Na próxima terça-feira,20 de dezembro um grande ato público na cidade de Petrolina (PE) vai mostrar a força do povo do semiárido. A Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA Brasil) está mobilizando agricultores (as) e representantes da sociedade civil de todos os estados que formam o semiárido brasileiro para uma manifestação contra a decisão do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) de não renovar os Programas de Formação para a Mobilização Social, Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).
A decisão do MDS foi anunciada no dia 08 de dezembro e pode levar ao fim uma parceria de nove anos, estabelecida ainda no Governo Lula, e que já levou água de qualidade para 2 milhões de pessoas em 1076 municípios, gerando renda para 12 mil pedreiros e pedreiras. Na Bahia 84.111 cisternas já foram construídas.
Cisternas de Plástico – O ato público também vai protestar contra a decisão do Governo de implantar cisternas de plástico PVC no semiárido, em substituição às cisternas de placas. “Consideramos isso um retrocesso, o que pode gerar um retorno claro e nítido a velhas práticas da indústria da seca, onde as famílias são colocadas novamente como reféns de políticos e de empresas, tirando-lhes o direito de construírem sua história. É também uma tentativa de anular a história de luta e mobilização no semiárido, devido à incapacidade do próprio governo em atuar com ONGs, sem separar o joio do trigo, e não ter, até hoje, construído um marco regulatório para o setor, uma das promessas de campanha da presidente Dilma”, destaca a ASA.
A implantação das cisternas de plástico não garante a qualidade da água e pode custar o dobro da cisterna de placa, além de acabar com todo o processo de mobilização social e geração de renda para as comunidades rurais.
Na comunidade do Canto, em Serrinha, a família da agricultora Maria José da Silva, 49 anos, foi a segunda família a ser beneficiada com a cisterna de placa, no ano 2000. Já se passaram 11 anos e a cisterna continua lá, guardando água de qualidade para o consumo da família. A agricultora afirma que ganhar a cisterna foi a maior felicidade de sua vida. “Nasci e me criei acordando às 4 horas da manhã para pegar água bem longe, mais de 1 km. Com a cisterna tudo mudou, passei a ter mais tempo para cuidar da casa e dos filhos”, conta Maria José que é contra a cisterna de plástico. “Eu acho que não vai dar certo essa cisterna de plástico no semiárido porque não vai durar muito. A minha está aqui até hoje, 11 anos depois”.
Fonte: MOC