Os participantes do projeto Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI) no Campus XIV da UNEB, em Conceição do Coité, comemoraram cinco anos de existência do programa no departamento.
Desde 2007, o projeto tem como coordenador o professor Henrique Valença, que afirma ter percebido muitos avanços nesses cinco anos, principalmente no que diz respeito à auto-estima, socialização e autonomia do conhecimento.
Segundo ele, essa iniciativa fez com que os senhores e senhoras pudessem ler mais, se informar e assim ter conhecimento sobre o Estatuto do Idoso. O coordenador relata que, no início do projeto, houve muitas dificuldades, a exemplo da não aceitação do programa no Departamento e a indisponibilidade de recursos. Hoje o programa recebe doações e repasses esporádicos de outras instituições e conta com 100 idosos.
Aos 68 anos de idade, Maria Eridan, que já foi eleita Miss UATI e Miss Terceira Idade, confessa que sua vida mudou depois que começou a participar do projeto. Ela afirma que gosta muito das viagens, de participar da dança, dos Jogos Olímpicos da Terceira Idade, além da educação física, das aulas sobre saúde e atividades de que ela antes não participava por ser tímida. “Sinto-me muito bem aqui, inclusive tenho recomendado para todas as minhas amigas, eu digo para elas que aqui nós brincamos, voltamos a ser criança, aprendemos sobre saúde, como se cuidar”, relata emocionada, acrescentando que na UATI todos os problemas desaparecem.
Já a participante Andrelina Brandão, considerada a cantora oficial da turma, revela que a UATI é vida. “São anos de saúde. A UATI curou meu estresse e minha gastrite nervosa acabou. Cinco anos e nunca mais fui ao médico”, afirmou.
Dona Andrelina diz que gosta mais de cantar e ainda brinca dizendo que seu “médico” é a UATI. “No ano passado, tive que me afastar por alguns meses e comecei a adoecer. Disse para minha filha: – Tenho que voltar logo para a UATI, pois já estou adoecendo. Aqui estou! Firme e forte e com 75 anos”.
Margarete Reis, monitora do projeto desde quando ele começou, analisa que eles eram retraídos e traziam uma tristeza no olhar. Hoje, segundo ela, eles estão mais felizes e participativos, cumprem todas as atividades, apresentam seminários etc. “O que levamos em conta aqui na UATI não é o conteúdo, mas a importância de inserir essas pessoas no contexto social do momento, procurando trabalhar a interação entre eles, pois é daí que tiram força para poder continuar participando do projeto” destaca a professora.
“Querendo ou não, o idoso é esquecido, e quando ele vem para UATI descobre que ainda tem oportunidade. Muitas vezes, na família, ele só quer uma atenção para conversar e o filho não tem essa paciência, mas aqui eles têm esse espaço”, ressalta a professora Liliane Araújo. Ela narra que há casos interessantes, como de uma senhora que disse nunca ter sonhado em morar em Conceição Coité, pois estava acostumada com Salvador e teve que vir com o filho por motivos de emprego. Ela passava os dias triste, mas soube que acontecia a UATI e começou a participar. “Hoje ela diz que não quer mais ir embora da cidade e conta os dias para vir para a UATI”.
Segundo a coordenação local, são trabalhados conteúdos abordando o dia-a-dia e os monitores se deparam com as necessidades que eles têm de abrir seus corações, expressar-se, ter companheirismo e se “reinserir” na sociedade, pois alguns idosos se sentem excluídos.
As aulas acontecem três dias por semana e os idosos contam com lanche e transporte gratuitos para levá-los até o departamento da UNEB, onde o projeto acontece.
Dona Josefa Carneiro, 66, concorda que a UATI é uma renovação. “Renasci depois que vim para cá. Há coisa melhor do que a gente encontrar três vezes na semana com os colegas e participar de coisas boas que encontramos aqui: as professoras, o coordenador, o pessoal da limpeza, os estudantes? Todos nos tratam com educação e o melhor, nos dão atenção”, lembra.
“Depois da UATI, passei a ver o processo de envelhecimento sob uma nova ótica e a cada dia aprendo mais sobre as questões do autoconhecimento e do respeito às diversidades, pois percebo que as pessoas idosas não estão sozinhas por falta de opção, mas em pleno exercício de seu direito de ser independente. Confesso que hoje sou uma pessoa bem melhor do que era há cinco anos e sei que a convivência tem me transformado num ser cada vez mais humanizado”, conclui emocionado o coordenador do programa, Henrique Valença.
Por: Renilson Silva Pinto – Agente de Comunicação do Campus XIV