Pode faltar farinha no pirão. Além do tomate e da cebola, a farinha de mandioca é outra vilã dos preços altos que está assustando o brasileiro. O tradicional ingrediente já acumulou alta de 151% no últimos 12 meses, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor amplo), e aparece ao lado de outros produtos que estão inflacionando a mesa das famílias neste primeiro quadrimestre do ano.
Somente no último mês, o preço da farinha de mandioca aumentou 5,1%, mantendo a trajetória de alta iniciada há um ano. Nesse período, o quilo do produto passou de R$ 2,50 ou R$ 3 para o preço médio de R$ 9, podendo chegar a R$ 10 na capital. O aumento anual é até maior do que o do tomate (122%), da batata-inglesa (97,3%) e da cebola (76,5%).
O principal motivo do aumento é a queda de 40% na produção da mandioca. “Estados do Nordeste que produzem a raiz enfrentam a pior seca dos últimos 70 anos. Isso fez com que a região, a maior consumidora da farinha, passasse a comprar o produto no Centro-Sul, elevando o preço”, disse João Pasquini, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca.
Fábio Isaías Felipe, economista da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP, afirmou que não há perspectiva animadora para breve. “A seca deve continuar e o consumo não está caindo. A tendência é que a alta de preço se mantenha por , talvez, mais dois anos”, disse ele.
A dona de casa Wilma de Souza reclamou dos preços. “O problema não é só o tomate. Está tudo caro: cebola, farinha, batata. O jeito é comprar menos”, disse. Ivy Wiens, coordenadora de uma ONG, lamentou mais ainda. “Sou vegetariana, estou sendo mais prejudicada porque os hortifrútis não param de aumentar”, afirmou ela.
Fonte: Rede Bom Dia