Os cardeais reunidos no Vaticano ainda não escolheram o sucessor de Bento XVI. Por volta de 15h40 (19h40 locais), uma fumaça preta saiu da chaminé da Capela Sistina, indicando que não houve a maioria de dois terços dos votos necessárias para eleger o novo pontífice.
O conclave para escolha do novo papa segue nesta quarta-feira (13). Duas votações vão ser realizadas pela manhã, e outras duas à tarde, até que um dos 115 cardeais católicos obtenha os votos necessários. O cálculo dos vaticanistas é que o conclave dure, no mínimo, três dias e, no máximo, 11.
A expectativa é que por volta do meio-dia de quarta seja vista uma fumaça branca, no caso de eleito o papa, e escura, se as divergências se mantiverem. Uma segunda fumaça deverá ser emitida pela chaminé no começo da noite indicando a decisão do conclave.
As pesadas portas da Capela Sistina foram fechadas pelo monsenhor Guido Marini, mestre de cerimônias litúrgicas, nesta terça (12), depois de dizer em voz alta “Extra omnes”, a ordem em latim para que só permaneçam ali aqueles que participarão do conclave.
A renúncia de Bento XVI foi anunciada em 11 de fevereiro e efetivada em 28 de fevereiro. O alemão Josef Ratzinger deixou o cargo após oito anos e teve um pontificado marcado por crises e divisões internas.
O cardeal italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão, e o brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, são os dois favoritos na eleição que definirá o sucessor de Bento XVI. Mas a lista de papáveis é muito mais ampla e inclui cardeais do Canadá, da Hungria, de Gana e dos Estados Unidos, além de outro brasileiro, João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília.
A família de Odilo Scherer já aposta no nome que ele irá escolher na hipótese de ser eleito. “Se for o caso, é Paulo”, afirma o irmão Lotário Scherer. Odilo nasceu em 1949 em Cerro Largo, no Rio Grande do Sul, e com dois anos de idade se mudou com a família para Toledo, no Paraná. Na nova cidade, ele deu início à trajetória na Igreja Católica.
Trabalho pela justiça e paz
A Basílica de São Pedro, cujo interior é capaz de abrigar 60 mil fiéis, ficou lotada nesta terça-feira (12) para a missa que abriu o processo de votação do conclave.
Fiéis e curiosos, das mais diversas nacionalidades, submeteram-se aos detectores de metais e às longas filas para garantir um lugar dentro da igreja para acompanhar a missa celebrada pelo cardeal emérito, Angelo Sodano. Ele destacou que o papa eleito deve trabalhar pela justiça e paz mundiais com amor: “Uma obra em nível mundial”.
“Meus irmãos, rezemos a fim de que o Senhor nos conceda um pontífice [papa] que realize com coração generoso tal nobre missão. É o que Lhe pedimos”, ressaltou dom Sodano.
A missa em latim, com breves traduções para o italiano, o inglês e o espanhol, atraiu a atenção de todos. Padres e seminaristas entoaram cânticos gregorianos. O cardeal emérito vestia traje branco e vermelho. “Queremos implorar ao Senhor que, mediante a solicitude pastoral dos padres cardeais, queira em breve conceder outro bom pastor à sua Igreja”, disse dom Sodano.
A homilía foi dividida em três partes: a mensagem do amor, a da unidade e a mensagem do papa. Porém, em todos os momentos foi evocada a oração para abençoar o sucessor do papa emérito Bento XVI. O papa emérito foi citado como aquele que merece “profunda gratidão”. Houve aplausos dos cardeais e dos fiéis.
“Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, de caridade com o próximo, do que repartir o pão da palavra de Deus, fazê-lo participante da boa nova do Evangelho”, disse dom Sodano, lembrando que essas são palavras de Bento XVI. A missa deve durar uma hora e 40 minutos.
Após a missa, os cardeais que têm direito a voto no conclave almoçaram. Em seguida, houve um período de pausa e, depois, a concentração para o conclave.
Fonte: Correio