O Brasil é ainda o país mais católico do mundo embora tenha perdido para os evangélicos e até para o ateísmo 22 por cento dos seus fiéis desde os anos 1990.Tudo começou na Bahia com a primeira missa rezada por padre Henrique de Coimbra, no dia do descobrimento. Quando se pensa numa eleição papal fica a esperança do nosso país ser agraciado com a indicação. Vai demorar. Os bispos europeus ainda dominam o cenário e, conforme garantem especialistas em Vaticano é isto que está causando a ruptura nas suas seculares paredes.
É muito ego. Muitas denúncias, chantagem e corrupção conforme atesta o jornal La Repubblica. O pedido pegou de surpresa, mas, ninguém está lembrando que ele mencionou en passant numa entrevista cerca de três anos passados a um jornalista alemão, que havia, sim, a possibilidade de deixar a função. Já demonstrava que ser papa não é nada agradável. Ele é articulado, culto e pragmático.
Sua saída, com certeza já estava planejada. Para o jornalista ele observou que já não tinha mais forças físicas, psicológicas ou mesmo espiritual para prosseguir com os deveres inerentes ao cargo e que, podia ser que em algum momento se visse na contingência de pedir a demissão, o que aconteceu. Ele já considerava isso à época como um dever.
Diz-se que o papa vai embora sem fazer falta e sem deixar saudade. Talvez para os romanos. Muita gente não sabe que ele foi bastante atento para com o Brasil. E principalmente com os fiéis seguidores de Padre Cícero Romão Batista. Bento XVI entrou de cabeça, quando era cardeal, na causa do santo. Ele não ignorava que Juazeiro do Norte recebe mais de dois milhões de nordestinos em romarias ao culto do mitológico padre Cícero.
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé tomou a iniciativa de reabilitar o santo do Crato, considerado então maldito pela própria Igreja Católica. Padre Cícero foi suspenso das ordens pelo Vaticano em 1894. Duvidavam dos seus milagres. Era “o santo do sol” para os nordestinos e pária para Roma.
Jolivaldo Freitas – Jornalista e escritor