O site Calila Noticias fecha uma série de três reportagens especiais sobre a importante rodovia BR 116 que corta praticamente todo estado da Bahia, a principal rodovia brasileira, sendo também a maior rodovia totalmente pavimentada do país com aproximadamente 4.385 quilômetros, desses, aproximadamente um mil é na Bahia, a mídia utiliza bastante para informação BR 116/Sul que corresponde o trecho Feira de Santana sentido Divisa Alegre/MG e BR 116 Norte Feira de Santana/Ibó, Município de Abaré, na Ponte do Rio São Francisco divisa Bahia/Pernambuco.
A iniciativa de realizar a série de reportagens partiu em razão da divulgação da duplicação do trecho Feira de Santana/Serrinha, um dos mais movimentados da Bahia, cuja obra é de responsabilidade do Governo Federal através do Departamento Nacional de Infraestrutura – DENIT, que já vem duplicando o trecho da BR 116 Norte, Santo Estevão / Feira de Santana. O Calila resolveu então mostrar o porque desse grande movimento principalmente de veículos de carga e mostrou na segunda reportagem o trecho Euclides da Cunha / Serrinha 130 km de extensão. A seguir vamos conhecer os 216 km de Euclides da Cunha a Ibó, considerado longo e carente de segurança e estrutura para atender a quem nela trafega.
O CN percorreu o trecho Euclides da Cunha/Ibó, denominado Rodovia Santos Dumont, em homenagem ao mineiro Alberto Santos Dumont, considerado o ‘pai da aviação’, por isso muitos motoristas precisam “andar voando” diante do grande índice de assaltos.
Saindo de Euclides da Cunha, a nossa equipe constatou que a gasolina tem um custo médio de R$ 3,04 o litro, considerado muito elevado, tomando como base aos preços praticados na mesma BR na região de Feira de Santana, quando o valor chega a ser inferior a R$ 2,50, mas e recomendável abastecer em qualquer posto, pois não existe mais barato e a depender da reserva do carro ele pode deixar o condutor em “maus lencóis”, saber que é muito arriscado por conta dos assaltos.
Apesar de movimentada não possui a mesma largura no acostamento como os outros trechos portanto é importante que cada um fique atento que um caminhão quebrado parte dele está na pista de rolamento. A maior parte do trecho é reto, permitindo que os veículos desenvolvam grandes velocidades. Apesar da distância entre Euclides da Cunha e Ibó, existem poucos quebra-molas, diferentemente do trecho de 70 km entre Serrinha/Feira de Santana, onde existem aproximadamente 50.
Região pouca habitada e muito seca – Começando pelo Povoado de Santo Antonio, município de Euclides da Cunha, seguido pela comunidade de São Bento, Canudos, os moradores têm na rodovia seu “jeito” de sobreviver, ou seja, por não ter municípios as margens da rodovia, de forma caseira, sem muito conforto, sem a presença das grandes redes de postos, muitas residências foram transformadas em restaurantes, oficinas e borracharia.
Uma das áreas do trecho que caracteriza a modernidade da rodovia é o contorno no Povoado de Bendegó, sentido Ibó, a direita segue para Canudos e a esquerda, Uauá. Bendegó é a maior comunidade localizada as margens da estrada e onde estão localizados os melhores restaurantes, lanchonetes e as únicas pousadas do trecho. Em Bendegó há um trecho de aproximadamente 01 km, duplicado.
Existe uma empresa trabalhando na manutenção da malha rodoviária, desde a divisa de Pernambuco com a Bahia e Bahia com Minas Gerais, cujas obras tiveram inicio em julho do ano passado, onde estão sendo investidos R$ 4.612.816,63.
Quarto rios cortam a BR 116 neste trecho, dentre eles, o rio Vaza-Barris, que banha os estados da Bahia e Sergipe, que nasce no pé da Serra dos Macacos, sertão da Bahia, próximo ao município de Uauá. Todos eles, inclusive o Vaza-Barris, se encontram totalmente secos e pela vegetação no seu leito, faz alguns anos que não corre água.
Outro fato verificado por quem trafega pelo trecho, são as áreas de desertificação, ou seja, um fenômeno em que o solo é transformado em deserto. No processo de desertificação a vegetação se reduz ou acaba totalmente, através do desmatamento Neste processo, o solo perde suas propriedades, tornando-se infértil e sem capacidade produtiva. Uma de área de desertificação, próxima ao Povoado de Formosa, onde costuma os caminhoneiros utilizar como ponto de parada e torno das comunidades foram construídos restaurantes e posto de gasolina, sem que se perca a característica de comunidade sertaneja.
Não existe nenhuma sede de município as margens da estrada, tomando como base quem segue Euclides da Cunha/Ibó, a exemplo de Abaré (24 km), Chorrochó (10 Km), Macururé (10 km) e Canudos (17 km). Os motoristas se queixam da falta de policiamento ostensivo permanente, já que são muitos e constantes os assaltos praticados entre os povoados de Formosa e o Ibó, prosseguindo até Salgueiro, em Pernambuco. Adriano Gomes Santos, morador de Brejo Santo, motorista de transporte alternativo, faz “linha” de sua cidade a São Paulo, confirmou ao CN a informação repassada pelos motoristas. “Este trecho de Ibó é tão perigoso, e não tem negócio de ser de dia ou de noite, muitos amigos meus já foram assaltados, eu arrisco, mas sei do perigo”,contou.
Animais soltos na pista – É muito grande a quantidade de animais que se alimentam as margens da rodovia, de modo especial cabra e bode, o que parece é que ninguém dar jeito, pois informações passadas davam conta que somente em Uauá a população caprina é de cerca de meio milhão de cabeças, o que torna a situação incontrolável, sorte que é uma raça que tem muita agilidade e não é atropelada facilmente, nos 432 km (ida e volta) nossa equipe não registrou nenhum animal morto.
Antonio Lomanto Batista, motorista de uma empresa que faz o transporte de passageiros interestadual, disse ao que mesmo em se tratando de um trecho de rodovia federal, a presença de patrulhas da Polícia Rodoviária Federal é esporádica e o posto policial mais próximo fica há 100 km de Euclides da Cunha e há 300 km até o Ibó, localizado na BR 110, em Ribeira do Pombal. A outra opção é um posto da PRF, a 92 km adentrando o estado de Pernambuco, na localidade conhecida por Xará. Por questão organizacional, a PRF da Bahia repassou o trecho para Pernambuco patrulhar. “Esse local é longe do posto da PRF na Bahia. De fato, lá é uma área erma, mas enquanto estava conosco, esses tipos de registros de ocorrência não estavam chegando ao nosso conhecimento”, falou a inspetora Mércia Oliveira, chefe do núcleo de comunicação social da PRF/BA.
O trecho onde ocorrem os assaltos com mais frequência na na BR-116 é do km zero (a partir de Ibó) até o km 46, apelidado de ‘Faixa de Gaza’, num referência ao território localizado no Sudeste do Mediterrâneo cercado por Israel e Egito. “Como este trecho é distante das delegacias, que ficam nas sedes municipais e muitas das vezes, a noite não fica ninguém, os motoristas roubados decidem prosseguir viagem e voltar para casa sem registrar às queixas, dificultando saber o número de assaltos”, concluiu.
A última comunidade situada na Bahia é Ibó, que nasceu em território baiano, mas, com o tempo, transpôs o rio São Francisco, que divide o povoado. Os mais de mil veículos que passam todos os dias pela BR-116 entre o distrito de Ibó e Belém do São Francisco, em Pernambuco, economizam pelo menos 200 km de percurso feito em estrada de terra depois da construção da Ponte do Ibó, na divisa entre Pernambuco e Bahia, que reduziu a distância entre o sul do Ceará e o norte da Bahia.
A demanda era antiga e levou cinco anos para ficar pronta, até ser inaugurada em 2008, ao custo de R$ 21 milhões. Desde então, a nova estrutura vem significando economia. “Depois da liberação do acesso pela ponte, à vida da gente mudou 100% para melhor”, relata o motorista de caminhão Edvaldo Bispo da Rocha. Segundo ele, até então era preciso desembolsar até R$ 20 caso o condutor quisesse atravessar o rio com o caminhão sobre uma balsa ou fazia o trecho pela cidade de Petrolina.
O empresário Márcio Oliveira, proprietário da empresa CLN que atua na área de transporte escolar e saúde em municípios localizados na região do sertão da Bahia, cujo principal acesso é a BR 116/Norte, conversou demoradamente com o deputado estadual Mário Júnior (PP), sobre os problemas desta rodovia.Marcinho, como é conhecido, chamou atenção para dois problemas que, segundo ele, é relevante, no trecho entre Euclides da Cunha, que devido à seca que atinge a região, é comum os animais serem criados soltos, na busca de pasto e água para sobrevivência e a falta de segurança, criando pânico entre os motoristas, pois, praticamente todos os dias, acontecem assaltos.
“É necessário mais atenção deputado para região e solução para os problemas que relatei, pois é uma região esquecida, como pode ficar um trecho nessa importância sem segurança, talvez seja por isso que as grandes redes de postos nunca investiram nessa região que vai permanecer carente se não for olhada com mais atenção ”, desabafou Márcio Oliveira.
Mário Júnior, que está no cumprimento do primeiro mandato de deputado estadual e vem sendo cogitado para disputar uma vaga para o Congresso Nacional na eleição do próximo ano, disse que conhece o problema e juntamente com seu pai, o deputado federal Mário Negromonte (PP), já conversou com o Ministério do Transporte e com o DENIT. “Diante do problema externado por Marcinho, do conhecimento que tenho da região, já que tenho como base eleitoral, vamos mais uma vez fazer o problema chegar às autoridades competentes e discutir as soluções em caráter emergencial, pois não é possível que as pessoas, em especial os motoristas, continuem sofrendo e correndo risco de vida”, garantiu o parlamentar.
Da redação CN * fotos: Raimundo Mascarenhas