Não apenas os adversários, mas principalmente os torcedores do Esporte Clube Bahia amanheceram a analisar a situação do time após derrota para o Vitória por 7 a 3 no primeiro jogo decisivo do Campeonato Baiano. E a torcida tricolor está atrelada apenas aos efeitos do placar dilatado e parece não compreender como e por que o time chegou a este ponto. O mais crítico torcedor deve traçar uma análise histórica, demarcar os momentos cruciais desde a ascensão do Bahia em 2011, em ritmo de festa, até chegar ao ambiente funéreo em que se encontra hoje. Seguem cinco disposições fundamentais para o desequilíbrio do Bahia, dentro e fora de campo:
– Diferente do equilíbrio do verdadeiro torcedor, e agregado ao clube feito sanguessuga, as organizadas são irresponsáveis quando se eximem de culpa na fatalidade da derrota e colocam-se na frente das câmeras após a conquista de um título; em efeito de comparação, não são maiores nem menores do que os demais apaixonados, embora imaginem ser os donos do time.
– Contratações pouco planejadas, influência de empresários, jogadores que não respeitam treinador e treinadores que são obrigados a escalar o time desejado pelo presidente são exemplos da incompetência estratégica do Bahia. Ferida incurável.
– O oba-oba da imprensa causa asco. Os cronistas esportivos precisam acabar com a ilusão de que não somente o Bahia, mas também o Vitória são os melhores clubes de futebol deste país. Não são. Sejam honestos com o torcedor.
– A torcida protestará; o presidente dispensará alguns jogadores; a imprensa julgará aqueles que mais erraram em campo. Passados alguns dias, novo jogo, nova derrota e surgirá aquele sentimento de que o pior já passou, tinha que acontecer e agora tudo vai melhorar.
– Não vai melhorar coisa nenhuma. Parece que a incompetência não está impregnada apenas no elenco de jogadores do Bahia. A ingerência administrativa do presidente Marcelo Guimarães Filho salta aos olhos, ou melhor, esbugalha-os. Vem aí o Campeonato Brasileiro da Série A, a elite do futebol tupiniquim. O que esperar deste Bahia que no ano passado, não fossem a chegada e as alterações efetuadas pelo treinador Jorginho, já estaria disputando a Série B?
A situação do Bahia não deve alegrar o Vitória senão pelos sete tentos históricos e a iminência do título baiano. Rubro-negros não naveguem na maionese ao pensar que atropelar o claudicante Bahia é a mesma coisa que vencer um Corinthians da vida.
Mailson Ramos – Graduando em Relações Públicas pela Universidade do Estado da Bahia.