Enquanto as 16 toneladas de maconha e o meio quilo de haxixe, apreendidos há quase uma semana em Cafarnaum e Canarana, eram incinerados nesta quinta-feira (29), na Cerâmica Nordeste, localizada na BR-324, próximo a Feira de Santana, investigadores do Departamento de Narcóticos (Denarc), ainda em Cafarnaum, encontraram mais meia tonelada de maconha abandonada numa das duas fazendas naquele município, onde ao lado de uma terceira propriedade rural, em Canarana, houve, entre os dias 21 e 24, a maior apreensão da droga já feita no Nordeste brasileiro.
Cem cabeças de gado também foram deixadas pelos traficantes em Cafarnaum e, a exemplo dos quinhentos quilos de maconha encontrados hoje, os animais estão à disposição da Justiça local, segundo informou o diretor do Denarc, delegado Jorge Figueiredo. As rezes estavam famintas e com sede e ao revolverem o terreno, circulando por uma área de pasto, possibilitaram a localização da maconha dentro de sacos enterrados e cobertos com lona.
Moradores da região confirmaram que o gado pertence aos donos da fazenda onde havia plantio de maconha. Levada para a Delegacia Territorial de Cafarnaum, a droga será encaminhada para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) em Irecê, onde será periciada e, posteriormente, incinerada com autorização da Justiça. Já os animais ficarão na área de outra fazenda, cedida para o confinamento, com o conhecimento do Ministério Público, podendo ser convertidos em benefício de alguma instituição.
Incineração
Iniciado às 8 horas desta quinta-feira, na Cerâmica Nordeste, o processo de incineração das mais de 16 toneladas de maconha e de meio quilo de haxixe foi coordenado pelo Denarc, após autorização judicial. Acondicionados pelos traficantes em 3 mil sacos, os 16 mil e 15 quilos da maconha pronta para consumo e o haxixe foram transportados até os fornos da cerâmica em caminhão baú, sob escolta de equipes da Coordenação de Operações Especiais (COE). A incineração foi comunicada oficialmente ao Poder Judiciário, Ministério Público, Corpo de Bombeiros, Departamento de Polícia Técnica (DPT), Diretorial Regional de Saúde (DIRES) e Secretaria de Meio Ambiente de Feira de Santana, tendo todas estas instituições encaminhado representantes até a Cerâmica Nordeste.
“Salvador e cidades litorâneas da Região Metropolitana seriam o destino desta grande quantidade de drogas destruída nesta quinta-feira”, informou o delegado Jorge Figueiredo, salientando que a maconha e o haxixe renderiam aos traficantes, conforme estimativa da polícia, cerca de R$ 8 milhões. As investigações indicam que alguns dos proprietários das roças, cujas identidades continuam mantidas em sigilo, são procedentes de dois estados nordestinos.
Mais de 10 mil pés da erva, com cerca de 1,5 metro de altura foram erradicados nas três propriedades rurais e incinerados no local, na sexta-feira (23). Preso em flagrante, o caseiro José Marcos Rodrigo dos Santos, 33 anos, empregado da Fazenda Boa Nova, no povoado de Alecrim, em Cafarnaum, permanece custodiado na 14ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Irecê). Somente nesta propriedade foram apreendidos 10 toneladas e 440 quilos de maconha.
Figueiredo também apurou que a droga apreendida seria transportada para Salvador e Região Metropolitana camuflada em cargas de frutas, sendo aguardada por traficantes locais em pontos estratégicos, para comercialização durante o Verão e o Carnaval. “Integrantes de toda esta rede de tráfico, entre Cafarnaum, Canarana e a capital, estão sendo investigados”, explicou o diretor do Denarc, ressaltando que, além da quebra da estrutura financeira, os plantadores da maconha, tiveram desapropriadas fazendas, perderam a produção e os equipamentos para plantio e colheita.
Mandado
As investigações do Denarc começaram no final de setembro, tendo o delegado Jorge Figueiredo solicitado à Justiça mandado de busca e apreensão. Com parecer favorável da promotora Edna Márcia Souza Barreto de Oliveira, o mandado foi decretado pela juíza Elys Christianne Esperon de Miranda Rosa, da Comarca de Moro do Chapéu, no dia 15 deste mês. Equipes das polícias Civil (Denarc, COE e 14ª Coorpin) e Militar (Graer, Cipe/Semiárido e CIPM/Irecê), totalizando um efetivo de 70 pessoas, chegaram às três fazendas, na última quarta-feira (21), onde a maconha era irrigada através de sistema de gotejamento.
Ao perceberem a proximidade dos policiais, os responsáveis pelo cultivo das plantações conseguiram fugir pela vegetação de caatinga fechada, deixando para trás mochilas com roupas e outros pertences. Também foram apreendidas prensas industriais, balanças, bombas de irrigação, sementes e ferramentas, além de um Gol e uma motocicleta. Estima-se que cerca de 20 pessoas, a maioria procedente de outros estados, trabalhavam no plantio e colheita da maconha em cada roça.
Fonte: SSP/BA