A onda de manifestações que vem ocorrendo pelo Brasil, tem surgindo da mobilização nas redes sociais. Com a popularização da internet, o poder midiático começa a se reduzir consideravelmente, à medida que este meio de comunicação democrático, permite produzir e disseminar conteúdo, divulgar ideias, e assim aparece como o contra-ponto à grande mídia, o quarto poder na nossa jovem “democracia”.
Apesar de ter iniciado em São Paulo contra o aumento de 0,20 centavos na passagem do transporte coletivo, a mobilização se expandiu por outros cidades, com adesão exponencial ao movimento em todo país. Porém, é relevante destacar que a pauta dos protestos inclui outras demandas relevantes para a sociedade. O reajuste da tarifa é simbólico, é emblemático diante de tanta indignação. Investiu-se pesado na Copa do Mundo, com superfaturamento de obras, enquanto setores essenciais como saúde, educação e segurança (direitos constitucionais) não têm recebido atenção semelhante; o custo abusivo dos políticos brasileiros (o congresso mais caro do mundo), as manobras políticas, a PEC 37, a corrupção, a violência, a impunidade, os altos impostos, são motivos pra tanta revolta!
É inegável que estão extraindo proveito político do contexto (reacionários ou revolucionários?). Há um interesse político-midiático como pano de fundo nesse cenário. Mas, o movimento “Vem Pra Rua” (a maior arquibancada do Brasil) é apartidário, que luta por direitos civis,por melhor qualidade dos serviços públicos. Não é contra um partido, contra um governo, propriamente. Tem gente que não entende, ou finge não entender ( pela conveniência política): o movimento não é para tirar a presidente. Se assim fosse estariam pedindo impeachment. É relevante que o movimento cresça de forma uniforme, mantenha-se digno, justo, e não se desfoque o sentido para o ideológico-partidário.
A ação truculenta da polícia, a tropa de choque reprimindo manifestantes, são cenas réplicas de uma época em que o país estava sob comando dos militares. Instaura-se um clima de tensão evitável, pois a polícia é também oprimida pelo sistema, não tem remuneração digna, numa profissão de alto risco. Em tempos, a mídia tendenciosa, começa a mudar o discurso, quando jornalistas sentem na pele a repressão policial.
Algumas medidas começam a ser anunciadas, como reação às manifestações. Os governantes sabem da força da mobilização popular e os efeitos práticos desta pressão. Há pouco mais de um ano das eleições, certamente vão articular ações para atender nem que seja o minimo de reivindicações.
Momentos como este que estamos vendo, devem nos orgulhar muito mais do que a seleção brasileira. Neste sentido, é oportuno afirmar que ‘verás que um filho teu não foge à luta’, não é apenas um belo trecho do hino, evidencia que um gigante começa a despertar do berço esplêndido.
Teones Araújo