O caminhoneiro João Silva Araújo, 57, natural de Conceição do Coité, morto com um tiro deflagrado pelo mecânico conhecido pelo vulgo de Cal, residente na cidade de Candeias, onde trabalha em uma oficina mecânica chamada de Cal Volvo que presta serviços a veículos pesados, a exemplo de caminhão e carreta, foi sepultado no final da tarde de sábado (21), no cemitério da cidade de São Domingos, onde residia com a família.
O sepultamento saiu da Rua Tertuliano Carneiro e foi acompanhado por colegas, amigos e familiares. Na porta da casa, foi fixado um cartaz com diversas fotos de João de Nozinho, como era conhecido, demonstrando o quando gostava da família e da profissão, que começou com uma caminhonete C 10, transportando sisal, esterco e mudanças, até se familiarizar com as rodovias.
Durante o trajeto do sepultamento, o proprietário da carreta onde João de Nozinho foi baleado, Renildo Costa Rios, contou ao CN à versão que ouviu do funcionário Manoel Messias Nascimento Sampaio, 47 anos, que dirigia o veículo no momento do incidente. Com os novos fatos expostos, muda toda versão contada anteriormente, após João e Messias darem entrada no Hospital Cleriston Andrade e mesmo sem ser anunciado assalto, Renilton não descarta esta possibilidade.
Ele contou de acordo com o que ouviu de Manoel Messias, que tudo começou na cidade de Candeias quando o mecânico Cal pediu uma carona até Feira de Santana dizendo que estaria indo comprar peças e consertar um caminhão e o pedido foi aceito, pois, o mesmo era conhecido e já tinha feito um serviço na carreta. “Este serviço foi prestado a mais ou menos noventa dias e nós pagamos através de deposito bancário conforme combinado”, lembrou Rios.
Ao longo do trajeto de aproximadamente 80 km pela BR 324, Messias veio conversando com Cal sem tratar de nenhum assunto referente a débito e, conforme combinado anteriormente, João estava no ponto do Posto Conterrâneo aguardando a carreta para uma carona até a cidade de São Domingos, onde ficaria parte do combustível que estava sendo transportado.
Ao aproximar de Feira de Santana, já com João de Nozinho na cabine, Messias, questionou onde Cal iria ficar e o mesmo sacando uma pistola 380 determinou que voltasse para Candeias, pois tinha um débito para ser pago e iria ficar com a carreta. “Messias tentou negociar dizendo que o débito não existia mais que ligasse para o patrão ou fosse até uma Delegacia e deixasse o carro, mais Cal disse que não, queria a todo custo que voltasse sentido Salvador”, falou Renildo.
Ao passar pelo bairro da Cidade Nova, próximo a passarela Conceição Lobo, onde Tiago e Sérgio, funcionários de um posto da rede sediado em Jacobina o aguardava, também estavam esperando uma carona, Manoel Messias passou sem lhes dar atenção, de acordo com acerto feito por telefone minutos antes e retornou no primeiro contorno,para que os dois colegas entendessem o que estava acontecendo. Neste momento, Tiago e Sérgio fizeram várias ligações para o celular de Messias, que não mais atendeu.
De volta sentido Salvador na BR 324, isto por volta das 15h, à discussão entre os dois ficou acirrada e João permanecia em silêncio, foi obrigado a deitar no piso da cabine, conforme ordenara Cal e ao se aproximar do Posto São Gonçalo, Messias passou a trafegar pelo acostamento e iniciou uma luta corporal com o mecânico, momento onde foram disparados quatro tiros, acertando um na altura do umbigo de João e dois de raspão em Messias, que ainda estava na condução da carreta.
Com veiculo em movimento, Cal desceu da carreta, porém deixou cair na cabine duas balas da pistola e mesmo assim tentou retornar para concretizar o fato, sendo impedido pelas pessoas que estavam no largo do posto e correram para ver o que estava acontecendo. Na confusão, Cal deixou cair também um celular que ele vinha atendendo as constantes ligações durante o trecho Candeias/Feira de Santana e quatro cápsula das balas disparadas. .
Em nenhum momento foi anunciado assalto e o assunto que culminou com este fato foi à cobrança de uma dívida, que Renilton afirma que foi paga e tem o comprovante do deposito bancário. O empresário voltou a repetir que não descarta a hipótese de assalto, pois vem acontecendo em média três casos por semana de assaltos a caminhões que transportam combustíveis.
A lamentação das pessoas durante o sepultamento era o fato da morte sem que João de Nozinho tivesse nenhum envolvimento com a questão. Para os colegas e familiares de João de Nozinho, como é conhecido o caminhoneiro, se concretizou com ele o ditado popular que diz que estava no lugar e na hora errada, numa referencia as circunstâncias como o crime ocorreu.
O caminhão Mercedes Benz 1516, de propriedade de João de Nozinho, já estar em São Domingos e a carreta seguiu para o Distrito do Batata sem que fosse feito o laudo pericial, resumindo apenas, segundo Renilton, no registro do Boletim de Ocorrência nº 050 no Posto da Delegacia do Distrito de Humilde e a determinação que podia tirar a carreta do local e seguisse viagem.
Manoel Messias, não precisou ficar internado e após receber atendimento médicos foi para casa de parentes em Feira de Santana e na manhã de sábado seguiu para sua residência na cidade de Várzea Nova.
Os dois foram socorridos por ambulância da Via Bahia, concessionária que administra o trecho Feira/Salvador, da BR-324 e foram levados para o pronto socorro do Hospital Clériston Andrade, onde João faleceu. No laudo cadavérico foi confirmada a morte de João de Nozinho por disparo de uma única bala e não três com foi anunciada anteriormente.
Por: Valdemí de Assis