Após 3 meses que recebeu alta do Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, o jovem serrinhense Francisco Araújo Silva Júnior, de 23 anos, que pesa 280 quilos, retornou à unidade de saúde na tarde desta segunda-feira, 18, para capital baiana, após sofrer duas paradas cardíacas em seqüência no sábado (16).
A transferência estava programada para acontecer no domingo (17) à tarde, mas, de acordo com informações da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), o transporte foi adiado devido ao agravamento do estado de saúde do paciente.
Segundo o Hospital Municipal de Serrinha (HMS), onde ele estava internado desde o início da semana passada, Francisco está em coma e respirando com ajuda de uma máscara de oxigênio. Para transportar Francisco até a UTI Móvel especial (ambulância), disponibilizada pelo Roberto Santos, foi necessário a ajuda de 12 homens, entre policiais militares, agentes da guarda civil municipal e voluntários.
“O quadro clínico de Francisco é delicado. Ele está respirando com a ajuda de uma máscara de oxigênio, não anda, se alimenta por soro e urina através de uma sonda, além da falta de ar e convulsões”, disse um dos médicos que acompanhou a transferência. Ainda segundo o médico, a equipe suspeita que uma embolia pulmonar tenha causado as paradas cardíacas. Ele explica que “quando a circulação é lentificada, o sangue pode coagular e esses coágulos podem se deslocar e chegar até o pulmão, interrompendo a circulação pulmonar, que é a chamada embolia pulmonar massiva, o que provavelmente aconteceu com o paciente”.
A ação de retirada do paciente do hospital para a ambulância durou cerca de 30 minutos, e, assim que foi acomodado, a ambulância deixou a unidade logo em seguida. No Roberto Santos, o paciente deverá ficar em uma UTI. A princípio, Francisco será reavaliado por uma equipe médica especializada em casos de obesidade. Depois de exames e acompanhamento, os médicos conversarão com a família para estudar a possibilidade de uma cirurgia de redução de estômago.
Excesso de peso – Francisco Júnior começou a ganhar peso aos nove anos de idade. Depois, aos 12 anos já sentia dificuldade para andar. Aos 15, já estava praticamente inválido, mas a situação piorou quando ele fraturou a perna direita em três lugares e teve que ser submetido a uma cirurgia e não mais andou. “Ele passou cinco anos fazendo tratamento em um hospital de Salvador, ai conseguiu ficar sentado, mas andar nunca mais. Ele usa cadeira de rodas, mas é muito difícil sair com ele porque onde eu moro a rua não é asfaltada, então eu não tenho como sair”, revelou a mãe Maria Aurizete.
O motivo da obesidade de Francisco é desconhecido até o momento. Sua mãe disse que na família não há casos da doença. Além de Francisco, Maria Aurizete, tem mais seis filhos, uma deles, de 16 anos, tem síndrome de down. Sem condições financeiras nunca pôde manter uma alimentação a base de produtos integrais. “Meu filho não tem pai. Eu me esforço para comprar os remédios, mas a dieta não posso manter”, lamenta Aurizete que sobrevive de um salário mínimo que recebe como benefício da filha. “Minha irmã faz roupas e vendo, mas nem sempre dá para sair por causa deles.”
Durante dez anos, o jovem recebeu acompanhamento da APAE do município de Ichu (a 28 km de Serrinha), mas, por conta das condições financeiras da família, ele não pode mais ser levado para o atendimento. “Não estou com medo, pois deus está no comando. Tenho certeza que lá será melhor para meu filho. Só não quero perdê-lo”, frisou Aurizete.
Fonte: Clériston Silva