Conceição do Coité/BA- O secretário de Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, discutiu, no último sábado (4), ações estruturantes para o pós seca e melhorias para alavancar a produção e organização da cadeia produtiva de sisal, em reunião realizada em Salgadália, distrito de Conceição do Coité, no Semiárido baiano.
Salles e uma comitiva de produtores de sisal marcham rumo à Brasília/DF, nesta terça-feira, (07), para participar de audiência pública com José Gerardo Fontelles, secretário executivo do Ministério da Agricultura, para tratar de assuntos relacionados à organização da cadeia produtiva do sisal na Bahia, e ações de convívio com o pós seca, de posse de reivindicações que serão pauta da reunião.
“Reuniões como essas são importantes para que, sabendo das reivindicações dos produtores se busque soluções nas instâncias governamentais, isso porque entendo que lugar de secretário de Agricultura não é no gabinete, e sim, no campo, ao lado dos produtores, ouvindo seus apelos e suas críticas para então, providenciar as melhorias necessárias ao desenvolvimento sustentável de todas as atividades produtivas do estado”, enfatizou Salles.
Conforme o secretário, na reunião onde esteve presente elos da cadeia produtiva como o presidente da Subcâmara do Sisal, Wilson Andrade, o presidente da Associação dos Produtores do sisal do estado da Bahia, Misael Ferreira, produtores rurais, e os prefeitos dos municípios de Teofilândia, Adriano Araújo e José Almir Araújo Queiroz de Barrocas, foi apresentado o resultado da reunião da Câmara Setorial de Fibras Naturais, realizada na última semana, na Federação das Indústrias do estado da Bahia, que tratou de estabelecer metas para avançar na elaboração do Plano estadual do sisal.
Na oportunidade foi sugerido por Salles, também presidente desta Câmara Setorial, que um censo fosse elaborado para ser possível identificar com precisão a quantidade de produtores, regiões e área plantada de sisal para que se tenha noção de como os governos estadual e federal podem atuar através da Câmara Setorial a médio e longo prazo. O secretário ressaltou a importância da criação de um Plano Estadual de Desenvolvimento para a Câmara Setorial das Fibras Naturais, onde se inserem as cadeias produtivas do sisal, piaçava e do coco, para legitimar as ações que objetivam organizar as cadeias produtivas vencendo seus gargalos, como já acontece com a Câmara Setorial da Seringueira.
Salles apresentou projetos da Seagri, executados pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), relacionados à disponibilização de assistência técnica e difusão de tecnologia que proporcionará desenvolvimento sustentável à região sisaleira do Estado.
Trata-se do Programa de Incentivo a Produção de Sisal na Bahia que prevê benefício direto a cerca de 100 famílias de agricultores familiares, implantação e acompanhamento a 100 unidades de comparação entre o Híbrido e Agave Sisalana; e, sobretudo, o aumento da produtividade do sisal para 2.500 Kg/ha de fibra seca, para o A. sisalana e 4000 kg/ha para o híbrido, visto que, a intenção é implantar 500 hectares de sisal, sendo 250 hectares da variedade sisalana e 250 hectares do sisal híbrido.
Entre as medidas de médio prazo propostas há um projeto piloto que visa o aumento de produtividade, o aproveitamento total do sisal e a agroindustrialização, que consiste na implantação de cinco polos de produção, em áreas dentro da região do sisal, selecionadas pela EBDA, de acordo com critérios técnicos, dentre eles a concentração da produção. Os polos selecionados são Conceição do Coité, Valente, Campo Formoso, e Mirangaba.
O secretário pontuou a relação de sinergia existente entre a Secretaria Estadual de Agricultura e a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e Inovação (Secti), neste trabalho de promover o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do sisal, onde o objetivo é aproveitar 100% da fibra. Vale lembrar que a Secti investiu R$13,5 milhões em projetos de pesquisa encomendados a instituições de ensino que trabalham com pesquisa e desenvolvimento (P&D), como a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Unicamp e UNESP.
As pesquisas visam à elaboração de projetos que servirão de base para a construção da biofábrica de sisal, criação de viveiros de aclimatação das mudas, pesquisa sobre mucilagem da planta para ração animal e projeto de gestão da produção de mudas, que devem ser entregues aos produtores. Todos eles receberão treinamento e capacitação para lidar com as novas tecnologias aplicadas às variedades geneticamente melhoradas e livres de doenças.
Há ainda, conforme explica José Roberto Lima, assessor da Secti e gestor do projeto sisal, pesquisa sendo desenvolvida com o suco do sisal, resíduo que vai propiciar o desenvolvimento de produtos como bioinseticida, útil no combate a pragas em cítricos, no combate à Candidíase, fungo que ataca a mulher, produção de shampoo, anticancerígeno, anticicatrizante e desinfetante. Lima relata que um convênio firmado entre a Secti e o Senai/Cimatec garantirá a construção de uma máquina desfibrilizadora de sisal. A previsão é de que fique pronta nos próximos oito meses.
Para Misael Ferreira a região sisaleira está sendo duramente atingida pela seca prolongada. Buscar alternativas que possibilitem a melhoria de vida no campo promovendo ações que mudem o cenário atual é a forma de reanimar o produtor e resgatar os tempos áureos do sisal, planta símbolo de adaptação e resistência à seca.
Ascom Seagri – Jornalista: Valéria Esteves