Moradores da Fazenda PEBA II, há 04 km do Distrito de Salgadália, no município de Conceição do Coité, realizaram durante todo dia 26, segunda-feira, o tradicional “digitório”, onde um grupo de homens e mulheres passaram todo o dia concluindo a limpeza da barragem Barroca Cercada, principal local de armazenamento d’água da comunidade construída a mais de sessenta anos.
O movimento foi organizado pelo aposentado José Teixeira, 70 anos, que cansado de solicitar aos representantes políticos do Distrito, recorreu ao presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Agricultores Familiares de Conceição do Coité (SINTRAF), Urbano de Carvalho, apoio para conseguir recursos para limpar a barragem e por intermédio do CONSISAL, foram disponibilizadas 16 horas de máquinas e caçambas, onde foram retiradas 86 carradas de lama que entupiam o leito. “Só Deus sabe a importância desta barragem para gente que mora aqui e usa água dela, que é doce e de qualidade”, desabafou Zé Teixeira.
Mesmo com os trabalhos realizados pelas máquinas e as caçambas, ainda ficou barro e necessitava ser retirado do seu leito, para deixar limpa e caber muita água com a chegada das chuvas. O aposentado fez uma campanha de doações de alimentos na feira-livre de sábado (24), convidou o povo, dentre eles, Eduardo e João Teixeira, seus irmãos que moram na Fazenda Areal, no município de Barrocas, há 12 km de distancia, preparou um almoço caprichado e a famosa pinga, deixando o povo feliz e disposto trabalhar das 06h ás 18h. Além do trabalho humano, foram utilizadas duas carroças e no final do dia o resultado foi visto e o tanque ficou totalmente limpo.
O agricultor José Paulo Araújo, conhecido por Dinho, residente na região há 10 anos, disse ao CN, que seus avôs contavam que a Barroca Cercada começou ser construída manualmente há 60 anos e 20 anos depois, o ex-prefeito Antonio Ferreira (falecido), colocou um trator para ser ampliado e na seca de 1983, também pelo Sindicato, tendo na assessoria da entidade o então vereador Valdemi de Assis, foram colocada várias frentes de serviço, contribuindo para ampliação. “Daí para cá a nossa comunidade foi esquecida e só agora o Sindicato ouviu nosso apelo”, desabafou Dinho.
José Augusto de Carvalho, 50 anos, morador da comunidade não escondeu a revolta com os políticos que esquecem literalmente a comunidade e até nos dias das vacinas dos “cachorros”, os carros com os agentes de saúde passam direto para comunidade do Peba I. “Se esquecem de vacinar os cachorros, imaginem limpar um tanque que eles não bebem da água e sim a gente e os nossos animais”, desabafou.
Conhecido como Agustinho Seca Tanque, o agricultor tem uma carroça que coloca água para os vizinhos e segundo ele esta seca pode ser considerada a pior dos últimos trintas anos, pois os motores de sisal pararam e não tem água na região. O agricultor Germano Patrício, por exemplo, contou que no inicio da semana teve que comprar um caminhão d’água a R$ 80.
Bastante revoltado, o agricultor familiar Eduardo Miguel, disse que nenhum político com ou sem mandato, passou na comunidade enquanto eles trabalhavam, mas adiantou que de maio em diante eles não cansam de passar pela comunidade na busca do voto. “Só vem nos interesse deles, na hora das nossas necessidades somem todos”, concluiu.
Da redação CN