Terminou neste domingo (02), a III Feira Baiana da Agricultura Familiar, promovida pela União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado da Bahia (UNICAFES-BA) que aconteceu em um pavilhão do Parque de Exposições de Salvador, paralela a Feira Nacional da Agropecuária (Fenagro).
O cooperativismo solidário na agricultura familiar foi destaque na 25ª edição da FENAGRO, através dos stands montados pela UNICAFES onde foram comercializados grãos, doces, frutas, artesanatos, as melhores cachaças e outros produtos dos empreendimentos da agricultura familiar e da economia solidária dos Territórios de Identidade da Bahia.
Pelo terceiro ano seguido, a Fenagro abriga a Feira da Agricultura Familiar, que reuniu produtores e empreendimentos da economia solidária num espaço para a apresentação de produtos e realização de negócios. Quem foi ao parque de exposição, viu stande totalmente destinado à vida no campo e no semiárido, com apresentação de tecnologias de baixo custo e grande alcance social que permitem a convivência com a seca, aliado ao aumento da produção.
Nos últimos anos, a feira, que originalmente estava ligada ao médio e grande produtor, se abriu à agricultura familiar e se transformou por conseguir congregar todas as categorias que vivem no campo e especialmente o agricultor familiar. A ASCOOB criada em 1999, por iniciativa de cinco cooperativas de crédito rural voltados para o fortalecimento da agricultura familiar e economia solidária e que vem desenvolvendo relevantes funções como negociar recursos de diversas instituições financeiras e governos para o crédito rural, foi uma das entidades presentes na III feira da agricultura familiar.
O presidente da ASSCOOB/Central, Robson Silva Sena, falou ao CN sobre os serviços prestados pelo sistema, com destaque especial para o microcrédito, assegurando junto às cooperativas filiadas que esses recursos sejam aplicados com eficiência junto à população de baixa renda com assistência técnica adequada. Lembrou também que são desenvolvidas ações de educação cooperativista junto aos cooperados e às comunidades e orientação para a eficiente gestão das cooperativas filiadas e a expansão das microfinanças.
Sena falou também sobre os avanços do movimento de coopertativismo de credito na Bahia depois do governador Jaques Wagner, pois, segundo ele, é um governo que chega ao meio do social. Ele também comemorou os seis anos de existência da Superintendência de Agricultura Familiar (Suaf), criada em 2007, com o objetivo de desenvolver a classe no estado e elevar os índices de produção e a boa notícia da transformação em 2013 em Secretario, antiga reivindicação do movimento da agricultura familiar. “Quando iniciou a SUAF tinha um orçamento de R$ 200 mil, hoje chega a R$ 60 milhões”, falou Robson Sena.
Para José Paulo Crisóstomo, presidente da Confederação Nacional das Cooperativas de Crédito (Confesol), a ASCOOB é motivo de orgulho para todos. “Vivemos um momento muito especial. Uma década de sucesso como resultado da prática do cooperativismo em sua mais pura essência, além disso, parcerias com um compromisso de solidariedade e ajuda mútua”, falou Zé Paulo como é conhecido, reafirmando o compromisso em buscar alternativas para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares.
Uma das fundadoras da ASCOOB/Central, a ASCOOB/Serrinha ou ASCOOB/Sisal, situado no município de Serrinha, resultado de um trabalho da APAEB local, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e do MOC, foram de fundamental importância para o desenvolvimento da cooperativa. Segundo os cooperados que estavam no stand e externando muita satisfação obtida, contaram que no município já havia uma cooperativa de crédito rural criada em 1991 originada de uma cooperativa de produção de base patronal, porém, havia uma dissidência interna que tentava reorganizar a cooperativa depois de enfrentar uma grave crise financeira. Mesmo sem participar diretamente da administração, O MOC e a APAEB transferiram a administração do fundo rotativo para a cooperativa buscando uma efetiva aproximação dos agricultores familiares e juntamente com os recursos do fundo rotativo, entraram como cooperados os beneficiários dos empréstimos, cuja indicação continuava sob o controle do MOC e APAEB. No processo eleitoral de 2000, os agricultores familiares já representavam a maioria dos cooperados e assim o Presidente da APAEB foi conduzido ao posto de presidente da cooperativa.
A equipe do CN também visitou o stand da Cooperativa de Crédito Rural do Vale do Itapicuru foi fundada no ano de 2000, com sede no município de Santa Luz. Eles contaram que tiveram apoio e a assessoria do MOC para constituir a cooperativa e tudo começou com uma agremiação de organizações daquela região, especialmente o CEAIC (Centro de Apoio aos Interesses Comunitários de Santa Luz), do Sindicato dos Trabalhadores da Pedra, do Pólo Sindical da Região Sisaleira e dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Santa Luz, Queimadas, Nordestina, Cansanção e Quijingue. O ASCOOB/Itapicuru também é uma das cooperativas fundadora da ASCOOB CENTRAL e tem como principal destaque as operações de microcrédito.
Outra história de luta e organização popular é a ASCCOB Credimonte, que nasceu da necessidade em poder agregar os chamados excluídos do sistema financeiro, aqueles que foram deixados de lado pelos programas do governo e seus agentes. A Cooperativa tem sua sede na cidade de Jacobina e vem trabalhando para cumprir a missão de incluir e valorizar os micros e pequenos agricultores, enquadrando-os em projetos de microcréditos voltados para sua realidade local, fortalecendo assim a agricultura familiar da microrregião.
Além destas também estiveram presentes na III feira da agricultura familiar as Cooperativas Crédito Rural de Araci, Crédito Costa do Dendê, Paraguaçu e Barra do Choça. Veja outras fotos dos stands das cooperativas presentes na III Feira da Agricultura Familiar.
Por: Valdemí de Assis/ fotos: Raimundo Mascarenhas