O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) quer que o governo do Estado interdite trechos de praias para o banho de mar como forma de evitar novos ataques de tubarão.
Depois da morte da turista paulista Bruna da Silva Gobbi, o promotor da Defesa da Cidadania da capital, Ricardo Coelho, encaminhou recomendação nesta terça-feira (23) ao Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) para indicar os trechos das praias e os períodos do ano de maior risco de ataque do animal para que o governo estadual proíba o banho de mar nestas áreas.
No caso de o governo não atender à recomendação, o MPPE vai recorrer à justiça. “Vamos judicializar, vamos entrar com uma ação civil pública e acredito que teremos facilidade para conseguir a interdição”, afirmou Coelho.
Ele destaca que, por meio de cinco decretos anteriores, o governo proibiu a prática do surfe e de esportes aquáticos nos 30 quilômetros de extensão litorânea que contam com a presença do tubarão. “O efeito foi imediato, desde então nenhum surfista sofreu ataque de tubarão”, observou.
Para o promotor, a interdição não precisa ser total e em toda esta extensão de 30 quilômetros – da praia do Carmo, em Olinda, à Praia do Paiva, no município metropolitano do Cabo de Santo Agostinho. “A interdição seria em locais e épocas de maior risco, o que seria definido pelo Cemit”, observou.
Se já houvesse a proibição, ele acredita que a vida de Bruna teria sido poupada. “Os bombeiros avisaram para sair da água, mas elas (Bruna e a prima) voltaram”, observou. “Com a interdição, eles teriam poder para impedir que alguém entrasse no mar”.
De acordo com o Cemit, as praias de Boa Viagem, no Recife, e de Piedade, no município vizinho de Jaboatão dos Guararapes, são os locais de maior incidência de ataques, que também costumar ocorrer com mais frequência no mês de junho.
Ataques
Bruna, de 18 anos, foi vítima de um ataque de tubarão por volta das 14h da segunda-feira (22), quando teve a perna esquerda dilacerada pela mordida do animal. Para o resgate, os bombeiros precisaram utilizar um equipamento conhecido como “sharkshield”, que emite ondas capazes de incomodar o tubarão, fazendo com que ele fuja.
Bruna, então, foi inicialmente levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para ser estabilizada e, depois, encaminhada para o Hospital da Restauração (HR), onde morreu.
Desde 1992, ocorreram 59 ataques de tubarão no litoral metropolitano de Recife – da praia do Carmo, em Olinda, à praia do Paiva, no município do Cabo de Santo Agostinho, numa extensão de 30 quilômetros. Deste total, 24 resultaram em morte. Bruna foi a primeira mulher a morrer e a segunda a sofrer ataque do animal no Estado, de acordo com o coronel Casanova. Ele informou que há 88 placas de advertência sobre a presença do animal nestes 30 quilômetros de praia.
Nas praias do Pina e de Boa Viagem, no Recife, há dez postos de guarda-vidas com vídeomonitoramento e radiocomunicação e jet ski em três pontos. Os guarda-vidas também possuem um aparelho que emite um campo eletromagnético que perturba o tubarão. “Todos correram risco”, afirmou o delegado ao elogiar a ação dos guarda-vidas: o que estava no jet ski e os dois que entraram na água para resgatar as moças.
As imagens do ataque de segunda-feira (22) foram registradas pelas câmeras de monitoramento do projeto Segurança na Orla, da Secretaria de Defesa Social (SDS). As informações são da Folhapress e do Estadão Conteúdo.
Com informações do Correio*