O pesquisador alemão Henning Reetz, da agência ecumênica Pão para o Mundo, visitou a comunidade de Lagoa de Dentro, em Tucano, para conhecer a experiência de beneficiamento do umbu, acerola e maracujá do mato desenvolvida pela Cooperativa de Produção da Agricultura Familiar da Comunidade de Lagoa de Dentro e Região (COOPERLAD).
O objetivo da visita era entrevistar moradores da comunidade e fazer um levantamento sobre as mudanças proporcionadas na vida dos grupos produtores que são beneficiados pela instituição alemã, através dos projetos de geração de renda coordenados pela Cese (Coordenadoria Ecumênica de Serviço). Na Bahia, a pesquisa será realizada também nas cidades de Antônio Cardoso, Santo Amaro da Purificação e Salvador e uma experiência em Porto Alegre. A iniciativa faz parte de um amplo projeto de pesquisa e geração de conhecimento protagonizado pela Pão para o Mundo. Além do Brasil, os estudos de caso serão realizados no Peru e na Argentina.
A COOPERLAD é uma iniciativa de moradores da comunidade de Lagoa de Dentro, que desde 2009 vem se mobilizando e investindo para beneficiar frutas disponíveis na região e criar uma forma sustentável de geração de renda. Possui hoje na comunidade uma mini fábrica para processamento das frutas, adquirida com o apoio de entidades sociais e recursos dos próprios cooperados.
Atualmente, a Cooperativa produz compotas, geleias, doces, polpas e outros derivados do umbu, acerola e maracujá do mato, envolvendo famílias da localidade como a de Reinaldo Nascimento, que viu no trabalho cooperado um novo caminho para superar os obstáculos encontrados na região. “A gente começou nas nossas casas, cada um levava um quilo de açúcar, o outro o umbu e a gente começava a produzir. Depois disso eu comecei a ver a vida social na comunidade de uma forma diferente. Antes a minha expectativa era pequena, produzir para consumo dentro de casa mesmo, mas depois fui percebendo que esse trabalho podia melhorar a nossa renda”, disse, reflexivo, durante a entrevista.
Ao Portal Tucano, Henning Reetz, que roda o mundo conhecendo experiências como a de Lagoa de Dentro, disse que a pesquisa tem como intuito verificar também qual o segredo para que grupos produtores consigam, com ajudas relativamente pequenas, converter isso em avanços e conquistas para as pessoas, criando sustentabilidade nas comunidades. Perguntamos o que ele tem observado nos países da América Latina e Europa em relação às semelhanças e diferenças de cada projeto, e sua resposta demonstra a importância de se investir em políticas que valorizem os pequenos produtores. “Eu tenho percebido que a pobreza não existe, mas sim pessoas que têm um grande potencial e não é aproveitado, não têm oportunidade. Aqui é uma experiência modelo para outros grupos, sobretudo pela persistência de continuar tentando e chegar ao patamar que a cooperativa almeja”, destacou Reetz.
A experiência de Lagoa de Dentro é, de fato, motivadora e exemplar, quando o assunto é sustentabilidade no campo. Mesmo diante de todas as dificuldades de estrutura, financeira e climática, que acabam comprometendo a produção, a motivação e a esperança continuam sendo os ingredientes principais na receita para construção deste sonho. E foi a forma como os produtores enfrentam estes desafios um dos critérios para a entrada da experiência na pesquisa, acrescenta Dimas Galvão, coordenador de projetos da Cese, e que também participou da visita.
A pesquisa, que deve ficar pronta no início de abril, vai gerar um relatório com conclusões acerca das mudanças que o projeto tem provocado na vida dos beneficiados, e funcionar, também, como indicador de resultados para a Pão para o Mundo, que investe em iniciativas como a de Lagoa de Dentro em diversas partes do mundo.
Fonte: Portal Tucano