Foi sepultado na manhã desta segunda-feira (27), no cemitério de Conceição do Coité, o servador de sisal, José de Jesus Santos, 30 anos, conhecido na região por Zé Riachão,que residia no Bairro Fluminense, em Coité. Ele foi assassinado com tiro de espingarda disparado pelo padrão, ou seja, pelo dono do motor André do trailer como era conhecido, que reside no Bairro Cazulo, próximo as Casas Populares, em Conceição do Coité. Ele estava nesse trabalho a pouco mais de trinta dias.
Uma das testemunhas do crime, o cortador de palha Pedro de Jesus, natural de Retirolândia e morador na cidade de Conceição do Coité, contou que no dia anterior ao crime Zé Riachão e André trabalharam até meia- noite arrumando os fardos de sisal para ser levados no dia seguinte para a batedeira e no sábado André foi ao Distrito de Salgadália, onde acontecia a feira-livre e levou uma garrafa da cachaça. “Tudo começou porque André queria que Zé continuasse bebendo e eu (Pedro de Jesus), pedi que ele parasse e fosse deitar e esta decisão incomodou André que foi pegar o facão e espingarda dizendo que ia atirar nele”, contou “Seu Zé”, como é conhecido.
O cortador de palha disse também que ao perceber que poderia acontecer uma tragédia, mandou Zé Riachão ir para o quarto e trancou a porta. “infelizmente, ao avistar pela janela Zé passando da sala para o quarto, André atirou pelo lado de fora da casa, já que ele estava em cima do passeio e o tiro foi certeiro e fatal”, lamentou o colega que esteve presente no sepultamento.
Zé Riachão convivia com Lucinéia Rufino Aragão, 22 anos, natural do município de Central,cidade da micro região de Irecê, com quem tinha 02 filhos, um de três anos e outros de um ano e três meses. Sem nenhum parente na região do sisal, Lucinéia sentou-se em frente ao cemitério após o sepultamento e pensativa disse ao CN que sua solução no momento era voltar para a casa dos pais.
“Eu conheci Zé lá em Central, onde ele foi trabalhar em motor e eu tinha apenas 18 anos e estou sem saber o que fazer. O Jeito é retornar com meus dois filhos”, contou.
Além de familiares, poucos amigos que também trabalham nos campos de sisal compareceram ao sepultamento. Um deles, que se identificou como João, disse que os dois se davam bem e nunca haviam se desentendido e o motivo foi mesmo a cachaça e que no momento não estavam tão bêbados, pois bebiam o primeiro “litão”, e não haviam perdido o sentido.
O crime aconteceu na Fazenda Impera Cavada, na região do Povoado do Gato, na divisa entre Teofilândia e Araci, no começo da tarde de sábado (25) e Lucinéia lembrou que no momento fazia muito calor e que estava no tanque dando banho aos filhos quando ouviu os dois conversando alto e achou que eles estivessem brigando. “O disparo da arma chamou minha atenção e fui vê o que havia ocorrido e quando caminhava para casa encontrei André, disse que havia matado Zé, pois que estava tirando com a cara dele e não aguentou e pipocou”, contou.
No momento do fato, estavam presente na Fazenda a esposa e um cunhado de André, que também deixaram o ambiente após constatar que Zé Riachão havia falecido. No Bairro Cazulo, os vizinhos evitam falar sobre o assunto e informaram apenas que a casa permanece fechada desde sábado e que o costume de André era passar o final de semana na comunidade tomando conta do trailer instalado em frente sua residência, na Rua 06 e passar a semana no “motor”.