Antonio Mário Lima Silva (PSD), 51 anos, prefeito de Lajedinho pela quinta vez, das quais eleito por três vezes como candidato único e na eleição de 2012 foi reeleito com 1.833, ou seja, 76,06% dos votos válidos, desabafou, disse ao CN que este mandato e as dificuldades que vem enfrentando são piores de todas, inclusive estava pensando em renunciar e passar o comando do município para o vice-prefeito Guilherme Almeida Silva (PSB), mas mudou de ideia e não irá abandonar seus munícipes em um momento de tamanha dificuldade, ou seja, a maior tragédia desde que foi emancipado em 1962. “Não sair um só dia da cidade desde daquela noite onde Lajedinho foi devastada por uma enxurrada”, lembrou Antonio Mário, que mora há trinta anos na Rua Júlio Cavalcante Silva, teve sua casa destruída e sobreviver à fúria das águas, foi obrigado a subir na laje juntamente com a primeira dama Célia Silva Moura e Silva e o sobrinho Ivan Silva.
Antonio Mário conversava com o CN e não escondia sua preocupação com a possibilidade de mais chuvas nos próximos dias. “Aqui todos são pobres, sobrevivemos da pecuária, porém o rebanho foi dizimado pela seca e da agricultura, também afetada pela seca e nós não temos água para irrigação”, lamentou.
O prejuízo ultrapassa R$ 30 milhões.
Segundo o prefeito, sua história é igual de todos os moradores, pois a água invadiu sua casa, subiu até o teto, sofreu o desespero e a dificuldade atravessar a sala, até chegar ao local onde teve acesso a laje e permaneceu por mais de 03 horas, até que baixasse a correnteza e saísse para socorrer as outras pessoas.
Antonio Mário enumerou as ruas cujas casas foram destruídas, ou seja, Avenida Medeiros Neto, Praças Higinio Oliveira Plínio e de Eventos, Ruas Ciro Pinheiro de Morais, Júlio Cavalcante, Pega, das Flores, 07 de Setembro e Areia. Ele também causou danos aos veículos, duas ambulâncias, três Fiat Uno, um Fiat Strada, uma Kombi e um Ducato, pertencentes à Prefeitura.
Abalado, Antônio Mário Lima Silva (PSD), disse que o cenário é devastador, com a perda de pessoas e a destruição de casas, escolas, além de estabelecimentos públicos e comerciais. Ele lembrou que contou com o apoio dos agentes do estado um dia após o aguaceiro para limpar a cidade que estava completamente obstruída por lixo, entulhos e lama, além do esforço para encontrar locais para abrigar as pessoas que perderam suas casas e começar o cadastrando das famílias para que fossem remanejadas, temporariamente, para outros locais como fazendas, escolas e até para outros municípios.
A cidade recebeu a visita do vice-governador Otto Alencar (PSD), que tem propriedade no município, do governador Jaques Wagner (PT), acompanhado do ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, e dos secretários estaduais Cícero Monteiro (Desenvolvimento Urbano), Moema Gramacho (Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza) e Rui Costa (Casa Civil), dois dias depois da tragédia e de concreto até o momento, só ação o governo da Bahia que está fazendo aterros para reestabelecer o trânsito e do fazendeiro Paulo Brandão, proprietário das Fazendas Reunidas Boa Nova, que doou 25 hectares de terra, ou seja, 60 tarefas de terra, equivalente a cerca de 25 campos de futebol, na parte alta da cidade para a construção de 200 casas, comércios e prédios públicos, enfim, construir um novo centro com 274 mil metros quadrados, na entrada da cidade, pois a garantia das autoridades é que não haverá mais construções na parte baixa da cidade. “Diante da tragédia, acordamos com essa boa notícia”, comemorou o gestor.
“A área cedida é segura, no alto, já pavimentada e com iluminação pública. Apropriada para essa fase da construção”, acrescentou o gestor. Os imóveis serão construídos por meio de créditos da Caixa Econômica Federal (CEF) e pelo Programa Minha Casa Minha Vida. “Serão doadas. O restante vai depender de um levantamento que está sendo feito”, acrescentou Antonio Mário.
Em entrevista, o governador Jaques Wagner (PT), classificou a tragédia de “catastrófica” porque o número de mortos em relação à quantidade de moradores faz com que, proporcionalmente, a tragédia seja a mais séria em seus sete anos de governo e comparou com Salvador, que tem três milhões de habitantes, é como se tivessem morrido 30 mil pessoas.
O compromisso do governo é com alargamento do canal e as habitações destruídas ou parcialmente atingidas deverão ser demolidas e reconstruídas em ouro local da cidade, em topografia mais alta.
O vice-governador do estado, Otto Alencar, conhece bem a região, afirmou ao CN que o cenário é de muita destruição. “Houve uma tromba d’água, choveu 120 mm e o solo estava completamente descoberto por causa da seca e isto também contribuiu”, afirmou.
De acordo com dados do IBGE, Lajedinho possui cerca de 4.079 habitantes, está localizado em um vale, sofria com a pior seca de sua história e de repente recebeu 120 mm de chuva, levando medo e caos aos habitantes que presenciaram o pacato município ser palco de uma das piores tragédias da região nos últimos anos.
Os moradores da cidade segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) terão seus benefícios antecipados a partir desta segunda-feira dia 23, e vale para todos os segurados que recebem benefícios previdenciários, como aposentadoria, e assistenciais e esta medida anunciada pelo INSS valerá até quando perdurar a situação de calamidade pública. Os segurados poderão solicitar o adiantamento do valor do benefício equivalente há um mês e neste caso, basta se dirigir ao banco em que recebe o pagamento e formalizar o pedido. A medida não vale para quem recebe benefícios temporários, como o auxílio-doença, salário-maternidade e auxílio-reclusão. ( VEJA OUTRAS FOTOS)
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas