Se todo cidadão brasileiro compreendesse a importância de projetos sociais, tipificados como voluntariado ou baseados no apoio institucional público ou privado, a realidade seria outra. Crianças e adolescentes necessitam complementar o período de ensino com alguma atividade cultural, amadurecendo assim seu senso crítico em relação ao mundo onde está inserida e ampliando horizontes que talvez apenas as artes (música, literatura, pintura) são capazes de revelar. É neste sentido que os prefeitos do Brasil devem incitar a criação de projetos sociais voltados para o ensino e aprimoramento de atividades artísticas.
Realidades cada vez mais difíceis fazem com que cidadãos de grande responsabilidade abdiquem de suas tarefas pessoais e até profissionais para exercer um magistério primoroso de incentivo à cultura. É o caso de Ramon Silva, coiteense, brilhante percussionista, aclamado por seu trabalho e humildade fora do comum. Criador do Batuque Social, projeto que visa disseminar a música percussiva nas comunidades e bairros periféricos da cidade de Conceição do Coité, Ramon abre espaço para uma atividade que certamente orgulha a todos os seus próximos, não apenas pelo detalhe do auxílio aos mais necessitados, mas por sua intercessão visionária do potencial artístico dos jovens envolvidos.
O conceito intercessão visionária parece ser um termo teológico e até mesmo religioso. Tem tudo haver com o sujeito a quem o texto reporta. É natural pensar que vindo duma família humilde e tendo alcançado relevante posição no cenário musical da Bahia e do Brasil, Ramon Silva voltou seu olhar às origens, onde tudo começou, para refazer o caminho de jovens coiteenses. É uma atitude louvável para começo de conversa. E deve ser apoiada sem restrições pelas autoridades constituídas.
O prefeito Assis, principal nome do executivo na cidade, deve assegurar que o trabalho de Ramon e tantas outras pessoas continue rendendo frutos. Numa sociedade em que as drogas têm ditado o futuro dos jovens, de maneira sempre trágica, uma iniciativa como esta representa muito mais que um simples serviço: é orgulho. Que o prefeito e as autoridades percebam a importância do Batuque Social, assim como Ramon Silva tem percebido os anseios dos jovens coiteenses por cultura através da percussão.
Mailson Ramos é bacharelando do curso de Comunicação Social | Relações Públicas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). É colunista do Observatório da Imprensa e do portal Calila Noticias. Criou e administra o blog Opinião & ComTexto. É autor do livro Anjo Devasso e Outros Contos, publicado pela Livraria Saraiva.