A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) recebe, nesta quinta-feira (22), às 15 horas, o título de Cidadã Baiana na Assembleia Legislativa da Bahia, a pedido do deputado estadual Bira Corôa. A honraria acontece durante a Sessão Especial pelo Dia da Consciência Negra, promovida conjuntamente por Bira Corôa e o colega Rosemberg Pinto.
Durante a cerimônia serão homenageadas mulheres negras da Bahia que se destacaram na defesa da promoção da igualdade em diversas áreas, como Política, Cultura, Direitos Humanos, Empresarial, Segurança Pública, Comunicação, Educação, Saúde e Religião. Os parlamentares escolheram chamar a atenção para a violência contra a mulher negra, tema da palestra da Yalorixá e Doutora em Antropologia, professora Cecília Conceição Soares, convidada e uma das homenageadas da sessão.
A sessão será marcada ainda por manifestações artísticas relacionadas à cultura negra, como apresentações de música – entre elas a da Banda Didá – poesia e roda de capoeira de mulheres. Um dos pontos fortes será o lançamento da primeira revista em quadrinhos sobre mitologia e lendas africanas: O HQ ‘A Disputa pela Criação’, do jornalista e mestre em direito Tangre Paranhos e do ilustrador Franco Santos, é uma lenda Iorubá que conta a história da criação da Terra.
Baiana Bené
Este não é o primeiro tributo que o deputado Bira Corôa faz à deputada federal carioca Benedita Souza da Silva Santos. Em 2011, Bené – como é popularmente conhecida – esteve em Camaçari para homenagear mulheres negras com um prêmio que leva seu nome. O Troféu Pérolas Negras Benedita da Silva agraciou nomes como o da primeira juíza negra do Brasil, Luislinda Valois, a atriz Neuza Borges, a ex-reitora da Uneb, Ivete Sacramento, e as prefeitas Rilza Valentim (São Francisco do Conde) e Domingas Paixão (Governador Mangabeira).
Corôa destaca a trajetória da “primeira mulher negra a ser governadora e senadora”, citando algumas lutas históricas, como a que garantiu às mulheres presidiárias o direito de permanecer com os seus filhos durante a amamentação; a inscrição de Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais e a data 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra; a criação de delegacias especiais para apurar crimes raciais; e a obrigatoriedade do quesito cor em documento.
A petista Benedita da Silva nasceu em 1942 na cidade do Rio de Janeiro, é formada em auxiliar de enfermagem e em Serviço Social. Foi vereadora (1982), deputada federal em 1986, reeleita para o segundo mandato em 1990. Em 1994, tornou-se a primeira mulher negra a ocupar uma vaga no Senado. Foi eleita vice-governadora do Rio de Janeiro em 1998 e, com a renúncia de Anthony Garotinho para concorrer à Presidência da República, assumiu o governo em abril de 2002, tornando-se a primeira mulher negra a governar um Estado brasileiro.
No Governo Lula, ocupou a Secretaria Especial da Assistência e Promoção Social. Em janeiro de 2007, assumiu a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro. Em 2010, elegeu-se, mais uma vez, deputada federal.
Deuses africanos em História em Quadrinhos
O interesse em popularizar o imaginário das lendas africanas entre jovens e adolescentes foi o que motivou o jornalista e mestre em direito, Tangre Paranhos, a criar a primeira história em quadrinhos (HQ) tematizada no assunto. Depois de percorrer o Recôncavo baiano para distribuir a revista, Paranhos lança a HQ “A Disputa pela Criação” na sessão especial do Dia da Consciência Negra, na tarde desta quinta-feira (22), no Legislativo estadual.
O autor disponibilizará cerca de 300 exemplares da revista, que conta a criação da Terra a partir de uma lenda Iorubá. Na históra, Olodumaré, o deus supremo, entediado com a monotonia do mundo coberto por água, chamou Oxalá para realizar a criação da terra. A partir daí uma história cheia de intrigas e mistérios se desenrola, tendo como pano de fundo a mitologia africana.
Feita em preto e branco, a arte de A Disputa Pela Criação é assinada pelo designer gráfico Franco Santos. O projeto foi selecionado no Programa Banco Nordeste de Cultura, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).
“Nossa proposta com esta narrativa é tornar essas lendas africanas acessíveis aos jovens de forma mais lúdica. Isso acaba quebrando uma certa resistência à compreensão da mitologia do candomblé”, justifica Paranhos, que já tem outros dois roteiros prontos para dar continuidade à série.
Fonte: ASCOM do deputado Bira Corôa