A Esplanada dos Ministérios vai se transformar, a partir de amanhã, em um palco para católicos e evangélicos protestarem e pressionarem o Congresso a avançar com propostas polêmicas e que enfrentam resistência de ativistas de direitos humanos. Os religiosos vão defender restrições ao aborto previsto em lei e farão ataques contra a decisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que facilitou o casamento gay. Também deverão pregar por liberdade religiosa, questionar a criminalização da homofobia e aproveitar para contestar a indicação do advogado Luís Roberto Barroso para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Capitaneada por grupos católicos, a 6ª Marcha Nacional da Cidadania Pela Vida pretende reunir 30 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios na tarde desta terça, 04. Ocorrerá dois dias após a Parada Gay da cidade de São Paulo – marcada também por críticas ao pastor evangélico e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. A principal demanda dos religiosos é a aprovação do Estatuto do Nascituro, que garante direitos ao bebê em gestação – o que, na prática, pode vedar o aborto mesmo nos casos já previstos por lei.
A proposta deverá ser votada depois de amanhã pela Comissão de Finanças da Câmara. A marcha também deve ter faixas pedindo que o Senado rejeite a indicação de Barroso para ocupar o STF. Ele enfrenta resistência por ter defendido a equiparação das uniões homoafetivas às uniões heterossexuais e a pesquisa com células-tronco em julgamento no Supremo. O jurista será sabatinado depois de amanhã na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Os católicos também começaram uma mobilização na internet contra Barroso.
Evangélicos – Os protestos dos católicos devem ser reforçados depois de amanhã por outra manifestação em frente ao Congresso – desta vez, com maior participação de evangélicos. Segundo o pastor Silas Malafaia, o ato poderá reunir até 100 mil pessoas e vai criticar a decisão do CNJ que obriga os cartórios a celebrarem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. “Quem é o CNJ para dar uma canetada e liberar o casamento gay? É uma afronta”, afirma Malafaia. Outro tema é a liberdade religiosa e de expressão, espécie de desagravo ao próprio Malafaia e a Feliciano.
Fonte: Correio