulamento da produção de outras atividades no estado. “ O investimento externo não pode sufocar os arranjos produtivos locais”, disse. Joseildo também fez questão de afirmar que não se trata de algo contra a atividade. “ Não temos nada contra a silvicultura. Sabemos da sua importância, mas sem o marco regulatório podemos ter problemas no futuro”, emendou. A concertação em torno de uma saída, pelo menos para o litoral norte, pode começar em novembro. A pedido do deputado Joseildo, membros da ABAF, da Secretaria do Planejamento (Seplan) e da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) devem visitar Alagoinhas para um encontro com lideranças políticas, presidentes de associações e sindicatos. O objetivo é iniciar a construção de um acordo, assim como foi feito no extremo sul do estado, para disciplinar o uso do solo na região.
Fonte:assessoria