A Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) anunciou na última segunda-feira (20), em reunião denominada de “participativa”, no Hotel Golden Tulip, em Salvador, a desativação de 1760 km de trechos ferroviários concedido à Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) na Bahia. De acordo com o órgão, 460 quilômetros da ferrovia entre Alagoinhas e Juazeiro serão desativados até o mês de junho. A medida é consequência da Resolução N° 4.131 da ANTT, publicada ano passado no Diário Oficial da União, autorizando a FCA a devolução de ferrovia concedida à empresa em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. A notícia foi confirmada apesar da garantia do ministro dos Transportes, César Borges, de que não haveria a desativação de trechos ferroviários na Bahia sem que a nova ferrovia programada para o estado estivesse em execução.
O deputado Joseildo Ramos (PT), que vem capitaneando a luta contra a desativação desde o ano passado, participou da reunião e voltou a condenar a medida. “Na Bahia, 1760 km estão sendo desativados. De indenização, que vai dar algo em torno de R$ 900 milhões, nenhum centavo será investido no estado. Estou desconfiado que os interesses maiores que estão patrocinando essa atitude da ANTT não são os interesses da sociedade brasileira e da sociedade baiana”, protestou. Joseildo anunciou que vai se reunir com o secretário estadual da Casa Civil, Rui Costa, para discutir o assunto.
Segundo o governo federal, a devolução dos trechos precisava ser feita para que o projeto da nova ferrovia, previsto no Programa de Investimento em Logística (PIL), pudesse ser executado. A FCA é responsável por 1.200 postos de trabalho, entre empregos diretos e indiretos e pelo transporte de cargas de empresas como a Ferbasa, BR Distribuidora, Magnesita e a BSC. Com a desativação do trecho e sem qualquer processo de transição, as cargas passam a ser transportadas pelas rodovias baianas.
Transporte de Passageiros
A reunião convocada pela ANTT também discutiu o aproveitamento da malha devolvida. Joseildo lamentou a ausência da discussão do transporte de passageiros nas decisões do Ministério. “Nós estamos contrariando o que existe no mundo. Nessa história de privilegiar as cargas, apenas e tão somente as cargas, nós estamos afastando o traçado dos centros urbanos. Isso é um erro crasso”, alertou. O parlamentar cobrou ainda uma posição firme no sentido de garantir Alagoinhas no traçado da nova ferrovia. “Isso não é uma luta à toa. O governo do estado, certamente, não vai abrir mão de ter um transporte ferroviário, inclusive, para viabilizar o transporte de massa em Salvador, unindo Alagoinhas a Salvador, Feira de Santana a Salvador. Já se disse muitas vezes, Alagoinhas não está fora do traçado. Procure trecho da resolução que ele nega. O povo de Alagoinhas, da região e povo da Bahia, com certeza, não ficará calado”, concluiu.
Fonte Assessoria Parlamentar/ fotos: Rogério Rocha e Raimundo Mascarenhas