Começou na sexta-feira (13) e vai até terça-feira (17), na cidade de Capela do Alto Alegre, localizado no Território da Bacia do Jacuipe, uma extensa programação para comemorar o centenário de fundação, que teve como marco a celebração de uma missa. As comemorações oficiais tiveram inicio sexta-feira na Câmara Municipal de Vereadores e sob a presidência de Arismário Gomes de Oliveira (PTB), foi realizado um encontro com a comunidade e exibido um documentário “Capela, 100 anos de história”, e em seguida houve um concerto da Camerata Cordas Bahia, da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), composta pela flautista e solista, natural do municipio, Elena Rodrigues, Rogério Laborda, Uibitú Smetak, Raul Bermudez, Marcos Maciel, Maurício Kowalski, Antônio Amorim e Orley de Souza.
No sábado (14), às 19h30 os vereadores se reuniram em uma sessão solene para homenagear cidadãos ilustres da comunidade, que por necessidade de estudar e trabalhar, tiveram de mudar para outras cidades, bem antes da emancipação política e lembrou também daqueles que encabeçaram a luta pela emancipação resultando na aprovação do projeto de lei Lei 4.409/84, de autoria do então deputado estadual, Gerson Gomes, que também é natural de Capela do Alto Alegre e, foi sancionada pelo governador da época João Durval Carneiro.
O ex-deputado Gerson Gomes e mais 12 cidadãos e cidadãs, receberam o título de Cidadão Honorário. Evangélico, integrante da Igreja Assembléia de Deus, residente atualmente em Feira de Santana, Gerson Gomes da Silva, deixou a política e exerce hoje a função de comerciante e pecuarista. Com satisfação ele lembrou que cursou o primário na Escola Pública Capela do Alto Alegre, quando ainda pertencia a Riachão de Jacuípe e começou a vida pública em Feira de Santana pelo antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), exercendo o mandato entre 1972-1976, sendo reeleito, 1976-1978 e 1979 foi eleito para deputado estadual pelo MDB, ficando na assembléia até 1991, onde foi Constituinte pelo Partido da Frente Liberal (PFL) e apresentou neste período de mandato o projeto que emancipou Capela do Alto Alegre de Riachão do Jacuípe. “Como muita satisfação eu lembro a todos vocês que ao tomar posse como parlamentar, o meu primeiro discurso na Tribuna foi falar de Capela do Alto Alegre, que não era conhecida, pois pertencia a Riachão e minha primeira viajem como deputado ao interior, foi a Capela, onde falei em frente a Igreja e lembre do pé carnaúba e da minha vida como criança” cidade que quero bem”, falou Gomes.
José Almeida dos Santos, formado em Geofísica de Petróleo, onde exerceu a profissão por 26 anos e há 12 está aposentado, residente atualmente em Salvador, se emocionou ao lembrar da Fazenda Vargem Queimada, de onde saiu para estudar o segundo grau na cidade do Rio de Janeiro e fez graduação em geologia na universidade daquele estado e, em 1972 foi contratado pela Petrobrás na Bahia como geofísico/geólogo onde exerceu as atividades nos estados da Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte. Foi chefe da geofísica terrestre do Departamento de Exploração situado Rio de Janeiro e diretor Geral da Petrobrás Internacional Yemen do Sul na Libya e fundador e presidente da Petrobrás na Bolívia. “Em 1998, mais precisamente em Junho, me aposentei após 26 anos de trabalho na Petrobrás, porém não deixei de trabalhar e assumir em 1999 a função de presidente no Brasil de uma empresa norueguesa de petróleo chamado Norse Energy e em 2008 sair para ser consultor na área de petróleo e atualmente sou diretor Geral da Frigstad Offshore Service do Brasil, empresa de operação de Plataforma de petróleo e consultor de petróleo para diversas empresas”, falou José Almeida.
Também foi homenageado Nelson Fernandes de Oliveira (ausente), que a exemplo dos demais, começou estudando em Capela com a professora Dona Didiu , 1949 a 1952 e depois de uma longa caminhada formou-se e graduou em Engenharia Química pela Universidade Federal da Bahia e mestrados em Engenharia Industrial pela Pontifícia, Universidade Católica do Rio de Janeiro e em Estatística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Nelson Fernandes fez doutorado em Bioestatísitca pela Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Estados Unidos e pós doutorado na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Estados Unidos. Ele não foi encontrado para receber o título e o presidente da Câmara de Vereadores determinou a assessoria que continuasse a procura-lo, pois é importante que saiba do reconhecimento do município pelo filho ilustre que é.
Iêda Lobo da Silveira, foi à primeira mulher a receber a honraria. Bacharel em Ciências Domésticas pela Universidade Rural de Minas Gerais (UREMG), trabalhou na cidade de Conceição do Coité com técnica em Extensão Rural e em agosto de 1973 foi para os Estados Unidos fazer mestrado em nutrição. Voltou em 1976, onde foi para a área de ensino no Departamento de Nutrição e Saúde, da Universidade Federal de Viçosa, onde permaneceu até a aposentadoria em 1991.
Outra mulher, com um amplo currículo, Stella Rodrigues dos Santos, tem doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, falou a emoção em está participando da festa dos cem anos de Capela do Alto Alegre.
Mestrado em educação, fez especialização em filosofia para o ensino do segundo grau e graduação em filosofia pela Universidade Católica do Salvador e com formação complementar cursou Direito na Faculdade 2 de Julho, em Salvador, mas interrompeu em 2008.
A professora Stella Rodrigues, trabalha atualmente na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), já lançou vários livros e desenvolveu e atuou em diversos projetos.
Djalma Gonçalves de Almeida ao receber a placa comemorativa, lembrou que ao deixar a comunidade na década de 50, não existia luz elétrica em Capela e havia na cidade um ou dois rádios que funcionavam a bateria e por isso eram ligados em um determinado horário à noite, quando as pessoas se aglomeravam na frente dessas casas com rádio, para ouvir o sucesso do momento como a banda de Altamiro Carrilho, Luiz Gonzaga e sua Gente, Caubi Peixoto, Emilinha Borba e Ângela Maria.
Ele foi um dos responsáveis pela criação do Jazz Capelense, que era formada pelo seus irmãos saxsanfonistas Clóvis Rodrigues, Floriano e Armando, além de Louro do Tabuleiro e Edinho, todos já falecidos, tocavam o trombone. Ao CN, ele disse que este grupo tinha dificuldade para conseguir partituras do repertório a ser executado e Clovis observou a capacidade excepcional que tinha juntamente com Elena, ainda menina, para gravar a melodia das músicas que ouvia no rádio, daí, disse Djalma, que passou a cantarolar aquele sucesso do momento e então fazia a anotação musical.
Depois da morte do pai em 1963 em um acidente de carro, filho mais velho da família Clovis mudou-se com toda família para a Salvador e imediatamente procurou a escola de música da UFBA, onde existia um curso de nível médio e começou a cursar flauta transversal, sendo que dois anos depois foi inscrito em um programa de televisão, nascendo à grande chance e finalizou contando conseguiu o primeiro lugar, cujo prêmio foi uma viagem aos Estados Unidos e continuou com os estudos na escola da UFBA, onde posteriormente realizou o curso superior e iniciou a carreira tanto docente como a de instrumentistas.
Clóvis também foi homenageado, principalmente por ser o primeiro no grupo familiar que tem a música como profissão e no caso dele, se destaca como clarinetista. Ele contou que ainda adolescente, se encantou com os dobrados da Banda de Música que sempre abrilhantava a festa de Santo Antônio em Capela, iniciando seus estudos de música com o mestre dessa banda, José Rodrigues e logo juntou-se com outras pessoas e formaram o Jazz Capelense, que era a atração local mais significativa daquela época. Foi membro da Orquestra Sinfônica da UFBA, quando paralelamente viajava para Feira de Santana onde lecionava música no conservatório e atuou também em Aracajú por muitos anos.
Mesmo ausente, José Lucindo de Oliveira, conhecido como “Bebega”, que exerceu o mandato de vice prefeito de Capela no mandato do prefeito Osvaldo Fernandes Araújo, conhecido por Vavá, no período de 1990 a 1993, foi homenageado e a irmã Maria Raimunda Oliveira, o representou no evento. Como os outros homenageados, Bebega começou sua vida acadêmica em Capela, logo percebendo sua aptidão, o professor Joel o levou para Várzea do Poço para que ele pudesse se preparar para a prova de admissão no ginásio, tendo passando na prova foi transferido para estudar no colégio 2 de Julho em Salvador e posteriormente, ao passar no vestibular para agronomia, foi morar em Viçosa MG, onde também constituiu família.
Mesmo sendo eleito vice-prefeito, Bebega abriu mão da vida pública e voltou a ensinar, desta vez na universidade de agronomia em Cruz das Almas e ao se aposentar voltou a residir em Minas Gerais. O vereador José Silva que fez a entrega do título, disse que muitos dos seus parentes estavam sendo homenageados e apesar de não ter Rodrigues no sobrenome, faz parte desta família importante no município.
O vereador Valdoberto Martins dos Santos, destacou também a importância do evento e até sugeriu que acontecesse anualmente esta sessão e lembrou os seus avós, que também tiveram presença firme na construção do município, apesar de pessoas simples e residentes na zona rural. Beto lembrou as ações deles que buscavam arroz em Várzea do Poço. Beto entregou o título a Elena que falou do orgulho de ter nascida em Capela do Alto Alegre, mas que nunca aparecia como sendo da sua comunidade natal, pelo simples fato de pertencer a Riachão do Jacuípe quando era citada. As vezes as pessoas pensavam que eu omitia revelar o nome de Capela, mas o motivo era por pertencer a Riachão do Jacuípe” revelou.
Políticos lembrados – Lindolfo João Carneiro, conhecido por Sr. Lindu, 87 anos, chegou à região de Capela do Alto Alegre em novembro de 1944, aos vinte anos e foi trabalhar na Fazenda “Picada”, propriedade de seu pai. Comprou a sua primeira fazenda, chamada de “Cabeça do Porco” e comercializava carne suína em Feira de Santana e depois passou a explorar o ramo do transporte coletivo, explorando as linhas Capela/Feira de Santana, Capela/Espera e Capela/Conceição do Coité.
Lindu sempre gostou de política e nesta área militava ao lado do líder político. Antonio Dionísio de Oliveira. Em 1976 foi eleito vereador como representante, por seis anos, do então distrito de Capela, na Câmara Municipal de Riachão do Jacuipe e foi um dos incentivados para fundação de um núcleo educacional em uma casa alugada, surgindo dessa iniciativa o Colégio Cenecista e posteriormente este colégio foi comprado pela Prefeitura na administração do Prefeito Carlos Carneiro, “Carlinhos” e hoje é uma escola municipal que homenageia Manoel Geraldo Carneiro.
Lindu se empenhou para implantação da agência do Banco do Brasil na cidade. Foi um participante ativo na Fundação do Hospital São Lucas e durante mais de três anos foi construtor e mantenedor de 15 escolas municipais na cidade e na área rural. “Sou um benfeitor da igreja católica, tenho ajudado nas reformas, na construção da casa paroquial no fundo da igreja e sua manutenção”, falou Lindu, um abnegado por natureza, acolhendo com amor a quem bater à sua porta.
O vereador Luiz Romeu Oliveira, parabenizou os homenageados e disse que estava honrado em participar das comemorações dos cem anos com legislador, contribuindo para os avanços do município e destacou a vida de Djalma Gonçalves, que foi referência na área de ciências contábeis e foi por ele indicado.
Outro político lembrado foi o vereador Áureo Ferreira de Oliveira, chamado de “Velho Guerreiro” e aos 78 anos, cumpri seu quarto mandato em Capela do Alto Alegre, após cumprir outros quatro mandatos quando Capela era Distrito de Riachão do Jacuípe. “Fico muito feliz ao falar de política e de desenvolvimento. Sei que os tempos são outros, bem diferentes de quando iniciei minha vida pública, onde as dificuldades, principalmente na saúde eram muitas e o desejo de ajudar as pessoas foi que me tornei político”, falou Áureo Ferreira, que tomou posse em 1967 pela primeira vez.
Para o vereador Carlito Feliciano Cerqueira (PDT), a sessão solene foi um momento importante para história do município e ficou clara a simplicidade do povo de Capela, que a exemplo do geólogo José Almeida dos Santos, que morou 12 anos fora do Brasil e por 26 trabalhou na Petrobrás e quando retornava para visitar seus parentes e amigos, era sempre a mesma “cara”. Carlito reconheceu que não estudou muito, mas cumpre sua missão de servir ao município e até “arriscou” cantar um samba lembrando os detalhes da história do município.
Ao final o presidente Arismário Gomes destacou a sessão com sendo um momento de convivência é de saborear o encontro de pessoas que muito tempo não se encontrava e a Câmara é um meio de se aproximar e pediu para não dispensar estes encontros e passar a andar juntos.
O presidente agradeceu aos funcionários da Câmara responsáveis pela pesquisa. Da vida destes filhos ilustres da comunidade, que circunstâncias da vida, estão residindo em outras cidades. “O importante é festejar o aniversário de nascimento e com um missa, que foi celebrada em 17 de abril 1012, nasceu Capela. Como foi no Brasil, a missa funcionou como marco da nossa história”, concluiu Arismário Gomes, que lamentou a ausência do prefeito Claudinei Xavier Novato a quem foi enviado um convite. Ele não compareceu e nem justificou a ausência.
Todos os homenageados dentro de suas funções já fizeram viagens ao exterior, com exceção do vereador Áureo Ferreira e o líder político Lindolfo João Carneiro. A artista Elena encerrou a sessão tocando Serena, de Roberto Aragon Serena. E por fim, no dia 17, terça-feira, data oficial da fundação, um show para a população e visitantes na praça central com comidas típicas e um brinde de confraternização.
Por: Valdemí de Assis * texto da vida dos homenageados pesquisado pela Assessoria da Câmara – Fotos: Raimundo Mascarenhas e Adriano Gomes.