A estiagem prolongada está afetando a lavoura do sisal, umas das principais fontes de renda da região. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a estimativa de perda em 2013 é de 75% da produção. Em 2011 a produção foi de 79.470 toneladas, número que caiu em 2012 para 48.690 toneladas, representando perda de 39% da produção.
Em Valente, a situação não é diferente. O sisal que é uma das principais fontes de renda para centenas de famílias e injeta milhões de reais no município, tem sofrido bastante com esse problema. A APAEB (Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira), compra, beneficia o sisal que abastece sua unidade industrial e gera 316 empregos diretos. Segundo Gerlândio Araújo, gerente administrativo da APAEB, a produção foi comprometida em mais de 50%. “Estamos comprando sisal de outras regiões, Lajes do Batata, Cafarnaum e Mulugum do Morro, mesmo assim a oferta é bem menor, com isso tivemos uma grande queda na produção”.
A produção da batedeira da APAEB é consumida em quase 95% pela fábrica de tapetes e carpetes. A unidade industrial deverá reduzir um turno e causará algumas demissões. “A média de produção é de 215.000 quilos de fios por mês, com a redução a produção deverá ser de apenas 120.000 quilos”, afirmou Juciano Santos Araújo, gerente da fábrica.
Nos quatro cantos do município o cenário é de sofrimento. Os tanques estão secos, os animais estão morrendo e a produção familiar foi totalmente devastada. Na propriedade rural do produtor Jonas Pedro de Oliveira, o sisal está morrendo e os animais sofrem com a falta de alimento. A única fonte de alimentação é o milho, o produtor compra subsidiado no balcão de vendas da Conab. A APAEB faz o intermédio para que os produtores consigam o produto com qualidade e pela metade do preço de mercado. “A situação está difícil, se não fosse esse milho iríamos perder praticamente todo o rebanho”, disse Jonas. Outro grande problema é a falta de água, em toda área rural do município a situação é a mesma. “Às vezes pegamos água no poço da APAEB, pois até para comprar encontramos muitas dificuldades, pois os carros pipa estão sobrecarregados”, concluiu o produtor.
O Laticínio DaCabra recebia em média 800 litros de leite por dia, agora a produção não passa de 300. Segundo Gerlândio, ouve uma queda de 70% na produção. “Os caprinocultores também tem sofrido, se não tem alimento não tem como produzir em grande quantidade”. O Laticínio produz queijo, iogurte e doce de cabra, produtos comercializados em todo país.
Apesar de ocorrerem pancadas de chuvas na região e até mesmo em grande quantidade em alguns municípios, em Valente a situação continua a mesma. Em poucas localidades os volumes de chuva foram mais significantes, o que também não resolve a situação imediatamente. Segundo as previsões de sites como Climatempo, Tempo Agora e INPE, as chuvas continuam isoladas e em forma de neblina.
A diretoria da APAEB já participou de várias reuniões em Salvador com representantes do governo, foram feitas várias reivindicações para que ações emergenciais possam ser feitas com mais rapidez. “Não podemos mais esperar, é necessário agir rapidamente e tirar as idéias do papel, os produtores não suportam mais tanto sofrimento”, afirma Iracema de Oliveira Nery, presidente da APAEB.
Fontes do governo afirmam que essa pode ser a pior seca que a Bahia já enfrentou. Dados revelam que 228 municípios estão em estado de emergência. Quase três milhões de pessoas já foram afetadas. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária (Faeb), culturas como milho, feijão e mamona tiveram perdas total. A cultura do sisal registrou perda de 70% e mais de 60% dos rebanhos caprinos e ovinos morreram.
Assessoria de Comunicação APAEB