Antes de resolverem decretar greve por tempo indeterminado, os professores realizam uma assermbléia geral na manhã do dia 21 de abril no auditório do Instituto de Educação Monte Santo, onde decidiram fazer uma passeata apresentando para sociedade suas reivindicações. Segundo a coordenadora da APLB Alexandra Cardoso da Silva Duarte, houve diversas tentativas de entendimento com a Prefeitura, antes da decisão da greve, inclusive aconteceu reunião com o deputado Vando Almeida (PSC) e o secretário administrativo Nelson Sena de Carvalho Filho, mas foram irredutíveis e alegaram que folha estava “inchada” e propôs 30 dias para um reanalise da folha, mas não fez nenhuma proposta concreta.
Alexandra Cardoso disse ao CN que um professor com carga horária de 20 horas semanais, recebe atualmente cerca de R$ 800,00 por mês, incluindo salário base e gratificações. Ela contou que uma comissão da APLB realizou uma auditoria com objetivo de conhecer a realidade da educação no município e foram visitadas as 149 escolas e constatou-se inúmeras contratações indevidas nos cargos comissionado, funcionário em desvio de funções e não foram encontrados os 101 turnos de 20 horas, com o projeto de lei 017/2011 aprovado pela Câmara de Vereadores, que diz existir 1.208 turnos, porém foram encontradas apenas 1.107.
Segundo a sindicalista, a entidade procurou a secretária de educação, Joelma Rodrigues e apresentou o relatório da Auditoria. “Solicitamos explicações e comunicando que apresentaríamos os dados em uma audiência pública, que seria a culminância de todo o processo. Nos foi solicitado que fizéssemos um cronograma para que aos poucos fosse resolvendo os problemas e o cronograma foi apresentado, mas a secretária protelou todas as datas, depois as ignorou e diante disso, a audiência pública foi realizada sem o confronto dos dados e ninguém da Prefeitura compareceu a auditoria, e desde essa data fechou-se os canais de discussão, que só foram reabertos com a intervenção do deputado no dia 30, mas sem avanço até o momento”, falou Alexandra.
O município possui 640 professores efetivos, dentre eles, Joselito Andrade Silva, que leciona na Escola José Andrade, no Distrito Pedra Vermelha. Ele disse ao CN não entender a posição do deputado Vando, que na votação realizada na Assembleia Legislativa, votou a favor dos professores do estado e tem se posicionado contra os da rede municipal, alegando que o município não tem dinheiro.
Ele disse também que não sabe quantos professores contatados existem no município, inclusive durante o período que estão acampados no prédio da Prefeitura, a coordenação do movimento ficou sabendo que outras pessoas contratadas, obedecendo a critérios político partidário. “os contratados estão indo as escolas, mas os alunos não vão, pois estão apoiando o movimento”, falou Andrade.
A professora Ivani de Souza Jesus, residente no Povoado de Mandasaia, disse que além da questão salarial, ela vem sendo perseguida pela Diretora da Escola onde trabalha Maria das Dores, pelo fato de fazer opção política diferente. “Fui ameaçada inclusive de transferência”, externou Ivani Souza.
Os professores disseram ao CN que o prefeito Everaldo Joel Araújo não se manifestou sobre o assunto e a secretária de educação Joelma Rodrigues vem se mantendo omissa diante da paralisação. Os dois não foram encontrados na sexta-feira (04), quando a equipe do CN esteve na cidade para falar sobre o assunto.
Na tarde de sexta-feira se encontrava no prédio da Prefeitura 140 professores, que fizeram refeições no local e estavam se mobilizando para instalar uma cozinha no prédio e com alimentos doados pela comunidade, ele pretendem preparar as refeições no local onde se encontrar alojados a partir deste sábado. Eles também disseram que se não tiver um entendimento até o dia 13, quando será inaugurado o novo prédio da Prefeitura, eles deverão ocupar a nova estrutura.
Como ocorreu na greve no estado quando o governo prometeu cortar o ponto dos professores e cortou, segundo os educadores as ameaças são constantes para com eles, mas garantem não se intimidarem e vão manter a greve. Outro ponto que vem deixando os professores indignados é a falta de atenção do poder público que até por volta das 16h quando o CN esteve na cidade, ninguém havia mantido contato com a classe com interresse de chamar para negociar.
A situação é muito semelhante a que ocorreu em Salvador, os professores levaram colchonetes e rede para descansar e alimento e água chega a todo momento, enviados pelo comércio ou doações de vereadores.
Por: Valdemí de Assis *com informações da ass de comunicação do movimento – fotos: Raimundo Mascarenhas