O pré-candidato a prefeito pelo PT no município de Nordestina, o comerciante proprietário uma Farmácia e é o responsável pela franquia da casa lotérica, Rivail César Andrade, denuncia à existência de comunidades rurais, algumas bem próximas da sede do município, sem serem beneficiadas pelo programa luz para todos. Rivinha, como é conhecido, apoiou em 2008 o atual prefeito Wilson Araújo,que obteve 59,24% dos votos válidos. Segundo ele, pela forma como vem conduzindo a gestão pública, iniciando e não concluindo as obras, sempre ausente no município, resolveu colocar seu nome para apreciação popular e dentro das possibilidades, mesmo sem mandato, buscar soluções para problemas que vem atrapalhando a vida das pessoas.
É impossível, diante dos investimentos feitos pelos governos do estado e federal no programa luz para todos, saber e ficar quieto diante da realidade da Comunidade do Caldeirão, conhecido também como Primeira Vargem, situada a 07 km da sede, onde moram 15 famílias e vivem “iluminados” por motor a diesel. Recentemente o motor quebrou, foi feito por parte da comunidade uma apelo para a Prefeitura consertar e ficamos sabendo que a resposta foi à falta de recurso e tivemos que fazer isto do nosso bolso. Esse foi um jeito que encontramos para não deixar nossos amigos no escuro”, desabafou o comerciante.
Este gesto de Rivinha por pouco não causou um constrangimento maior, pois, o assunto chegou à polícia e ele foi acusado de pegar o motor e o problema não se alongou, porque no dia seguinte o mecânico havia concluído o serviço e colocado no local. ”Todo serviço custou apenas R$ 220”, revelou Rivinha.
O equipamento é ligado ás 18h e funciona até 22h, criando situações vantajosas e prejudiciais. Para o agricultor Jurandir Oliveira de Santana, 53 anos, o sistema de energia a motor tem lhe ajudado, mas as vezes atrapalha muito,pois a casa das máquinas fica vizinha sua residência e não consegue dormir enquanto estiver ligado por causa do barulho.
“Parece que a gente vive bem longe do mundo moderno. No natal de 2011 e na virada do ano de 2012, passamos no escuro, pois o motor estava quebrado. Veja se isto tem cabimento”, questionou a aposentada Maria José Oliveira, 70 anos.
Dona Elisabete Andrade da Silva,30, 02 filhos,gosta de vê as novelas, mas não sabe contar um capitulo por inteiro, pois ás 22h desliga o motor e o “jeito é deitar na base do candeeiro”, falou Elisabete.
A jovem Márcia Araújo, estudante do Colégio Plínio Carneiro, não sabe contar às vezes que teve que ficar estudando a “luz de vela”. “Quando alguém me pergunta onde moro, eu digo, porém não falo que ainda não tem energia elétrica, pois fico com vergonha”, desabafou a jovem de 16 anos.
O morador mais velho da comunidade, com algumas deficiências físicas, inclusive com problemas de visão, Antonio Oliveira, 84 anos, carinhosamente chamado de Bitonho, disse ao CN, que promessa tem muita e há muitos anos.
De acordo com o site da COELBA, a obra estar em planejamento e deverá atender 42 famílias e o custo avaliado em R$ 496.417,33 mas não apresenta datas para execução e isto levou o novo líder político Rivail César Andrade à procurar o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAG), Cláudio Bastos, a interferir neste projeto, pois a comunidade é formada basicamente por pequenos agricultores e vivem unicamente na luta da terra.
Rivinha, como é conhecido o pré-candidato também destacou a comunidade de Baixinha, situada a 23 km da sede de Nordestina, uma área de garimpo, onde moram 50 famílias, ou seja, aproximadamente, 280 pessoas e semanalmente circularam R$ 250 mil, tornando a principal geração de renda do município. “Este dinheiro é quem aquece o comércio e este povo vive no escuro. Assim não é possível estar todo mundo vendo as dificuldades para chegar ao nosso município às políticas públicas”, falou Rivinha, enquanto era ouvido pelos moradores da comunidade.
Augusto Geraldo da Silva, 38 anos,(E) chegou à região em 1994, vindo da Paraíba e fixou na comunidade em 1997. Ele e o colega Jaldir Ferreira Santana, 52 anos, não souberam dizer se existe projeto de eletrificação na comunidade, pois uns chamam a região de Baixinha, outros de Riacho do Santo, Rio Seco e como estas denominações não foram encontrados projetos no site da COELBA.
A revolta de Rivinha é bem maior ao falar que nesta área não há uma só ação do poder público. “Além da falta da energia, cujo ponto de energia estar bem perto, aqui não tem nenhuma ação do poder público e para consertar as estradas os garimpeiros tiveram que ajudar com suas caçambas”, afirmou.
O líder político fez questão de acompanhar a equipe do CN ao Povoado de Guiba, distante 12 km da sede e mostrou o manancial de água potável. Trata-se de uma cisterna com capacidade para trinta mil litros d’água, cuja água é vem de um poço artesiano, com capacidade de 3.500 litros por hora e foram recursos de uma Igreja através do programa “água partilhada”.
Os irmãos Genilson e Jonas Góis lembram bem o esforço para conseguir estes recursos e a alegria da comunidade quando uma freira católica disse que o projeto deles haviam sido aprovado. “infelizmente nosso motor foi roubado e tivermos que conseguir um emprestado até adquirir o nosso”, falou Jonas Góis.
Quem mantém o sistema é a comunidade, de acordo com informações de Genilson Góis. Cada morador contribui para aquisição do óleo e todos fiscalizam para não serem vitimas de ladrões mais uma vez.
Próximo deste local, a CERB perfurou outro poço, mas com pouca vazão e não foi instalado. “Nossa esperança é que a FETAG, com quem Rivinha vem conversando sobe a energia do Caldeirão e da Baixinha também interfira em nossa comunidade e consiga um motor novo”, concluiu Genildo.
Por: Valdemí de Assis/fotos: Raimundo Mascarenhas