Imagine o que é um rapaz com sonho de jogar pelo seu time de coração. Imagine mais ainda a mãe deste rapaz ir em sua companhia na tentativa de ser recebidos pela equipe técnica do clube – duas vezes campeão brasileiro e recém-saído de uma crise de identidade, moralidade e civilidade – de tantas glórias e os dois serem recebidos de forma animalesca por um treinador da Divisão de Base.
Foi o que aconteceu na terça-feira passada (14/01) no Fazendão. Algo até impensável na era dos Guimarães ou mesmo no adversário rubro-negro nos tempos do Carneiro (que era tido e havido como uma pessoa grosseira). O treinador da Divisão de Base do Bahia conseguiu chegar ao ápice da grosseria, falta de educação, preparo psicológico e de relacionamento.
Quem conhece o presidente Fernando Schmidt sabe ser ele uma pessoa cortês, que dificilmente eleva a voz. Os funcionários do Esporte Clube Bahia me disseram que ele trata muito bem a todos. O problema está em outra área pelo jeito. Mas, o que aconteceu? Vou contar a história absurda e chocante de forma linear.
Terça passada e uma senhora chega com seu filho para ver se ele poderia treinar com jogadores do Bahia, algo que tinha sido aventado informalmente. Para seu azar, estava ocorrendo uma sessão de “peneira” na Divisão de Base. Ela foi recebido pelo técnico dos garotos a coice, e, como se diz na Bahia, com “dixote”. Quando apresentou o rapaz ouviu impropérios de todas as ordem. De Graça. Injustificado. Sem motivação. Foram feitas gozações, ouviu grito sem o menor sentido, de forma aleatório. Uma completa humilhação.
O treinador que se recusou covardemente a dizer o seu nome para a senhora – ela o identifica como um coroa de certa altura, tirado a malhadão e vestindo a indefectível “farda” de técnico – não conformado com o aviltamento que a fazia sofrer perante um monte de garotos que estavam para fazer a “peneira”, começou a fazer piadinhas para que os meninos se divertissem com a situação daquela, naquele instante, infeliz senhora e seu filho um sonhador torcedor do Bahia que pretende fazer carreira profissional no clube. Ela me conta tudo num triste desabafo. O filho sequer reagiu, pasmo com o péssimo nível de educação e profissional do “técnico”.
Ela me perguntou o que fazer e eu disse que entre com um processo de danos e assédio moral contra o Bahia, caso o clube não se justifique e ofereça uma punição para o treinador. Fico a imaginar a preocupação que um pai tem de ter, sabendo a partir de agora, como são tratadas as pessoas por este malfadado téncico, que embora seja de um escalão inferior, é responsável pelo contato diário com crianças e adolescentes de todas as idades.
Se ele agiu assim com uma senhora, mãe de família, consciente e preparada – pois não se trata de uma pessoa apagada, néscia – pare para pensar o que este técnico não deve fazer com os garotos que procuram o Esporte Clube Bahia para dar vazão aos sonho de ser jogador de futebol. E, todos sabemos, criança não conta o que sofre de aressão, humilhação ou buylling com medo do adulto.
Acho que é o caso do presidente Schimidt procurar levantar a situação, pois quem está sendo desmoralizado é o nosso clube, por um profissional inepto. Acho que cabe ao Ministério Público procurar averiguar se não existe assédio moral com os garotos que passam pelo clube (sabemos de terríveis histórias relativa a Divisão de Base do clube de tempos passados e não queremos a volta do que já foi defenestrado).
Vamos continuar acompanhando o caso. Não é para jogar a porcaria embaixo do tapete. E então Dr. Schimidt? E então treinador? A senhora e o filho aguardam. Estou curioso e atento. Trata-se de uma agressão à dignidade. (Publicado originalmente na Tribuna da Bahia)