O goleiro Bruno Fernandes de Souza admitiu perante a juíza Marixa Rogrigues, do Tribunal do Júri de Contagem (MG), que é culpado pela morte de Eliza Samudio, mas negou ser o mandante do crime. Essa foi a primeira resposta do ex-jogador do Flamengo assim que a juíza abriu o interrogatório, perguntando se a denúncia contra ele era verdadeira. “Como mandante dos fatos eu nego, mas de certa forma eu me sinto culpado”, afirmou.
Chorando, Bruno pediu para contar a sua história sobre o caso. Ele começou a relatar, então, o período em que conheceu Eliza. Disse que tiveram uma única relação sexual, que resultou na gravidez da ex-amante. Bruno disse que ele e Eliza brigavam muito e que ela sempre exigia dinheiro.
“Conheci a Eliza numa festa na casa de um amigo meu em 2009, nos conhecemos e nos envolvemos. Acabou tendo uma criança”, relatou Bruno. “Ela realmente cobrava de mim que eu arcasse com as despesas. E eu ajudei sim, só que ela queria que eu ajudasse mais. Só que eu não tinha feito exame de DNA porque ela tinha se envolvido com outras pessoas naquela noite”.
“E eu conheci a criança, após seu nascimento. “Eu fiquei feliz pelo fato de a criança ter nascido, saudável, fato que eu sempre quis ter uma criança, e o Bruninho ali eu fiquei muito feliz com a presença dele”, disse o goleiro.
O interrogatório continua nesta quarta-feira (6). Já era previsto que ele confessasse o crime, mas ele ainda poderá jogar a responsabilidade para o seu ex-secretário Luiz Henrique Romão, o Macarrão. Em novembro, ele confessou o crime e jogou a responsabilidade para o seu ex-patrão, acusando-o de ser o mandante.
A estratégia da defesa é tentar eliminar todas as acusações que possam causar uma condenação superior a 20 anos ao goleiro. O advogado trabalha com a tese de uma “participação menor” no crime. Ou seja, soube, mas não participou ativamente.
Habeas corpus – A 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais negou na tarde desta quarta, no terceiro dia de julgamento, mais um pedido de habeas corpus para o goleiro. Dessa vez, os advogados de Bruno pediam a prisão domiciliar para o ex-jogador do Flamengo. Fundamentando o pedido de liberdade, a defesa do jogador apresentou uma carta de intenção do Boa Esporte, clube da cidade de Varginha, no sul de Minas, em tê-lo como atleta.
O pedido de liberdade foi negado por unanimidade pelos três desembargadores da 4ª Câmara. A decisão foi dada pouco antes de o jogador começar a ser ouvido no julgamento. Ontem, a ex-mulher dele, Dayanne Souza, também foi ouvida. Ela é julgada junto com Bruno e fez relatos que podem comprometer o jogador. Esse foi o 68º habeas corpus apresentado pelas defesas dos nove réus do caso do desaparecimento e morte de Eliza Samudio – um dos réus, Sérgio Rosa Sales, morreu em agosto do ano passado.
Fonte : Correio