O primeiro lote das 1.197 cisternas feitas de plástico do programa Água para Todos, na linha Brasil sem Miséria, chegaram a Nordestina, o único município localizado no território do sisal beneficiado com a novidade, no dia que o município comemorava os 28 anos de emancipação. A Acqualimp é a fornecedora oficial do produto para o Governo Federal através do DNOCS é a maior produtora mundial deste equipamento, tendo já entregue mais de 1,8 milhão de unidades para países da América Latina por meio do Grupo Rotoplas, fundado no México e presente em 16 países do continente.
As cisternas de polietileno, com capacidade para 16 mil litros, tem um custo unitário de R$ 3.500,00 e das 60 mil unidades, 26.228 foram destinadas ao estado do Ceará (25 cidades), 10 mil para Minas Gerais (19 cidades), 5.772 para Pernambuco (12 cidades), quatro mil para a Paraíba (10 cidades), duas mil no Rio Grande do Norte (duas cidades) e 12 mil à Bahia, sendo beneficiados os municípios de Jequié (2.190 unidades), Santa Terezinha (833), Canudos (481), Cicero Dantas (1.529), Crisopoles (1.109), Euclides da Cunha (2.495), Fátima (1.109), Maracás (1.057) e Nordestina (1.1197). A distribuição começou no inicio do mês e a conclusão dos serviços é dezembro de 2013.
O prefeito Wilson Matos (PSD), esteve no local onde estão sendo descarregadas e falou ao CN sobre as cisternas, considerando fundamentais para quem vive em localidades rurais no semiárido em períodos de grande estiagem, pois armazenam a água da chuva coletada por um sistema de calhas ao redor das casas e com parte da estrutura enterrada, mantêm a água potável.
Cisternas serão distribuídas nas comunidades Salina Passarinho, Barriguda, Angico, Lagoa da Picada, Costa, Barbosa, Caldeirão do Sangue, Lagoa das Cabras, Grota, Caraíba, Fumaça, Lagoa do Curral, Umburana, Trindade, Grota, Rumo, Queimadinha, Caldeirão, Mãe Chica, Bastião, Mundo Novo, Serrote Grande e Pocas, onde mora o casal de agricultores Domingos Mota, 66 anos e Zelita Maria de Jesus, 65.
Antonio José dos Santos Dias, técnico do DNOCS e membro da comissão de fiscalização, falou ao CN que estas cisternas foram projetadas para armazenamento de água abaixo do nível do solo, desta forma, ficam enterradas e tem uma vedação total contra impurezas, insetos, animais, sujeiras, tampa com maior proteção contra a dengue e mantém a água mais limpa.
O vice-prefeito Edinor Peixinho de Souza (centro) e o secretário da Agricultura João Batista, visitaram a residência do casal e verificaram que foi cavado o buraco onde será implantada a cisterna cujo peso vazio é 270 kg. Na opinião de Edinor Peixinho, as cisternas de polietileno tem a vantagem de ter uma instalação rápida, fácil e segura. A limpeza é simples e o material é feito sem emenda e sem risco de vazamento e contaminação. “Com a chegada das cisternas e a capacitação dos usuários, a água da chuva armazenada poderá ser usada durante a seca, o índice de doenças terá uma queda e as famílias terão mais tempo disponível para o trabalho, as tarefas domésticas e para cuidar dos filhos”, falou Peixinho.
O secretário João Batista falou ao CN que sem os reservatórios, o consumo doméstico da água, geralmente, vem de locais inadequados, como barreiros e cacimbas. Nestes casos, é comum que mulheres e crianças percorram longas distâncias em busca de água e que várias doenças sejam transmitidas, por causa da má qualidade da água encontrada, apesar do exercito está realizando um bom trabalho de distribuição de água no município, que vem vivendo a pior seca desde que foi emancipado.
Sociedade civil protestou – João Batista, que também é líder sindical, lembrou que a decisão do governo de investir em reservatório de plástico criou um mal-estar entre as ONGs com tradição de atendimento de famílias do semiárido, sob a coordenação da Articulação pelo Semiárido (ASA), pois a principal atividade da ASA é a execução do Programa 1 milhão de Cisternas, que já entregou 372 mil depósitos de água em todo o semiárido e muitas famílias em Nordestina foram beneficiadas.
João Batista foi um dos participantes do ato que protestou fechando a ponte sob o Rio São Francisco que divide as cidades de Juazeiro (Ba) e Petrolina (Pe), mas garante estar satisfeito com as cisternas que chegaram ao município, principalmente pela forma rápida de atender os agricultores que estão necessitando urgentes das cisternas. e na oportunidade da mobilização o CN esteve cobrindo a manifestação que iniciou em Juazeiro e terminou no largo da catedral de Petrolina
A ASA, principal ONG que encabeçou o movimento, possui uma metodologia que obedece alguns preceitos. Antes da instalação de uma cisterna sua, a comunidade se reúne e escolhe a casa que receberá o equipamento. Todos envolvidos são capacitados para a construção, e são os próprios beneficiados constroem a cisterna.
As críticas dos militantes da ASA vão além da durabilidade da cisterna de plástico, que o Ministério da Integração afirma ser de 20 anos – e a ASA contesta, apontando as primeiras que deformaram antes mesmo de serem usadas. Eles destacam o custo unitário superior a R$ 3 mil, enquanto os reservatórios em placas de cimento custam em torno de R$ 2 mil e têm como subproduto a organização comunitária e a capacitação dos agricultores na construção da estrutura.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas