Pela primeira vez na história de 54 anos de emancipação a Câmara de Vereadores do município de Valente, situada no território do sisal, na Bahia, elegeu indiretamente o prefeito tampão para concluir o mandato até o dia 31 de dezembro. O vereador Agnaldo Oliveira (PT) foi eleito com 5 votos do total de 9 vereadores depois de ter concorrido com Marivaldo Mota Barreto (PSDB), que teve como candidato a vice Roberto Ramos (PDT) receberam 4 votos, e Eclesiastes Araújo (PSC) e seu candidato a vice Laércio Carneiro dos Santos não obtiveram voto.
Participação popular – Com o plenário lotado, o presidente em exercício, José Robson, “Zé de Zely”, teve dificuldade de manter as pessoas em silêncio, que vibravam a cada chamada dos vereadores que eram tidos como voto certo do candidato petista e ensaiaram uma vaia para aqueles que supostamente iriam votar em um dos candidatos da situação. No final, o candidato Aste, que zerou na votação, disse ao CN que não houve surpresa, pois houve uma combinação prévia com o grupo liderado pelo prefeito Ubaldino Amaral que todos os vereadores do seu grupo votassem em Marivaldo Mota e isto não lhe causaram nenhum ressentimento e que continuará firme na campanha dos candidatos apoiados por Amaral, Zenobio e Marcos Adriano.
A sessão teve inicio ás 10h06 e Zé de Zely convidou os candidatos a prefeito para ocuparem as cadeiras no centro do plenário e por ordem de inscrição falaram por um tempo de aproximadamente dez minutos, onde apresentaram suas plataformas de governo.
O primeiro a usar da palavra foi Eclesiastes Araújo, que garantiu dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito há sete anos pelo ex-prefeito Ubaldino Amaral e sequenciado no último mês pelo vereador Vado do Hospital (PR). “Valente é um canteiro de obras e a Prefeitura está equilibrada e sendo o escolhido pelos vereadores, seguirei o exemplo do prefeito Ubaldino, que o considero como melhor prefeito da história do município”, falou Aste, como é conhecido o candidato. Ele concluiu sua fala lembrando que sempre teve o sonho de ajudar sua comunidade, tanto que disputou sem obter êxito, as duas últimas eleições para vereador.
Na mesma linha de raciocínio, o social democrata, Marivaldo Barreto, irmão do vereador Rege Mota, pediu o voto e destacou a importância do ato e da escolha dos parlamentares para continuar o trabalho que vem sendo realizado de 2004, quando Ubaldino Amaral foi eleito pela primeira vez. “Não sou político militante, apenas um cidadão de boa vontade e coloco meu nome para Valente continuar no caminho certo e o destino do nosso município está nas mãos dos senhores vereadores”, encerrou Nego, como é conhecido o comerciante do ramo de restaurante.
O petista Agnaldo Oliveira, vereador de primeiro mandato, pediu permissão para falar sentado por está com problema no joelho, e lembrou que a eleição para escolha do novo prefeito foi resultado das falhas cometidas pelo gestor reeleito em 2008 e a justiça corrigiu e fez justiça. Segundo Agnaldo, ele foi incentivado pelos colegas vereadores a ser candidato a prefeito tão logo a saiu a decisão que ocorreria uma nova eleição. “Qualquer gestor tem a obrigação de honrar com os compromissos assumidos e caso, eleito, vamos moralizar a Prefeitura e cumprir com todas suas obrigações, a exemplo do pagamento de pessoal e fornecedores, pois isto não é favor e sim obrigação de qualquer gestor público”, falou Oliveira ao finalizar seu pronunciamento, enquanto destacava a importância da sua vice-prefeita.
Antes de convocar os vereadores, por ordem alfabética, de acordo com os nomes parlamentares, o presidente Zé de Zely, esclareceu os métodos e as normas de votações, mostrou às cédulas a rubricou, acompanhado vereador Gabriel Mota, todas elas. O primeiro a votar foi o candidato Agnaldo Oliveira.
Após a sessão que elegeu o novo prefeito e vice do município de Valente, foi convocada outra sessão para sábado ás 10h, quando a dupla será empossada e o prefeito interino, vereador Lucivaldo Araújo (PR), “Vado do Hospital”, retorna volta a presidência da Câmara e o suplente de vereador, Ivo Ferreira, assumiram a vaga de Agnaldo Oliveira.
Rege Mota e Marivaldo – Desde a formação e inscrição das chapas o principal foco da eleição passou a ser Rege Mota e seu irmão Marivaldo, pois nos bastidores da política local era nítida a vitória de Agnaldo por ter sido indicado pelo PT que mais uma vez se aliam para disputar as eleição de 7 de outubro, assim juntando os votos da oposição com os de situação as contas fechavam com a vitória realmente de Agnaldo, porém de forma estratégica o grupo de Ubaldino Amaral lançou duas chapas, na expectativa que Rege votasse com seu irmão e poderia complicar para Agnaldo, só que na sessão anterior Rege usou a Tribuna dizendo que não votaria em seu irmão por entender que foi uma “jogada suja” para criar problemas dentro de sua família, pois jamais Nego como é conhecido seria convocado para encabeçar uma chapa numa eleição normal e que ha um ano atrás sem que ninguém imajinasse que iria ocorre essa revolução política em Valente, Agnaldo abriu mão de sua candidatura a reeleição para lhe apoiar e ele não poderia deixar de votar no mesmo que está na campanha para sua reeleição para vereador e que estaria cumprindo com a palavra.
Marivaldo com um olhar de descontentamento olhou para Rege assim que foi divulgado o resultado e que deixou de ser eleito por não receber o voto do prório irmão. Nego disse ao Calila que estava aborrecido pela forma que perdeu a oportunidade de ser prefeito de Valente, mas antes de entrar no mérito de não ter recebido o voto do irmão, disse que deveria o candidato não ter direito a voto, pois os demais ja sairam na desvantagem, depois veio a situação de a oposição ter maioria.
Questionado pelo CN sobre seu comportamento diante do irmão daqui para frente ele disse que Rege nunca vai deixar de ser seu irmão, não escondeu a frustração em não receber o voto, disse que vai abraçar a campanha de Zenobio e Marcos Adriano, pois segundo ele, tem o apoio de Ubaldino que foi o melhor prefeito de Valente. Quando questionado se vota em Rege para vereador ele se mostrou indeciso e disse que vai pensar, “o momento ainda é de tensão ainda não sei como será meu voto”, disse.
Sobre a eleição municipal, ele confirmou que continuará apoiar o candidato do partido, Ismael Ferreira, a prefeito, pois o considera um empreendedor e há trinta anos vem lutando pela qualidade de vida das pessoas.
Ao terminar a sessão, um grupo formou uma carreata que percorreu as principais ruas da cidade, passando inclusive próxima a Prefeitura, onde esta concentrada um grupo de pessoas ligadas ao ex-prefeito Ubaldino Amaral.
Lideranças do grupo de Ubaldino não compareceram – O plenário esteve completo e infiltrado na multidão o candidato a prefeito pelo PT Ismael Ferreira e seu vice Eduardo Cedraz, assessores jurídicos e políticos. Pelo lado de Ubaldino nenhum líder.
Policiamento reforçado – Viaturas de Serrinha, Conceição do Coité, Retirolândia e Valente comandadas pelo capitão Joilson Lessa estiveram durante toda manhã no local para garantir a ordem diante da expectativa da eleição, mas apesar de algumas provocações entre correligionários dos dois candidatos que estão em campanha para 7 de outubro não houve nenhum incidente.
Por Valdemí de Assis fotos : Raimundo Mascarenhas