O fato da atividade pesqueira se realizar principalmente no mar é o argumento fundamental para que, na divisão sexual do trabalho, a tesoureira da Associação Regional de Pescadores e Marisqueiros de Itaparica (ARPMI), Luciana Santos de Jesus, 41 anos, disse ao vice-prefeito de Conceição do Coité, Alex Lopes, que cabe à mulher, a maioria das atividades em terra incluindo o trabalho doméstico.
Luciana, conhecida marisqueira da Ilha de Itaparica, integrou a comissão que recebeu o vice prefeito de Coité Alex Lopes, integrante da executiva estadual do PMDB, na visita que fez a Comunidade de Misericórdia, no último fim de semana. Durante a visita, o líder pemedebista ouviu dos pescadores, que a mariscagem, que em tempos passados era atividade tipicamente feminina, passou a ser ocupação também de homens devido ao caráter do manguezal enquanto território de livre acesso, alteração que torna-se bastante significativa e aponta para uma tendência a o monopólio masculino na captura de mariscos e o recolhimento das mulheres ao processo de beneficiamento.
Na relação entre comunidade pesqueira e os recursos naturais se cria um saber passado de geração em geração que permite aos habitantes da Ilha explorar esses recursos como forma de sobrevivência. Enquanto Alex observa a área de trabalho dos pescadores, visualizava a chegada de uma mãe, acompanhada de duas filhas, para a prática da arte de pesca desenvolvida pelas mulheres, a exemplo da captura do aratu, siri e guaiamum, coletada lambreta e do chumbinho, pesca de camarão com redinha e de peixes de linha e extração da ostra, do sururu e do caranguejo de andada.
O presidente da ARPM, Admilson Figueiredo da Hora, conhecido por “Bazar”, externou as dificuldades da categoria, citando o exemplo das marisqueiras não dispõem de estrutura de estocagem e transporte, reduzindo seu poder de barganha e obrigando a vender á intermediários a preços abaixo do mercado. “No verão, os produtos têm um valor mais elevado e o preço cai na baixa estação, valor este determina do pela figura do atravessador”, afirmou Bazar.
Enquanto Alex Lopes permanecia as margens de uma marina construída por um empresário, proprietário de uma das ilhas na região, moradores nativos aproximavam do político e contavam suas dificuldades, que variavam desde os atravessadores e falta de creches para as mulheres deixarem seus filhos quando forem trabalhar.
Sheila dos Santos Costa, casada com o pescador José Domingos Santos, mãe de duas meninas, 11 e 15 anos, contou ao CN que trabalhou como marisqueira desde e criança, inclusive quando estava grávida da segunda filha, ficou na atividade até se aproximar os nove meses de estação. “Todo dinheiro que mantém nossa casa, vem do mar”, falou Sheila.
Reunião – Na sede da ARPM, Alex Lopes participou e uma reunião com a diretoria da entidade e mais uma vez ouviu queixas da categoria. Luciana Santos voltou a falar e destacou a paciência do pemedebista em ouvir a categoria e demostrou revoltada com os políticos que passaram pela comunidade e nada fizeram pelos pescadores. “Estamos firmando uma aliança com muita confiança, pois ele chega a nossa comunidade atendendo o convite da entidade e sinaliza uma parceria para melhorar a qualidade de vida de todos nós”, falou a marisqueira.
A ARPM tem cinco escritórios espalhado pela Ilha Itaparica e o encontro aconteceu na casa alugada pela entidade na comunidade da Misericórdia, distante 02 km do mar. Bazar, liderança bastante conhecido dos pescadores, falou sobre os projetos que a entidade esta elaborando para aquisição de falta câmaras frigorificas barcos, pois atualmente eles alugam e compra de casas próximo do mar, pois os transportes dos produtos são feitos em carrinhos de mão.
Alex Lopes ouviu atentamente as reivindicações, conheceu todo mecanismo dos pescadores para adquirirem recursos para sobrevivência e de suas famílias e disse que, apesar de pouco tempo, está bem relacionado com os pescadores e garantiu contribuir para melhorar a vida das pessoas dentro de um novo que valoriza a categoria.
Ao lado do pastor Laercio Rodrigues dos Reis da Igreja Assembleia de Deus Missão, Alex Lopes falou aos pescadores que está viajando todo estado conhecendo este projeto, inclusive esteve na sexta-feira (23), em Feira de Santana, reunido com líderes dos bairros. “Para tudo é necessário ter um bom projeto”, afirmou Alex.
Ele explicou como elaborar projetos, pois tudo é via sistema e convocou os pescadores a lutar depois que eles forem enviados aos ministérios e no caso especifico de Itaparica, ao O Ministério da Pesca e da Aquicultura, órgão da administração federal direta e, entre as várias competências é responsável pela implantação de uma política nacional pesqueira e aquícola, transformando esta atividade econômica em uma fonte sustentável de trabalho, renda e riqueza.
Alex contou que é natural do município de Conceição do Coité e a pratica com os atravessadores atua no ramo do sisal, importante fonte de renda da sua região assemelha as dificuldades que os pescadores vêm enfrentando e uma das suas lutas é a criação de uma “espécie se de seguro desemprego”, que atende aos pescadores, ou seja, uma assistência financeira temporária concedida ao profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de parceiros, que teve suas atividades paralisadas no período de defeso, no caso dos pescadores e no período de entre safra para o sisal. O seguro defeso dos pescadores corresponde 04 salários em dois períodos, 01 de abril a 15 de maio e 15 de setembro a 31 de outubro e nestes períodos são guardada as redes na sede da associação.
O vice-prefeito de Conceição do Coité, Alex Lopes justificou a ausência da professora Marlylda Barbuda dos Santos, que disputou a eleição para prefeita em 2012, ficando na segunda posição, obtendo 5.000 votos, ou seja, 40, 48% dos votos válidos. Amiga do politico coiteense, Marlyda falou por telefone com Alex e confirmou seu apoio a luta dos pescadores por entender que se trata de uma importante parcela da economia da ilha.
Da redação